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Hoje é uma daqueles dias difíceis, em que me encontro encurralado, na situação de ter de me pronunciar sobre um assunto que é um enigmático "puzzle", para mim, e, ainda por cima, um "puzzle" do qual só tenho algumas peças, que nem sequer encaixam.
Hoje de manhã, antes de ter sido retirado do Youtube, tive a oportunidade de ver o vídeo do Primeiro Comando de Portugal: àparte uma parvoíce, em que uns rapazes brasileiros simulavam encostar uma faca ao pescoço uns dos outros, era uma das muitas produções caseiras que os nossos amigos do outro lado do Oceano produzem, em massa.
Os Brasileiros, ao contrário deste Sepúlcro Mental, em que nos encafuámos, há séculos, são sinónimo de expansão, de alegria e de à-vontade com o corpo. Teríamos de aprender muito, a ser felizes com muito pouco, em vez de andarmos com o nosso permanente ar de gatos pingados, e enjoados do passa-fome.
Enquanto escritor e poeta defendo, com radicalidade, que a vida do sotaque português, a querer comparar-se com a jactância das pronúncias espanhola, francesa, inglesa, ou alemã, por exemplo, só encontra paralelo no Hemisfério Sul, onde trocámos o falar para dentro e o che-che-che e o ão-ão-ão, que todos os entrangeiros gozam descaradamente, por uma língua exuberante, contagiante, e capaz de tirar qualquer um do sério.
Tudo isso tem um preço social, e todos sabemos qual é. Independentemente disso, e desde que me divorciei de Paris, considero o Brasil o meu segundo país, até mais ver, e estou a pensar comprar uma casa no Leblon, onde vivo num misto de Lutécia e Nova Iorque, com temperaturas fantásticas, e gente educadíssima, a relembrar-me, constantemente, que nasci num país arruinado e decadente. Volto a repetir: até mais ver...
Quanto aos "gangs", já aqui falámos deles por diversas vezes, e vou regressar enviesadamente ao assunto. Por força das circunstâncias, tornei-me céptico e cínico. Desconfio de jornais que assentam em vídeos do Youtube, que, mal são publicados desaparecem. Tenho pena de não ter feito o habitual "download", senão voltava a chapá-lo no sítio original, ou aqui.
É uma questão de tempo e de eu ir às minhas... fontes.
O resto são fragmentos: mais uma vez, repito, me enerva solenemente que descarreguem as energias sobre os tentáculos menores do Polvo. Este Verão, como a cegada dos Fogos já não pegava, alguém pôs gente a mando, para mostrar aos Portugueses que, se os fogos não lhes faziam arder as suas barracas de betão do subúrbio, já um assalto no banco ou na pastelaria da esquina lhes dizia directamente respeito. E disse.
Quem montou a campanha montou-a bem, e tenho de reconhecer que conseguiu uma coisa rara em mim, geralmente insensível a esses estímulos, que foi sentir ainda maior desprezo pelo "Cérebro Operacional" da Coisa. Fica registado.
Já aqui falei das "pessoas a mando", instituição muito antiga em Portugal, que é dar uns trocos para partir uns braços, uns murros na cara, ou pregar um susto. É fácil, barato e dá milhões. Os Senhores Pinto da Costa, que vamos indemnizar, e o outro cafre, o Valentim Loureiro, sabem bem com a coisa se faz. Até eu poderia saber, se me apetecesse, mas não me apetece.
A realidade é que, com o Desemprego num nível insuportável, com o subemprego em níveis indecentes -- tenho amigos brasileiros, "gente fina", como eles dizem, que têm de saltar de um lugar para o outro, para assegurar dois postos de trabalho... -- daqueles nos quais os Portugueses, gente reles, já não pega. Em qualquer restaurante, ou balcão, imediatamente distinguimos a simpatia, de um brasileiro, do toca-a-despachar do taberneiro ou da vaca portuguesa.
A hora má soa quando o desemprego também bate à porta dos imigrados: esses são a massa fácil para os "crimes a mando de". São baratos, disponíveis, e podem orquestrar um Verão Quente, de velhinhas assustadas, e "barbies" "carjackinadas" às portas de apartamentos comprados com dinheiros duvidosos.
Em São Paulo, matar o bandido que tenta entrar na casa, por cima das vedações electrificadas e dos holofotes, que acendem com sensores, é considerado legítima defesa. Cá, onde os Códigos Penais são alterados para proteger determinados crimes de determinadas pessoas, Códigos Penais feitos à medida, o juíz é interpelado pela polícia e põe o "malandro" imediatamente na rua. É normal que o "malandro" passe palavra, e diga "cara, aqui policial não mata, e juiz liberta logo você!..."
Até eu me tornava marginal Brasileiro, num país destes...
