Imagem do KAOS
Voltamos à cepa torta. Não é a primeira vez que me debruço sobre as coacções da Liberdade de Expressão, e o acontecido no espaço do KAOS ( e quando digo KAOS estou a pensar no Clã KAOS ), obriga-me a retomar o tema.
Sou pouco comentador das caixas do KAOS -- os meus "comentários" do KAOS são os textos que lhe escrevo para as imagens --, e só pedi ajuda aos nossos "desparasitadores", há coisa de umas semanas, quando detectei que as patologias já andavam, em força, por lá.
Nenhum espaço, como o "The Braganza Mothers" terá passado por mais vicissitudes que se possam aqui retomar como exemplares: já tive, na altura em que era ingénuo, de o FECHAR abruptamente, para evitar que fosse vítima de Intrigas de Serralho, e mudasse de mãos, deixando de ser um espaço de criação para se tornar num alvo jurídico, de vinganças de só deus saberá do quê. Tive, depois, de reabri-lo, e tivémos, enquanto equipa, de suportar todo o tipo de pressões, desde a denúncia por "Conteúdos Impróprios", a delação, junto do Sistema "Twingly", da capacidade de que o lugar viesse "linkado" ao Jornal Virtual "Público", depois, um dedinho sapudo, a "classificar" diariamente, como "nulos", os meus artigos no "Arrebenta-SOL", e toda a casta de insultos, insinuações e difamações, de que os emails de administração estão repletos. Na segunda versão do "The Braganza Mothers", pura e simplesmente, abandonei o espaço, e nunca mais lá voltei. Contas feitas, vamos na Quarta Versão do nosso projecto, que, entretanto amadureceu, e se tornou mais sólido.
Os melhores comentários que faço aos trabalhos do KAOS são os textos que os ilustram. Aqui, a coisa funciona ao contrário: ele faz a imagem, e eu tenho pretexto para construir... divagações. Melhores, ou piores, julgarão vocês.
Pessoalmente, e julgo que há algo de profundamente consensual nesta apreciação, o trabalho do João é do melhor que a Blogosfera produziu, e não é por acaso que, sempre que pesquisamos no "Google" por uma das imagens do ridículo teatro de fantoches em que vivemos, imediatamente aparece uma criação do KAOS, para nos fazer sorrir. A pesquisa sobre "Maria de Lurdes Rodrigues", então, dá uma dimensão da escala da menoridade dessa figura de teatro do robertos. Podem experimentar, e peçam aos vossos amigos que façam o mesmo...
Como todos sabem , não há pior arma do que o Riso, sobretudo nas épocas de crise, onde as coisas estão todas condicionadinhas, as notícias todas arrumadinhas, para que nós "zapemos" de canal em canal, e não só encontremos sempre as mesmas banalidades, como até uma reprodução da sequência de débito dessas mesmas banalidades.
Ora, dadas as circunstâncias, que são graves, de um Sistema que está completamente podre em todas as suas vertentes, Política, Financeira, Económica, Cultural, e, sobretudo de possibilidade de Cidadania, qualquer coisa que fuja à norma é perigosa.
Nós, a cada dia que passa, tornamo-nos PERIGOSOS, porque estamos progressivamente mais PODEROSOS, e este poder é uma coisa silenciosa, porque nasceu da gratuicidade, e tende para a relevância, sem passar pela gratificação, quer dizer, pelo lucro comum, se bem me faço entender.
O KAOS, pelo que conheço, e temos isso em comum, é uma criança grande, e pensa reproduzir jogos e sabotagens de infância num mundo dominado por um mau crescer e amadurecer. Pela minha parte, comecei aos 3 anos, e nunca mais parei. Aliás, não me apetece parar. A diferença, hoje em dia, é que existe este meio, visualmente atractivo, naturalmente eufórico, tendencialmente barato, e imprevisivelmente extenso, ou seja, uma pequena graça nossa, preparada como tiro bem assestado, pode provocar, por toda a Net, mossas bem graves.
