20081212

Maria de Lurdes Rodrigues como Prefácio da "Dióptrica", de René Descartes

Imagem demasiado inspiradora do KAOS
Isto não são horas para vir para aqui falar de Leis da Óptica, deus me livre, antes desmanchar um pé, mas há momentos em que nos devemos sentar, e olhar para as sabedorias daqueles livros já velhinhos, para tentar perceber alguns efeitos essenciais. É vetusto o ditado de que, muitas vezes, a árvore oculta a floresta, do mesmo modo que todos nós, que não somos ceguinhos, já assistimos a fenómenos de "miragens", por excesso de aquecimento do asfalto e do meu rico Deserto, que eu tanto adoro.
Todas as noites juro que não voltarei a escrever mais nenhuma linha sobre Lurdes Rodrigues, mas o clima de derrapagem global em que vivemos, obriga-me, dia após dia, a quebrar a minha promessa, e aí vamos nós, outra vez...
Parece que Lurdes Rodrigues e os seus dois testículos se reuniram hoje com os Sindicatos, e vamos começar pelos Sindicatos: houve um tempo, e eu conheço algumas dessas pessoas, em que os percorreu o pavor de voltarem a dar aulas, pavor de que 10 000 000 menos 140 000 Portugueses sentem, ou, no seu perfeito juízo, deveriam sentir. Essa foi a primeira habilidade da Senhora Lurdes: mostrar-lhes que só décadas de um relativo equilíbrio, de cumplicidades, sonegações e fechares de olhos lhes tinha garantido uma espécie de imponderabilidade e de frequência do "no-men's land", que era estar, não estando, no papel de representar aquilo que já não praticavam. De repente, ao verem, imprevistos, 100 000, e depois 120 000 profissionais na rua, sentiram uma nova força, e enveredaram por uma estratégia revigorada de pulso de ferro, cuja oportunidade histórica não vou questionar aqui, porque a a factura também já aí vem a caminho, e, em breve, vocês a perceberão.
Também não vou desencriptar a frase, desencriptem-na vocês.
O segundo momento, e há Tácticos da Desorientação profundamente infiltrados em todo este processo, foi as pessoas enfiadas na Docência, talvez das classes mais exóticas do nosso Sistema Solar, e conheço vários membros dela -- que vão do mais repreensível ao mais santo -- pensarem que o que estava a acontecer não lhes dizia directamente respeito.
Dizia, e dizia não só a elas como aos alunos, aos pais dos alunos, e a toda a zona de impacto social alargado que queiramos associar a estas categorias.
No total, não para mim, que sou fraco em cálculo e forte em intuições, É MUITA GENTE, e aqui vamos já passar à hipótese:
1) e à "Dióptrica", um dos textos mais chatos de Descartes: ou em todo este processo, há um erro de focagem, e, quando nos referimos a Maria de Lurdes Rodrigues como Ministra da Educação, e nela pensamos como a Ministra de um Governo sustentado por uma Maioria Absoluta, estamos a incorrer no erro de nos centrar na Árvore e a desfocar, como consequência, a Floresta.
A hipótese 2), que é a minha tese, é a de que Maria de Lurdes Rodrigues não é um membro de um Governo específico, mas o rosto de uma espécie de Sargento do Regime, assegurado por várias maiorias-sombra, com nomes diversos, como David Justino, Aníbal Cavaco Silva, Mário Soares (um estreante...), José Sócrates, Albino Almeida, Mariano Gago (a pessoa que ela sempre consulta, antes de dar um passo, portanto, um dos principais responsáveis por esta porcaria toda, e estive hoje, mesmo, mesmo, para lho dizer, "face to face", mas adiante...), Augusto Santos Silva, e mais uns quantos, que irão emergindo da sombra, histrionicamente, à medida que a situação se agudize.
Conduz isto, silogisticamente, a que as pessoas que estão, em campo, a afrontar Lurdes Rodrigues não estão a afrontar um qualquer membro de um mau governo, mas um putativo bom membro, julgado apto para uma missão homérica, por todo um Regime, e, já aqui, se obrigaria a uma táctica refocagem da cena.
Lurdes Rodrigues, como todos nós, é um ser humano, com existência quotidiana, sentimentos, impulsos, momentos de maior força, e outros, de recolhimento e tristeza, e temos de concordar nisto, com risco de podermos acreditar estar a viver num filme de monstros.
Humana e politicamente, portanto, ela já não deveria estar onde está, a não ser que a sua presença física e a sua imagem estejam a ser utilizadas como blindagem de desgaste por poderes-sombra, quanto a esses, sim, muitíssimo mais complicados e impiedosos.
Não pensem, portanto, os Docentes, que estão a fazer uma luta clássica, porque não estão, e podem incorrer no risco, de, de repente, se acenderem as luzes e serem apanhados com as cuecas na mão.
Este é um risco real, e pressupõe uma imediata alteração de estratégias, e imediato quer dizer... JÁ.
No seu seu silvar, Medina Carreira, como Silva Lopes o faz, com a mesma coloquialidade e frontalidade, advertiu-nos para tudo isto ir acabar mal, e com muito barulho. Pode acontecer, como parece, que a trincheira mais a jeito seja este conflito docente, e pôs o dedo na ferida: ganha a luta quem provocar menos estragos na envolvente familiar, ou, por palavras outras, que ganhar os pais como aliados.
