«Que Deus me perdoe esta crónica que sai, por força do calendário, neste dia de Todos-os-Santos. Os santos que aqui evoco felizmente estão todos vivos e de boa saúde. São muitos e não são mártires. Por isso, destaco alguns da multidão.
O primeiro deles é, desde logo, a padroeira da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues. Acredita piamente que o seu novo Estatuto do Aluno, que acaba com a reprovação por faltas, vai alindar definitivamente a aziaga posição de Portugal nos indicadores educativos da União.
No Sotavento algarvio, a santa da mãe de um aluno do 8.º ano, não conseguindo levantá-lo da cama, telefonou à directora de turma para que fosse a casa acordar o menino que faltava às aulas. A mãe estava a trabalhar. Tinha mais que fazer. A professora, que não deve ser santa, não foi. O menino não teve de acordar estremunhado. Não soube o que perdia do bulício da escola.
As escolas Básicas já eram uma animação permanente em barafunda e indisciplina. E não se pense que dinamizadas apenas por santos meninos do rendimento social de inserção. Outros, de famílias de rendimento social de ostentação, também ajudavam. Agora vão subir ainda mais de nível. Daqui a um ou dois anos o Ministério da Educação vai poder ostentar que, em Portugal, estão todos os alunos nas salas de aulas. E até se divertem mais, passando beatificamente sem a maçada de estudar.» (
20071101
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