Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas
Imagem do Kaos
Não sou jornalista, nem jurista, nem bruxo. Vivo de algumas intuições e de, como Goethe dizia, muitas afinidades e... repulsas electivas.
Maria de Lurdes Rodrigues é uma repulsa electiva minha: nasce na epiderme, passa pelo intelecto, e finda na sensibilidade, a tal inteligência emocional, de que tanto se fala, e eu gosto de praticar.
Quando, aqui, no dia 1 de Abril, arrisquei uma biografia fictícia desse... ser vivo, ainda desconhecia que, 2 dias depois a Revista "Sábado" iria debruçar-se sobre o mesmo tema. Alertado por um texto da Moriae, acabei hoje por comprar a publicação. Infelizmente, aquilo que para mim era um exercício de estilo, na forma do humor negro, que consta, pratico bem, aproximava-se dramaticamente da realidade: vinha ali o mundo freirático, punitivo, do colégio interno, da estrutura militar, aplicada a uma idiossincrasia feminina, no caso vertente, Lurdes Rodrigues, enquanto jovem.
Reza a revista que era pecado grande "roubar uma cenoura descascada da sopa para o dia seguinte", deus, e Valter Lemos me perdoem (repararam como escrevi deus com minúsculas e Valter Lemos com maísculas?..., para que se saiba quem manda, e como...), vou já para a chalaça: li o artigo por alto, e fiquei a saber que havia colegas da Lulu que roubavam a cenoura durante a noite; não sei se ela roubou alguma, mas gostaria de vê-la a roubar, esconder-se na camarata, e entregar-se ao vício que mata, como vem em todos os manuais do séc. XIX, através da Tísica e do enfraquecimento geral do organismo. Lurdes Rodrigues, adolescente, num tempo em que ainda não havia telemóveis, roubava cenouras descascadas, esfregava-as com as duas mãos, até atingirem a temperatura ambiente -- foi assim que os hominídeos descobriram o Fogo -- e depois enfiava-a..., enfim, não posso garantir, não vi, mas há gravações de época, 78 rotações, em que ela é ouvida a gemer, "ai, António... isso... gostas de estar aqui com a tua Lu, gostas?... A tua Lu é toda tua..."
Eu sei que este texto devia ter bolinha vermelha em cima, mas estou sem toner, de maneira que ponham vocês a bolinha, enquanto eu ponho a legenda: o Tó, pelo qual a Lurdes gemia, era o ídolo da época, António Calvário, "The Voice", e mal imaginava ela, adolescente e inculta, do Colégio Santa Clara, onde as freiras faziam retiros de voltas ao claustro, em bicicicletas sem selim, em uivos na forma de Canto Gregoriano, mal imaginava ela, inculta e de sensibilidade embezerrada, que, nessa mesma hora, quando se entregava nos braços virtuais do seu António, também o seu António fazia uma reza semelhante, igual na forma, só que com o nome variado..., algum Joaquim, que andava nos cacilheiros de passo de caracol desses idos anos.
Doeu-me ter sabido que Lurdes era, de facto, como eu tinha ficcionado, "filha de mãe solteira" -- e, aqui, volto ao sério -- ninguém é culpado das suas origens, mas é filho do livre arbítrio daquilo em que se torna; para dor e pudor de todos quantos não tiveram estruturas familiares clássícas, gostaria de ter encontrado, em Lurdes, um ser tolerante, complacente e compreensivo para com toda a extensão que pode alcançar ao Dor Humana, e essa extensão é muita. Quis o Fado que estas origens gerassem o monstro de impiedade que todos conhecemos, e aqui fica a minha solidariedade para com todos os outros filhos dos homens -- como dizia o Soeiro Pereira Gomes -- que nunca puderam ser crianças, mas souberam ser adultos decentes, ao invés da pessoa mal formada que hoje ocupa a Pasta da Educação.
O resto vem na forma de um boato (?), e é recente: os jornalistas que investiguem, que é para isso que são pagos. João Freire, mais uma das pardas sombras do I.S.C.T.E., que só saiu da sombra, se bem estão lembrados, pelas más razões, Lurdes Rodrigues, Paulos Pedrosos, Ferros Rodrigues e afins, teria sido o orientador de tese da Sinistra Ministra, e recebido a encomenda do texto base para a catástrofe.
Como já nada me espanta, neste país, suponho que as tais três categorias de professores propostas fossem os Servos, os Escravos e os... Outros.
Na categoria "Outros", enfiem o que quiserem, porque eu já fiquei com o estômago às voltas...
Muito Boa Noite.
(Edição simultânea em "A Sinistra Ministra" e "As Vicentinas de Braganza" )
3 comentários:
Caríssimo Arrebenta,
quando reparei na entrada deste 'post' e do seu título, decidi escolher uma música que sentisse ideal. Tentei a missa da Coroação, de Mozart mas ... o engasgar de algum pó e os sons entrecortados que ouvi fizeram com que optasse pelo Requiem Alemão, de Brahms. Resultou na perfeição. Equilíbrio, sentimento, tristeza e alguma angústia reparadas pela própria música, a par com a leitura do texto com que nos prendou hoje.
Revista Sábado: não os entendo.
Arrebenta, algumas partes da sua maneira de escrever, nada têm a ver comigo. No entanto, há sempre algo implícito que merece reflexão. aqui, referia-me à sua vertente menos 'séria', digamos ...
Ao ler:
"(...)para dor e pudor de todos quantos não tiveram estruturas familiares clássicas, gostaria de ter encontrado, em Lurdes, um ser tolerante, complacente e compreensivo para com toda a extensão que pode alcançar ao Dor Humana, e essa extensão é muita. Quis o Fado que estas origens gerassem o monstro de impiedade que todos conhecemos, e aqui fica a minha solidariedade para com todos os outros filhos dos homens -- como dizia o Soeiro Pereira Gomes -- que nunca puderam ser crianças, mas souberam ser adultos decentes, ao ...(...)"
penso que li aquilo que senti, ou semelhante.
E continuaria a escrever mas iniciei uma conversa com uma querida amiga pelo que fico por aqui.
Abraço solidário,
M.
O tempo é mais grave do que parece. Há novidades na DRHE. As fichas e as ponderações de cada parâmetro estão em despacho e não apenas em informação.
o socialismo nunca será democrático nem humano.
lixo humano e sócretinos
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