O exemplo clássico disso, em que todos estivémos embarcados, e muito bem embarcados, foi o Caso do Diploma, onde, durante semanas, o pobre coitado que nos governa foi achincalhado, na sua pobre vaidade de natural da Raia, por gente com cultura urbana, e de elevado calibre. É inegável que nos deu gozo, e mais inegável, ainda, que foi uma mal disfarçada adrenalina que nos levou a lançar toda a lenha que nos vinha à mão, para a fogueira... Ao Balbino Caldeira, a coisa saiu mais penosa, e isso é uma divergência que temos, e que repito: a Blogosfera não se pode pretender Tribunal Jurídico alternativo, portanto -- mas isso é a táctica dele, e eu respeito-o, com toda a serenidade -- portanto, de nada serve andar a fazer "investigações" "ad laterae", e tentar transformá-las em provas de acusação do foro criminal, porque isso dá sempre azo a uma resposta -- como deu -- de um Sistema Jurídico que todos sabemos profundamente inquinado, e incapaz de assegurar os alicerces do Estado de Direito: a Paridade do Cidadão perante a Lei.
O nosso espólio, depois do fim abrupto do "The Braganza Mothers I", fruto da acção de uma "aventureira", -- no sentido depreciativo que esse termo tinha no séc XIX, alguém capaz de vender o corpo, para obter um escalonamento social mais elevado (reveja-a aqui, em toda a sua sordidez) -- voltou a ser reposto "on-line" no "Licenciada ma non troppo", mas saiu-nos do pelo, porque apagar é fácil, reconstruir uma estrutura é bem mais difícil, e nós somos "activistas" das horas vagas, não profissionais destas coisas, ou seja, "time is money", e nós gastamos demasiado "time", sem jamais vermos qualquer "money".
É a vida.
Não é por acaso que escolhi uma edição simultânea disto no "A Sinistra Ministra", que também parece, e incomoda, muita gente, no "Democracia em Portugal", que também esteve encerrado, dado o impasse da tensão criada em seu redor, no "Braganza", pelas razões atrás expostas, e no Kl@ndestino, por causas outras, porque o Carlos teve a brilhante ideia de escolher a fina nata da Blogosfera, para criar um espaço que fosse a Quinta Essência, mas nós já tínhamos demasiados compromissos e fidelidades, em nosso redor, para que pudéssemos passar para um espaço de reclusão mais exclusivo.
A patologia dos comentários já a expus, em esboço, AQUI, e são livres de rememorar e melhorar o texto. Reli-o, e pareceu-me bem feito, para pontapé de arranque. Numa versão simplificada, podemos dizer que, sempre que um espaço se ergue acima do morno e da modorra medíocre em que nos querem, à força, enfiar, há logo uma série de franco-atiradores, solitários, ou em estratégia de grupo, que decidem gerar... entropia, ou seja, criar um simulacro de desordem no que deveria ser o complemento do "post", ou seja, idealmente, o espaço onde, como numa conferência, numa mesa de café, ou num jantar de amigos, se debatesse a ideia, a provocação, ou a hipótese, escrita, ou imagética, para que todos beneficiássemos do confronto das pluralidades, torna-se imediatamente num lugar de insultos, provocações e sordidez.
A ratoeira do KAOS foi a de tentar manter tudo "numa boa", e começar a dialogar, qual Quixote, contra coisas que não existiam. No "Braganza", fomos mais radicais: diagnosticámos a fonte da patologia, aliás, suponho que mais simples e mais personificável do que o verdadeiro escândalo em que se tornaram as caixas de comentários do "Do Portugal Profundo" e do "We Have Kaos in the Garden", e fizémos-lhe um cerco e um ultimato. Na última fase da euforia, o ser, completamente desprezível, já passava por ameaças do "vou revelar quem tu és", "onde moras" e "onde trabalhas", num provincianismo de quem só tinha descoberto dados públicos, acessíveis a toda a gente, em qualquer catálogo de Críticos de Arte, Listagens de Convites do CCB e da Fundação Calouste Gulbenkian, Associação Portuguesa de Escritores, Biblioteca Nacional, Escolas e Universidades, entre outras. A pobre criatura ignorava (!) que o "Arrebenta" era só mais uma linha de um longo currículo de décadas de publicações, conferências e exposição nacionais e internacionais. Podem imaginar o sorriso que isso me despertou: estava, e esta piada é mesmo só para animar o KAOS, ao nível daquela célebre história, que uma vez lhe contei, do "... parece que o António Calvário é bicha..."
