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De vez em quando, gosto de retomar certas temáticas, até por que elas são, em muitos dos casos idiossincráticas da nossa desestruturação nacional. Falando grosso: são as Duras Vértebras da Cauda da Europa.
Em tempos, já não me lembro quando, mas decerto antes da Bancarrota do Capitalismo de Casino, no tempo em que o Hipopótamo da D.R.E.N. deitava cartas, afirmei que, pior do que a arrogância do "Engenheiro" Incompleto ou da Bruxa da Educação, eram os pequenos sócrates, as pequenas margaridas moreiras, as pequenas lurdes rodrigues, os pequenos maiores portugueses de sempre que muitas das alminhas, com quem diariamente convivemos, já traziam dentro de si, e apenas estavam à espera de oportunidade, para saírem da sua triste hibernação.
Já, num texto antigo, citei o Abade Correia da Serra, que dizia que "Cada um de nós transporta, dentro de si, um familiar do Santo Ofício", e, nunca, como hoje, essa frase se tornou verdadeira e pertinente.
Já, num texto antigo, citei o Abade Correia da Serra, que dizia que "Cada um de nós transporta, dentro de si, um familiar do Santo Ofício", e, nunca, como hoje, essa frase se tornou verdadeira e pertinente.
Há dois ditados célebres, que dizem que o Ensino Secundário é o caixote de lixo das licenciaturas, e uma outra, ainda melhor, que diz que só vai para o Superior quem não obteve colocação no Secundário. Ambas são de uma malignidade infinita, mas como todas as provocações radicais, têm o seu "je ne sais pas quoi" de verdadeiro, todavia, desculpem-me... não é por aí que vou, já que ainda tenho de espezinhar, antes de começar, um outro canteiro, o das professoras primárias, ou do 1ºCiclo, que acho que é como agora se diz.
Para azar das Professoras Primárias, talvez as professoras que mais respeite, porque fazem parte de uma profissão que eu nunca poderia ter, Lurdes Rodrigues e o Hipopótamo da D.R.E.N. também o foram, facto que destestam citar nos referidos currículos, mas que enformam uma determinada maneira de estar na vida, que é a de Salazar, em que a criancinha de bibe se portava mal, e logo levava uma reguada na mãozinha submissa. Acontece que essas duas vacas continuam a reagir com a classe mais habilitada da Função Pública através de repreensões e reguadas, para ver se assustam os meninos, mas, como há sempre cerejas no cimo do bolo, as tais pequenas lurdes, pequenos sócrates e pequenos tiranos de vão de escada, tal como no Verão Indiano em que estamos, proliferaram, como as moscas, daquelas mesmo chatas, que já deviam estar mortas, dado o adiantado da Estação, mas insistem em andar à nossa volta, completamente zanzadas e a chatear-nos permanentemente.
Grave é quando ocupam lugares de chefia, os chamados "pequenos poderes", que Foucault bem estudou, e que representam, geralmente, a pior das tiranias, a tirania do mais fraco sobre o mais forte, tal como Oscar Wilde a crismou.
Vem, por isso, o carinho de hoje dedicado a um mentecapto dessa espécie, que tem o seu pequeno trono no Passos Manuel, velha escola de tradição de Lisboa, e que resolveu ser mais lurdesco do que a Lurdes, e mais socratino do que o Zé de Vilar de Maçada.
Essa "Avaliação", que a permissividade dos Sindicatos deixou que se tornasse num vexame de 150 000 pessoas, na sua maioria, bem formadas e... aprumadas, "soltou a franga" a muito boas almas turvas, e o entronado do Passos Manuel, chegou-me naqueles zunzuns, de quem sabe bem a que orelhas assobiar as histórias, e as minhas são do mais perigoso que há, porque passam directamente do tímpano para o teclado, com uma estereofonia capaz de aterrar qualquer um, modéstia à parte, o entronado do Passos Manuel, dizia eu, resolveu soltar a pequena lurdes que tinha dentro de si, e "pôr as coisinhas na ordem", porque o respeitinho é muito bom.
