É verdade que o ensino está diferente. É verdade que tudo ou quase tudo mudou. Mas a maior verdade é que tudo o que mudou foi para pior.
Lembro-me de ser estudante e apesar das queixas normais, até gostava de o ser.
Lembro-me que se não estudasse, não transitava de ano.
Lembro-me que se não tivesse aproveitamento ou um comportamento inadequado, a minha mãe responsabilizava-me e o sistema de ensino respondia com níveis negativos ou processos disciplinares.
Lembro-me sobretudo, ... que havia muito respeito por todos os trabalhadores de uma escola, fossem professores, auxiliares, ou administrativos.
Agora é assim:
Ponto de vista dos pais (salvo raras excepções!!!)- Estão todos contentes com as aulas de substituição (que na prática não servem para nada, pois é frete para alunos e para professores), porque assim os filhos já não vão por maus caminhos;
- Ficam todos vaidosos quando os filhos transitam de ano (com este sistema praticamente todos transitam,mesmo sem saberem nada,com comportamentos incorrectos e conselhos disciplinares, concomitantemente com 6 ou 7 níveis inferiores a três, pois não se deve dizer negativas que pode ferir suscetividades; tudo isto, porque o sistema permite), tudo ajuda nas estatísticas e na imagem do nosso país no estrangeiro;
- Enchem-se de razão quando um filho tem uma repreensão ou processo disciplinar, chamam a atenção dos professores, mesmo em frente dos filhos (para que eles possam aprender a lição).
Ponto de vista dos alunos
- Má disposição, porque nunca têm um tempo livre;
- Revoltados;
- Mal educados;
- Prisioneiros da escola;
- Um saber cheio de ignorância;
- Convictos de que não precisão esforçar-se para atingirem as competências mínimas;
- Ausência de tempo de convívio com colegas e professores;
- Má formação da pessoa no geral;
- Uso regular do telemóvel nas aulas até dá gozo,pois trata-se do jogo do gato e rato e assim podem trocar centenas de mensagens gratuitas com os colegas das outras salas/escolas, ou até trocarem impressões sobre os testes.
Ponto de vista dos professores (que miséria!)
- São ofendidos pelos alunos e ninguém liga;
- Não podem fazer participações disciplinares,porque os alunos é que são os coitadinhos;
- São obrigados a permanecer numa sala a entreter meninos (como no infantário), em substituição dos colegas que faltam;
- Não podem faltar, por motivos válidos, que são censurados;
- Têm que ser professores,psicólogos,amigos,conselheiros, e pais dos seus alunos,tendo que gerir todos os confrontos de grupo que possam existir e no final são acusados por diversas entidades que são os responsáveis por tudo de mal que acontece aos meninos;
- Cada vez mais um professor dedica mais tempo às inúteis burocracias do sistema de ensino perdendo-se tempo precioso que seria necessário para o ensino propriamente dito.
Ponto de vista dos auxiliares da acção educativa
- São também maltratados pelos alunos e mais uma vez,ninguém liga;
- Não são respeitados pelos alunos;
- Se tomarem medidas disciplinares , por certo não dará em nada;
- São recursos humanos importantíssimos na educação dos alunos fora das aulas, mas ninguém repara!
Afinal, há solução para tantos problemas???
Talvez sim ou talvez não?
Respostas a tantas questões colocadas atrás são só três:
- Voltarmos ao sistema de educação utilizado há uns bons anitos;
- Criar um novo modelo que assente na responsabilização dos alunos pelo estudo;
- Recorrer ao sistema ainda mais antigo, da reguada e bufetada às vezes é o que dá vontade ( mas não se pode porque levamos nós com processo), para controlar tamanha falta de respeito pelo espaço que os alunos frequentam.
Da forma que está actualmente o sistema, estamos a compactuar com esta linha de actuação e a formar/educar/deseducar os cidadãos de nos vão conduzir no futuro!
Verdadinha
6 comentários:
como sou do contra, não me revejo nessa posição generalizada do coitadinho do prof.
Não são os alunos quem tem que levar com a bomba ... E se queres a minha opinião, os maiores culpados são realmente os professores. Em seguida os atrasados mentais que votam ou não votam mas colaboram com este sistema medíocre.
bj T.
Também não concordo com tudo o que se diz neste post. Existe actualmente um enorme círculo vicioso na educação: o ministério põe a canga nos professores; estes não batem o pé, não se recusam a levarem certas práticas para a frente, adaptam-se e andam para a frente sem bater o pé, sem dizerem NÃO!; entretanto acusam os pais de deixarem os filhos todo o dia nas escolas, o que é verdade mas nem sempre pelos motivos que se julga. Também os pais estão a ser alvo de desregulamentos nos seus trabalhos e, cada vez com menos dinheiro, não têm outra alternativa senão aproveitar o que ainda lhes resta da escola pública; também eles deviam gritar BASTA nos seus empregos e fazer cumprir os horários de trabalho; professores e pais deviam aliar-se nesta luta de classes onde imperam as leis do capital contra os direitos de trabalho outrora alcançados. O que menos interessa é uns acusarem os outros -- essa é a jogada dos políticos! O que mais importa agora é a união!
Um abraço
A vossa análise tem toda a lógica.
Só com a união e delineação de estratégias podemos alterar o estado das coisas.
O problema é que os professores conformam-se sempre com tudo o que é imposto e ainda por cima somos desunidos, na classe e a classe com os pais.
Pais professores e alunos deviam todos bater o pé.
Mas como fazer concretizar isto?
Talvez ouvindo e vendo STOMP ou então, deixando-se de merdas e ser o que nunca se foi i.e. conjunto de pessoas corajosas e com valores.
Os pais andam a dormir e a sonhar ou ter pesadelos com a coisa idealizada das férias no Algarve, Mira ou o Totta. Pensam nas contas dos vários carros, nos sinais de conforto tipo roupas e atitudes e pouco mais. às 19h é ve-los de chinelo. Uns, bebem uns copos ao fim-de-semana, outros, aproveitam para se ver. humanamente a coisa desceu ao pior nível.
Digam-me porque é que 10 milhões de pessoas aceitam ser governados por uns broncos eleitos por meros milhares? Porque é que anda tudo a anti depressivos e a adiar a morte, tentando minimizar os efeitos da frustração?
Bolas ... ouve-se cada desabafo ... no meio desta merda toda acabo por ser uma felizarda (se fosse burra, sentir-me-ia "bafejada pela sorte"). Puta que pariu esta gente.
Acho que nunca disse tanta asneira junta em "público" e se querem saber, pouco me importa. Os meus alunos não lêem isto e qualquer associação ao meu nome verdadeiro é irreal e fruto de grande imaginação.
Verdadinha, querida amiga, nada disto tem a ver contigo. Apenas permitiste um desabafo meu.
Beijinho da tua amiga
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