Os pais, e afins -- e nesta categoria não incluo esse senhor Albino, porque, com a cara que tem, devia estar num Seminário, com voto de castidade, e, portanto, sem filho algum, excepto aquelas porcarias solitárias, feitas com os cinco dedos, invocando o nome do Senhor Santo Cristo e os êxtases da Santa Teresinha Marota de Ávila, que nojo... -- não podem usar a escola como curral para depositar as bestas que geraram em casa, nem berço para os muitos meninos jesus que julgam ter concebido por obra e graça do Espírito Santo, e essa é uma pista para os Professores, singela e angelicamente, começarem a questioná-los sobre se entendem "Professor" como transmissor de conhecimentos, ou "professor" como -- desculpem-me o anglicismo -- "entertainer", e guardador de rebanhos tresmalhados. Porque, no primeiro caso exige-se perfil de excelência, e, no segundo, um excelente perfil, para o qual a profissão docente não está minimamente vocacionada.
A Boa Escola, a bem dizer, deveria ser um lugar lúdico, de onde se saísse mais feliz e mais sábio, com gratitude e gratificação, de parte a parte.
O Sargento do Regime, Lurdes Rodrigues tem, como horizonte, o oposto desta Utopia, que resumi, na linha atrás, e os seus critérios sofrem de dupla esquizofrenia: berrando pela "excelência", coarcta o poder haver uma excelência global, e centra os seus esforços em economias de mealheiro, inauguradas por Ferreira Leite, geridas por funis, e seguidas por todos os trastes que lhe sucederam, e que nada têm a ver com Qualidade, mas com miseráveis quantidades de gaveta de merceeiro; por outro lado, pública e diariamente, demonstra que o importante é a papeleta académica, e não o processo da sua obtenção, como muito claramente o demonstrou o seu discípulo, José Sócrates, no vergonhoso Processo do Diploma, AQUI rememorado: de aí a multiplicação dos EFAs, dos CNOs e merdunças afins.
A saída política é a de David contra Golias: há uma Classe Profissional a lutar contra um Regime Apátrida e Apartidário, um Polvo Gigantesco, portanto, regressamos, por inerência, à necessidade de Imaginação.
Todos os aliados desta peleja são bem vindos, e vamos acabar aritmeticamente: Maria de Lurdes Rodrigues não é um problema de Governo, é um problema de Regime, de modo que se pode facilmente resolver, numa votação de geometria variável e transversal. Numa Assembleia com 230 Deputados, 121 pertencem à denominada "Maioria", de onde, consequentemente, 109 pertencem à "Não-Maioria": há 12 cabeças, que fazem a diferença, e a diferença, para suspender um processo, assenta aqui num número aziago, o número 13. De boa, ou má fé, o Partido Social Democrata, como consequência daquela coisa triste que foi ter assinado e abandonado uma votação, avançou hoje, pela voz de Paulo Rangel, com algo que reputo de meritório e gratificante, para uma Democracia que já entrou nos Cuidados Intensivos: apresentar uma nova proposta, agora, em regime de redenção, para a Suspensão de toda esta porcaria em que se tornou o Processo da Carreira Docente.
O PS já angariou 6 cabeças, que demonstraram estar CONTRA a postura amoral, acívica e anormal da equipa da Educação. Faltam 7, e compete às iniciativas cívicas fazerem-nos desalinhar do "rebanho" da disciplina partidária para os fazer alinhar com a bancada da Maturidade Cívica.
Esse é um trabalho de todos nós, e vamos ter de apostar nele, com calma, tempo e paciência, mas, para que não pensem que abandonei a célebre postura de "enfant-terrible", vou terminar este texto à... minha maneira.
De facto, não são só 7 pessoas que têm de ser convencidas, são 8, porque houve uma gaja, uma tal de Rita Seabra, que abandonou a sala, no momento da votação, para não violar os esteios que a ligavam ao chumbo determinado do PSD.
A mulherzinha parece que gostaria da Avaliação, e eu vou já avaliá-la aqui: querida, quem trai uma vez trai todas. Você traiu um partido, para apanhar uma boleia de um outro, quando o segundo parecia "estar a dar" mais do que o primeiro, e enganou-se ligeiramente, porque nunca mais reganhou qualquer diginidade.
Para mim, como para muitos Portugueses, trata-se de um puta, como muitas há, e o seu lugar não seria na Assembleia da República, mas numa das esquinas do ramo, para angariar fundos para as criancinhas com fome.
Portanto, um Bom Natal para si, Dona Seabra.
Abra-se..., isso..., vá-se abrindo, que a gente até gosta de a ver abrir-se toda...


("Pot-pourri", no "Arrebenta-SOL", no "A Sinistra Ministra", no "Democracia em Portugal", no "KLANDESTINO", e em "The Braganza Mothers")

2 comentários:

Anónimo disse...

Está quase! não passa de Abril. Safou-se no Outono, não passa da Primavera.

Bandarra

quink644 disse...

Adorei a imagem: Lurdes Rodrigues e os seus dois testículos...
Não me vou esquecer, é brilhante... Merecia um boneco do Kaos...
Quanto aos outros colegas que se vão zangando, tenham calma, temos tempo e um alvo para nos zangarmos: Lurdes Rodrigues e os seus dois testículos...