"Angústia nas escolas"
«Partir os dentes aos sindicatos ou tirar a Sócrates a maioria absoluta é o que parece estar em jogo na luta político-partidária. Mas a questão dos professores é outra. A degradação da escola pública, o aniquilamento dos seus docentes e o idiotizar dos alunos são perigos. Os cidadãos têm de pensar em prevenir o futuro das gerações e do País.
A situação é preocupante. Entra pelos olhos dentro que o desfile de uma centena e tal de milhares pela avenida da Liberdade não é um milagre dos sindicatos. Os sindicatos estão sim a aproveitar a revolta e angústia dos professores aflitos com o kafkiano dilúvio de despachos despejados pelo Ministério da Educação.
O pesadelo que se vive nas escolas não dá para acreditar: para além de reuniões esgotantes e interpretação de objectivos impenetráveis, pela confusão entre desempenho individual e actividades colectivas, os professores enfronham-se na elaboração de ‘portofolios’ com 15 separadores, que obrigam a comprar dois dossiês porque nos supermercados não há capas com mais de 12 divisões. O retrato da tragi-comédia é estar esgotado um ‘Guia de Avaliação do Desempenho do Docente’, livro de 96 páginas acompanhado de um CD-ROM com "propostas práticas para cada interveniente". Na província, onde as disponibilidades são melhores, o guia não é conhecido e poupa-se à obsessão do ‘portfolio’. À sua maneira define que o melhor para satisfazer o Ministério é dar 3 a todos os alunos.
O ensino precisa de outras mentalidades. Na situação actual é impossível tornar a ver professores públicos como aquele que há umas dezenas de anos apostou em empurrar para o liceu o filho de famílias humildes que é hoje o empresário de êxito Belmiro de Azevedo. Subir na vida tornou-se mais apertado. É preciso investir na educação dos filhos como fez a avó de Obama: meteu-o numa escola privada cara, com toda a convicção de que o primeiro presidente negro dos EUA conseguisse depois ganhar asas e com o apoio de bolsas e aplicação ao estudo concretizasse um sonho à americana com diplomas de excelência em universidades como Columbia e Harvard.
A angústia dos professores lembra para azar do País as anedotas do comunismo: dois cidadãos desesperados com o desgraçado rumo da vida perguntaram a um chefe partidário quem inventara o socialismo científico. Um político ou um cientista? A resposta foi um político. Logo um disse para o outro: "Eu não te disse, se fosse um cientista tinha experimentado primeiro em animais."»
João Vaz, jornalista CM
«Partir os dentes aos sindicatos ou tirar a Sócrates a maioria absoluta é o que parece estar em jogo na luta político-partidária. Mas a questão dos professores é outra. A degradação da escola pública, o aniquilamento dos seus docentes e o idiotizar dos alunos são perigos. Os cidadãos têm de pensar em prevenir o futuro das gerações e do País.
A situação é preocupante. Entra pelos olhos dentro que o desfile de uma centena e tal de milhares pela avenida da Liberdade não é um milagre dos sindicatos. Os sindicatos estão sim a aproveitar a revolta e angústia dos professores aflitos com o kafkiano dilúvio de despachos despejados pelo Ministério da Educação.
O pesadelo que se vive nas escolas não dá para acreditar: para além de reuniões esgotantes e interpretação de objectivos impenetráveis, pela confusão entre desempenho individual e actividades colectivas, os professores enfronham-se na elaboração de ‘portofolios’ com 15 separadores, que obrigam a comprar dois dossiês porque nos supermercados não há capas com mais de 12 divisões. O retrato da tragi-comédia é estar esgotado um ‘Guia de Avaliação do Desempenho do Docente’, livro de 96 páginas acompanhado de um CD-ROM com "propostas práticas para cada interveniente". Na província, onde as disponibilidades são melhores, o guia não é conhecido e poupa-se à obsessão do ‘portfolio’. À sua maneira define que o melhor para satisfazer o Ministério é dar 3 a todos os alunos.
O ensino precisa de outras mentalidades. Na situação actual é impossível tornar a ver professores públicos como aquele que há umas dezenas de anos apostou em empurrar para o liceu o filho de famílias humildes que é hoje o empresário de êxito Belmiro de Azevedo. Subir na vida tornou-se mais apertado. É preciso investir na educação dos filhos como fez a avó de Obama: meteu-o numa escola privada cara, com toda a convicção de que o primeiro presidente negro dos EUA conseguisse depois ganhar asas e com o apoio de bolsas e aplicação ao estudo concretizasse um sonho à americana com diplomas de excelência em universidades como Columbia e Harvard.
A angústia dos professores lembra para azar do País as anedotas do comunismo: dois cidadãos desesperados com o desgraçado rumo da vida perguntaram a um chefe partidário quem inventara o socialismo científico. Um político ou um cientista? A resposta foi um político. Logo um disse para o outro: "Eu não te disse, se fosse um cientista tinha experimentado primeiro em animais."»
João Vaz, jornalista CM
4 comentários:
Que pena, vai ter de comprar mais um dossier ... e o livro de 96 páginas deve ser uma tortura!! e se lhe mandassem fazer a avaliação sem material de apoio??? Seria quebrar a Declaração Universal dos Direitos Humanos!?!Devia agradecer ter material de apoio com CD-Rom e tudo. A típica visão de funcionário público vem deste tipo de absurdos...de maus habitos enraizados que vêm de politiquices.
Olhe aproveito para lhe dar um exemplo muito simples: imagine que lê durante a vida um livro bonito mas sem conteúdo, e nos ultimos anos lhe dão o livro que tem conteúdo diferente,cientifico e apresenta mudanças à sua leitura anterior com um discurso sem artifícios..... pois... pense nisto! se calhar vai perceber que este descontentamento vem de trás... OBRIGADO ME por seres forte e determinado e implementares medidas que os ignorantes cobartes têm medo. Ahhh pois é meu amigo , Quem disse que educar é fácil?? Bom trabalho para si. Há coisas piores do que ser avaliado, se escolheu ser professor deve dedicar tempo à escola... não lhe estão a pedir nada de complicado. o problema é k estava habituado a boa vida que vinha de trás assim como os 120mil professores!
Estou hoje sem paciência para aturar merdas destas! Passar bem!
Ai qu´HORROR!!!
Uma professorazeca a dizer e escrever "merdas"...
Igualmente :)
A Joana estará bem na vida... não é vulgar, é especial. Mas onde, por exemplo, é que "cientificamente" está provado que aquilo que este governo implementa tem alguma prova científica?... lol
Quanto a leituras durante a vida e sem conteúdo pelos vistos é o que pulula por aí. Grande exemplo esse. Quase que parecia aquela do burro a olhar para o Palácio... é claro sabe lá o animal! Que tem uma coisa a ver com a outra? É que se tem... burros ao governo que os pais já lá estão! Ao menos assim impedia-se que uma espécie em extinção (os animais, os burros) desaparecessem, quando aqueles que deviam dar de frosques continuam a manipular o mexilhão. Organismos geneticamente modificados (mesmo na cabecinha) NÃO!
Já não enganam ninguém...
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