Desconheço a realidade do tal Primeiro Comando de Portugal, e até pode ser a pior coisa do mundo. A verdade é que o tratamento jornalístico dado ao tema irá envenenar, ainda mais, as já tensas relações entre as comunidades do instável País Multicultural. Não é inócuo que ontem -- eu não vi -- estava a "esnobar" duas putas alemãs que tinham vindo engatar para a Baixa de Cascais e que achavam que eu era o alvo ideal para elas: deviam pertencer ao Primeiro Comando Alemão do "Viémos para ser Aviadas". Tiveram azar, mas vamos adiante: parece que passava na televisão uma coisa velha como o Mundo, de um preto que tinha "seqüestrado" um "ónibus" na Cidade Maravilhosa. Essa merdunça passou na SIC, a televisão do Patrão de Bilberberg, e obviamente não estava a dar pistas, pois não, para a próxima coisa a acontecer em Lisboa e Vale do Tejo: um malandrão de São Paulo, a apontar uma pistola à cabeça de um gajo da Carris, e a manter prisioneiras umas velhas com as partes mal lavadas, e uns drogados sem dentes, que iam buscar a dose à Rua do Benformoso.
Tudo isto hipóteses, claro, porque eu até sou ceguinho.
Ora, uma coisa destas, entre outras, vai ter consequências, e vamos às que nos tocam directamente. Por acaso, durante a pequena parte do Verão em que estive em Portugal, cruzei-me com dois mafiosos desses presumível "gang", que estavam onde menos deviam estar, na praia, e parece que são exímios em assaltos, como a Polícia Marítima da Fonte da Telha sabe tão bem como eu. O Carro era vermelho, demasiado novo para o tipo de ocupantes de má catadura que os ocupava, e o discurso reles, ao nível do "Major" Valentim Loureiro. Deviam ter pensado que aquilo era Gondomar, mas não era, era a arriba fóssil da Caparica, e eles eram lixo humano em cenário impróprio... Outro episódio, que desconhecem, mas que vem a talho de foice, é que um dos nosso colegas de blogue, com formação, por acaso, para além da correntemente civil, esteve com uma pistola apontada à cabeça, demasiado tempo, durante um desses assaltos, que se banalizaram.... Mais não posso contar, mas não gostei do episódio nem da sua descrição: três profissionais, encapuçados, nada de amadorismo, nem nos métodos, nem nas palavras, nem nos disfarces, nem no treino: botas militarizadas, uniformes sérios e duas peles brancas e uma negra.
Vem agora a parte mais dúbia: se agem a mando de quem, quem é que os manda agir?
E a pergunta seguinte é: se os mesmos investigadores que, há muito, sabem de organizações deste tipo, por que não agem, como por exemplo, agiram, quando se tratou de associações, como a de Mário Machado, e os "Hammerskins", que, aliás, já estão a fazer a leitura radical do cenário, como poderão confirmar aqui? Acontece que os primeiros estavam a preparar-se para espalhar o terror na População Portuguesa, enquanto os segundos já tinham uma lista, muito pragmática, dos responsáveis políticos a abater... Como se pode imaginar, a prioridade não foi a defesa das populações mas a dos... Políticos. Prisão, pois.
Os nossos Políticos em muito pouco divergem dos Brasileiros: têm menos recursos, um cu de terra, mas sabem bem os sentidos dos "mensalões", dos desviar os dinheiros públicos, e de serem cabecilhas de tudo o que é rede de tráfico de gente, armas e droga. Se há brasileiros sem papéis e cadastro em Portugal, perguntem-lhes quem os meteu cá e com que intenções. Se os bordéis estão cheios de escravas brasileiras, perguntem-lhes quem são os clientes, identifiquem-nos, um a um, e tornem públicos os nomes. Se há gente que vai à Bahia lançar os búzios, para saber como vai "rolar" o ano -- agarra, Cavaco, esta é direitinha para ti!... -- em nada diverge dos Congressistas e Senadores Brasileiros, e já que a hora é tardia, a minha proposta era que, em vez de andarem a sacrificar e a imolar peões de ambos os lados -- esta semana já se suicidaram mais três polícias e um GNR... -- e em vez de nos andarem a transmitir a morte em directo, como no caso do BES, as forças especiais avançassem, com o GOE, a Judiciária, o SIS, e tudo o que investiga em Portugal, pela Assembleia da República, passassem a pente fino as conexões, os negócios, as acumulações, o quem paga o quê a quem, as sociedades secretas, e limpassem, de vez, o País desse "Primeiro Comando de Portugal", que já está instalado, há demasiado tempo nas Bancadas do Poder.
Nós agradecemos.
Sinceramente.
(Pentágono nauseado, no "Arrebenta-SOL", no "A Sinistra Ministra", o "Democracia em Portugal", o "KLANDESTINO", e "The Braganza Mothers")
1 comentário:
Nada mais bem engendrado do que esta da viloência... E o pessoal já todo acagaçado a pensar se deve ou não sair à rua de dia quanto mais depois do pôr-do-sol... Ainda conseguem o recolher obrigatório às nove da noite para a malta não mais falar uns com os outros e ir para casa ver as telenovelas e os jornais do crime em directo à boa maneira "amaricana"!
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