Julgava que tinha descoberto a Pólvora... :-)
Por amor de deus, como dizia a E-Ko, criar uma personagem não é para qualquer um, e quer sejam Moriae, KAOS, ou Arrebenta, isso são brincadeiras nossas, mas brincadeiras de sucesso, porque, com o tempo e a persistência, criámos autênticos mitos blogosféricos, que toda a gente conhece, e que, em nada, mas mesmo nada, contendem com as nossas vidas reais, percursos académicos, lugares de trabalho, relações públicas, ou o que quer que seja, onde diariamente brincamos com isso, e diariamente somos saudados pelo bom trabalho cívico, artístico e de salvaguarda da Democracia, que praticamos.
É a glória do Cidadão, depois da apoteose do Virtual.
Todavia, é natural que isso doa, porque nada existe pior do que o Ressentimento, e sentir-se estar de fora de percursos que adoraríamos parasitar. Pois, a mim... não me parasitam, porque eu não deixo... e quando digo que não deixo, não deixo mesmo, e vai tudo raso, pis vai.
E por mim de novo falo, quando Paulo Querido, um gajo com responsabilidades num Semanário como o "Expresso", com acesso a IPs, a origens de comentários, e a bastar fazer duas ou três perguntas para saber o ortónimo do heterónimo, etc., se dá ao luxo de me "mandar para o caralho" (sic), ou o duvidoso Pedro Namora me chama "filho da puta", ambos sabem bem a quem o estão a fazer e por que o fazem.
Evidentemente, mas por mim respondo, sou totalmente indiferente a esse tipo de vocabulário, que só estigmatiza quem o usa. Pela minha parte, como sabem, reservo-o para os facínoras que nos destruíram o País e a Contemporaneidade. O Futuro julgará se os meus epítetos não foram escassos, e não deveriam mas era ter sido usados com mais frequência...
Pela minha parte -- e este texto, que eu queria curto -- fica aqui em suspenso, e como plataforma de debate, sobre o que, em conjunto, deveremos fazer, porque este é um problema que, com crescente acutilância, nos irá bater à porta.
É evidente que uma estratégia concertada de comentários tem, como fim, CALAR-NOS, pela simples razão que a Máquina de Coacção Informativa insiste em não ser informativa, mas em querer pretender ser formativa, ou, mais correctamente DEFORMATIVA, da nossa percepção da Realidade, e nós, teimosos, todos os dias e todas as noites voltamos à carga e dizemos: NÓS NÃO QUEREMOS FALAR DISSO, QUEREMOS É FALAR DISTO!..., e imediatamente fazemos descarrilar a carruagem do politicamente correcto, e isso enfurece o Poder Corrupto, em todas as suas formas.
Não é por acaso que, à medida que a tensão cresce, o Sistema aposta em coisas menores, e bem pagas, como os "Gatos Fedorentos", que estão em toda a parte, quando o seu trabalho, na realidade, é nulo, e uma mera cortina de fumo, perante a verdadeira erosão que nós, Blogers, provocamos na "Situação".
É a hora do Ponto Final, e retorno ao KAOS, que hoje me ditou este texto.
No seu espaço, chama a atenção para a página de rosto da ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social), e para um perigosíssimo documento, em forma de PDF, cuja leitura vos recomendo. Trata-se de José Manuel Fernandes, Director do "Público", na primerira voz, após ter declarado que sofrera pressões por parte do Vigarista de Vilar de Maçada, a prestar declarações.
É para ler, e divulgar por email.
Como no célebre vídeo do "Casa Pia", está lá toda a promiscuidade reinante entre os Três Poderes, e mais o Quarto, o Informativo.
São estas pessoas que nos governam, e que nos conduziram ao presente desastre. Podem comentar e comentar, insultar, provocar e difamar, o que quiserem, nos nossos espaços blogosféricos.
A mensagem que lhes deixo é simples, e watsonianamente elementar: Não nos calarão.
(Pentágono de resistência, no "Arrebenta-SOL", no "A Sinistra Ministra", o "Democracia em Portugal", o "KLANDESTINO", e "The Braganza Mothers")
2 comentários:
Não nos calarão facilmente (ok, com um tiro certeiro, a coisa muda de figura mas tb com o céu da boca frio, não estarei preocupada com a minha voz).
Arrebenta, é uma honra (ando repetitiva) ter o prazer de te ler e saber que não estamos sozinhos.
Não me apercebi da história completa com o KAOS... ainda bem que reforçaste. Ele é das melhores pessoas que conheci nos últimos anos (antes desses tb, acho eu).
Grande abraço e até sempre!
M.
P.S. Tem tanto que se lhe diga este teu post .... excelente!
Só para dizer que concordo plenamente com o texto.
Parabéns a quem o produziu.
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