20070912

Destruir a Escola Rural... ou refundá-la?

“”Os nossos governantes lançam foguetes porque, em vez de umas quantas escolas "más" que fecharam ("maldades" que cabia ao poder ter evitado ou reparar), abrem agora uma com mais de vinte salas e mais de duzentas crianças da idade primária.

Mas continuará a ser uma escola... ou irá a caminho de ser uma caserna? Não bastaria o exemplo das escolas secundárias com dois e três mil alunos que destroem qualquer possibilidade de uma comunidade escolar real?

Ora, mais de duzentos alunos em idades que incluem muitas crianças de apenas 6 ou 7 anos é, creio, mais do que aconselha uma transição gradual do ambiente da família para o ambiente social alargado, que caberia fazer aos primeiros anos de escolaridade obrigatória.

Com excepção dos casos mais extremos, as justificações "pedagógicas" para o encerramento de milhares de escolas rurais são poeira para os olhos.

Distribuído pelo jornal Público neste Inverno, o filme Ser e Ter (Être et Avoir, na versão original), que teve retumbante êxito em França, e que é real e não ficção, mostra bem como uma escola rural de 13-14 crianças com idades desde os 4 aos 10-11 anos, pode ser uma excelente escola.

O poder está apostado em destruir a escola rural, em muitos lugares ainda a única âncora que segura tenuemente as famílias à terra. Esse fecho, como aliás o de outros serviços, é uma clara opção política na concentração da população, na sua expulsão subreptícia dos lugares rurais ainda não inteiramente "urbanizados". Hoje Resende, amanhã o Porto, Aveiro ou Lisboa, depois de Amanhã a Espanha, a Suíça, a Austrália.

Numa política de revalorização do espaço rural seria a viabilização e não a destruição da escola rural a opção. Há décadas que em França existe um movimento no sentido da refundação e valorização da escola rural, que bem preciso seria em Portugal.

Adiante um saite e um excertos dele: http://ecole-rurale.marelle.org/

A primeira de uma lista de propostas:
Propositions (résumé ; politiques municipales)
Résumé des propositions.
1- Maintenir les petites structures scolaires (écoles, collèges) dans tous les cas où existe un projet allant dans le sens d'une évolution de l'école (transformation pédagogique, ouverture vers la communauté, liaisons et collaborations intercommunales, nouvelles structures, réseaux), et où les 3 partenaires (parents, enseignants, collectivités locales) s'impliquent résolument, s'engagent financièrement et moralement dans sa mise en oeuvre et y collaborent.

É claro que existir ou não o projecto aludido depende também muito das políticas públicas de educação e da escola!

(…) “”

Chama-se a atenção para quem se interessa por estas coisas para: http://ecole-rurale.marelle.org/Sambin-2007.htm

nota: recebido por e-mail via grupo Ecoaldeias, por José Carlos Marques


2 comentários:

cris disse...

interessante post.... agora a sério. Sempre tive asensação que os nossos governantes apenas importavam o que depois de experimentado havia dado mau resultado no país de origem... Aqui tem um exemplo vivo do que dá resultado... mas preferem construir fábricas autênticas, enfiar tudo ( todos os meninos) no mesmo saco, reduzir o número de profs, aumentar-lhes o nº de horas de trabalho, diminuir a qualidade de ensino e o respeito pelas características individuais de cada aluno, aumentar o número de alunos por turma, e contribuir em suma para a bestialização do ser humano em detrimento da decência e do gosto de aprender. Sobretudo de aprender a dizer não...

Abraços da
Toupeirinha

Anónimo disse...

Toupeirinha e Pordentro, nem sabem o que descobri hoje sobre modelos de escolas! LOL Depois conto!