20081116

Exéquias Solenes k. 628a, para Maria de Lurdes Rodrigues, ou de como o Qualitativo pode mesmo engolir e subverter o Quantitativo

Imagem do KAOS
O alerta foi lançado hoje pelos Ambientalistas: Maria de Lurdes Rodrigues já não pode sair à rua. Não, não são alterações do "Deficit" (Continua tudo na mesma: o País falido, e Constâncio e os gestores das empresas públicas em dificuldades a ganharem o mesmo). Não, não se trata da Doença dos Pinheiros, e, menos ainda, da Corrupção na Justiça. Não, não são alterações climáticas, são coisas mais no âmbito da sua Cientologia Flácida: é a matriz sociológica de um país inteiro que sofreu uma reviravolta, mercê de uma figura lúgubre e de duas das suas arcadas orelhudas, que se tornaram na paródia de Portugal inteiro.
Quando Salazar teve o acidente da cadeirinha -- abençoada cadeirinha... -- o país das pessoas decentes encarregou-se de lhe fingir que nada tinha acontecido, e, enquanto o cinzento Marcello governava a Cauda da Europa, continuavam a fingir-se (!) Conselhos de Ministros, defronte do Maior Português de Sempre.
Para mim, alma piedosa, educada no São João de Brito, Membro Numerário da Opus Dei, quando me disseram que Dona Lurdes já tinha sido "desenganada" por todos os médicos, e estava por algumas horas, eu avancei, quixotescamente, e disse "tragam-me essa mulher!... Em boa verdade vos digo que nesta hora de angústia alguém haverá que se lhe apresente em face, e lhe diga, Lurdes, levanta-te e caminha, porque a Avaliação não parou!..."
Lurdes estava pálida, notava-se-lhe, no brilho dos olhos, que estava a caminho de contemplar aquela Luz que Deus reserva aos poucos que chamou para junto de si. Para quê, naquela hora extrema, dizer-lhe, então, que os próximos guarda-costas que teria já não seriam nomeados pelas Forças de Segurança do Zé de Vilar de Maçada, mas por Lúcifer, em pessoa?...
"Não, Lurdes, olha para cima, e contempla aquele infinito azul, porque é lá o teu lugar, não na Gehena dos Desvalidos..."
Era bonito ver-lhe nos lábios aquele sorriso: não, não era a versão pirosa do "Titanic", era mais a Eva Braun, que não acreditava que o seu Führer iria, a seguir, enfiar a pistola na boca e disparar.
"Lurdes", dizia-lhe o caniche Valter, "tens a certeza de que vamos mesmo para o Céu, não tens?...", mas perante o silêncio da mulher, em agonia, mais lívido ele ficava. Sim, poderia ter acontecido que entre tanta coisa, ela não tivesse acautelado esse item da própria Avaliação deles, e parecia que tinha acontecido mesmo.
"Deus te perdoe...", soltou o Pedrosa, naquele mesmo tom em que ela pedira desculpa a Portugal por ter transformado Portugal da Educação num Inferno.
Aproximou-se então o Padre, Feytor Pinto, de Valter, e disse-lhe, "nesta hora extrema, tens alguma coisa que queiras compartilhar entre mim e o Pai do Céu?..."
"Padre... só se forem as faltas injustificadas de Penamacor, e não ter tido fôlego, em vida, para as recuperar..."
Só Deus mesmo, o Deus sem rosto, poderia testemunhar de tantas lágrimas que se soltavam, em redor daquele esquife.
O Jesuíta, nosso Confessor, disse então: "esta mulher, cujo despojo aqui vedes, já estava prevista no Filósofo (Para quem não sabe, o Estagirita, Aristóteles, que afirmava que a Lurdes girava em redor do Zé e não o contrário, como "Cûpernïco", muitos séculos depois avançou), e todo o seu Reyno foi o sobrepor da Qualidade à Quantidade: nunca saberemos, por ordem dos Serviços Secretos e de Intoxicação das Comunicações, QUANTAS pessoas saíram às ruas para a crucificar, mas sabemos QUAIS, porque foram, à vez, e em simultâneo, todas, Professores, Alunos, Pais, Sindicatos, Ministros, Deputados, Jornais, Televisões, Especialistas Universitários na Área, Educadores e Técnicos do Mundo Inteiro. Teve, em vida, o que mais nenhuma mulher deste país saboreou, e assim morrerá em plenitude, se Deus quiser..."
E como a hora se aproximava, e já os olhos se reviravam todos no sentido do branco, eu aproximei-me, e disse-lhe: "Lurdes, sabes que te tive sempre como ídolo, e nunca te trocaria por nenhuma das outras pérolas deste país, chamasses-te tu Paulo Pedroso, Pinto da Costa, Proença de Carvalho, Cavaco Silva, Miguel Cadilhe ou Dias Loureiro... Lurdes... eu vou-te contar uma coisa..."
E ela soltou um gemido, que naquela hora soava como uma interrogação.
"... vou-te dizer uma coisa que mais ninguém sabe: aquele merda que se atira ao chão e não se parte, não recebeu o nome de "Magalhães" por causa do Fernão de Magalhães. Ela chama-se "Magalhães", em honra do José Magalhães, Secretário de Estado-Adjunto da Administração Interna, alta autoridade, há muitos anos, para a Internet, e que, quando tu estás a escrever e a ler textos como este e a Net vai abaixo, ou se torna lenta, e o teu telemóvel bloqueia, ou não te deixa enviar sms com a última anedota política do momento, ou fica cheio de ecos, esse, Lurdes, é o Verdadeiro Deus, o Cordeiro de Ouro que deverias ter adorado, não aquela lêndea de Inglês Técnico mal parido, que insiste em que lhe chamem... "Engenheiro".
Suponho, mas isso só a autópsia poderá confirmar, que foi este pequeno golpe maligno que lhe fez parar o bondoso coração, e a chegar a irreversível morte cerebral, que consta na Certidão de Óbito, mas de que ela já padecia há muitos anos.
Paz à sua alma.
P.S. - Para lá da ficção, há a Realidade. Leiam, passem e divulguem: Lurdes Rodrigues, de facto, já não se atreve a sair, e a reunião que tem marcada para amanhã, às 10 h., com os Conselhos Executivos de Lisboa-Capital, para lhe comunicarem que a Avaliação foi suspensa, "sine diae", foi deslocada para outro local, por causa dos ovos. E é justamente por causa dos ovos, que até poderão interessar -- só Deus sabe... -- a alguma alma piedosa, que aqui se revela o lugar secreto do encontro: as antigas instalações da F.I.L., em Alcântara, pelas 10 da manhã, se Deus e o estado de pré-insurreição do País o permitirem... Bem hajam.


(Pentagrama de carpideira, no "Arrebenta-SOL", no "A Sinistra Ministra", no "Democracia em Portugal", no "KLANDESTINO", e em "The Braganza Mothers")

2 comentários:

Hurtiga disse...

Paz à sua alma, Arrebenta! Paz à sua Alma!

Anónimo disse...

Vai-se assim a sombra maligna que impede o 'genheiro de cintilar.
Ah man!