Segue-se que pratica o seguinte, entre outras coisas, porque mais pistas não posso dar, não venham a chegar às fontes, porque estes pequenos escroques, geralmente, são do tipo lacrau, e conhece bem o sentido da palavra "vingança":
1) Os tais artigos -- não sei o nome -- que os professores enfiam, por conta do período de férias, têm de ser requeridos, e autorizados, com 15 dias (!) de antecedência. Para os leigos, que andam noutras partes destas lides, públicas ou privadas, isto é equivalente a dizer que aquele telefonema que podem fazer para o chefe, para a empresa, ou para o sócio, a dizer, "pá, hoje surgiu um imprevisto, só vou poder aparecer mais tarde, mas resolvo tudo, quando chegar...", no Passos Manuel têm de ser metidos com 15 dias de antecedência (!). Suponho que, com isto, a criatura queira que cada um se transforme numa pequena Maya, e preveja o que vai ser no mês seguinte. Nem a Meteorologia, amores, quanto mais o ser humano...
2) "Pontes"... acabaram. Sempre que venha um pedido, mesmo com 15 dias, para faltar num buraco entre dois feriados, nem pensar, porque faz falta um corpo presente, numa sala, onde alunos e pais fizeram... a ponte, e a deixaram deserta.
3) O amoroso achou que, como a sineta do toca-a-trabalhar soava no dia 3 de Setembro, era a altura ideal para pôr os seus escravos a labutar, e a construir as grandes pirâmides de Gizeh, e lá arranjou uma gaja com sotaque peninsular, para dar uma formaçãozeca, compactada -- o original é assegurado, na Faculdade de Motricidade Humana, pelo Professor Vitor da Fonseca, boa cabeça, garanto eu, e excelente profissional, ainda garanto mais -- e, ao contrário do farrapito vendido no Passos Manuel, dura 80 e tal horas, tem um segundo nível, feito na própria Faculdade, e um terceiro, o mais hermético, e secreto, na própria Jerusalém. Faz parte do esqueleto de Formação Dura Israelita, caro Presidente do Conselho Executivo dessa chafarica, e, se não o sabe, informe-se, porque eu até estou dentro do assunto. Suponho que o idiota do Passos Manuel desconheça esta hierarquia.
4) Professor que ponha muito aluno na rua, por mau comportamento, é logo chamado ao Santo Ofício, para levar uma reprimenda, e uma ameaça sobre a carreira...
6) Ah, nas acções de formação não é permitido o riso, porque são gratuitas, e para que sejam gratuitas, alguém as terá de estar a pagar, pelo que qualquer sorriso é mal visto, e haverá sempre um/uma colega "bufo" que logo põe a boca no trombone.
7) A Avaliação está "ravissante", e cada professor, para além do bibe, da continência e do Hino da Mocidade Portuguesa, tem de apresentar, no Fim do Ano, o seu "Portfolio" pessoal (!)
O Passos Manuel, como muitas das escolas clássicas do centro de Lisboa, tem alguns docentes extraordinários, da velha guarda, que, perante um cenário destes, estão a meter, em barda, e cheios de penalizações, os papéis para a reforma. Gente digna não se verga a caciques destes, como é óbvio, e zarpam.
Agora, sinceramente, não me apetece escrever mais. Aparecer-me um gajo destes pela frente, fazia-lhe o mesmo que faço às moscas do Outono tardio: mata-moscas em cima, ou, como ele é grande, uma clássica mocada nos cornos.
Ah, já me esquecia, no meio deste glorioso rigor, o Passos Manuel recebe diariamente a visita da P.S.P., por causa das navalhadas, do tráfico de droga e das bombas artesanais que os nossos futuros "Nòbèles" da Química já aprenderam a fabricar. Nas escadarias defronte, com vista para a Igreja, a pior "racaille" -- vi eu, com estes que a terra há-de comer... -- acumula-se nos degraus, à espera do comprador de haxe e de pólen, do viciado nas pastilhas, ou da garina de 13 anos, que acabará emprenhada pelo "pinta" de 21, da esquina de baixo. Sua Excelência, nos calores do seu gabinete, suponho que ignore esta realidade, porque o importante é mesmo a Ordem e o Respeitinho.
Está o senhor de parabéns: meteu-me tanto nojo que até lhe dediquei este texto, que, espero, lhe torne doravante a vida substancialmente mais difícil, ou pelo menos, o torne num daqueles apontados a dedo deste país miserável... Só lhe fará é bem.
(Vómito em cinco cantos, no "Arrebenta-SOL", no "A Sinistra Ministra", no "Democracia em Portugal", no "KLANDESTINO", e em "The Braganza Mothers")
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