20071123

Porque não nos esquecemos

Paula Barros disse...

Tentei entrar em directo no debate, mas a minha vez não chegou... lamento.
O meu nome é Paula Barros, pertenço ao blog averdadeacimadetudo e faço daqui um pedido -visitem-nos, comentem, precisamos de todos, os que têm e os que não têm problemas pois isto, neste momento, é um caso de cidadania.
Tive pena de não ter entrado em directo e isto porque tinha para além da matéria do programa algumas perguntas para fazer ao "Dr." que representava as Juntas - pelo menos é o que parecia.
Diz ele, a certa altura que os médicos das Juntas têm de ter 'coragem'. Meu caro senhor, isso é uma grande verdade. Têm de ter coragem para tratarem as pessoas que lá aparecem - doentes, portanto, - abaixo de cão; têm de ter coragem para fazerem humor com a dor dos presentes; têm de ter coragem para interromper as pessoas de uma forma totalmente malcriada quando estas se tentam defender; têm de ter coragem para decidir do futuro de uma pessoa em 5 minutos; têm de ter coragem para fazerem tábua rasa dos relatórios de colegas, na maior parte das vezes, tenho a certeza, com muito mais qualificações do que eles.
É verdade, meu caro senhor, os médicos das Juntas têm de ter 'coragem', pois, se não a tivessem e fizessem o oposto do que diariamente fazem transformar-se-iam naquelas pessoas que, quando se formaram fizeram o Juramento de Hipócrates, teriam de passar com cada doente o tempo necessário ao seu caso particular, teriam de saber ler e analisar os relatórios que lhes são entregues com o respeito que esses relatórios merecem … resumindo, pois a lista seria por demais extensa, teriam de conceder a reforma a quem dela tem necessidade....e correr o risco de serem dispensados de continuarem a fazer parte das Juntas Médicas por não actuarem da forma que lhes é indicada, o que, acredito, nesta época tão focada no desempenho dos funcionários públicos e não só, seria bastante perigoso para o seu futuro.
Digo, portanto, que os senhores das Juntas Médicas tiveram a CORAGEM de se demitir, como médicos e como Seres Humanos, para poderem todos os dias fazer e refazer as enormidades de todos conhecidas. Com essa CORAGEM, como conseguem dormir descansados à noite? 'coragens' destas, meus senhores a quem não chamo Drs pelo respeito que tenho a alguns, esses sim médicos, que têm acompanhado milhares de pessoas nestes últimos tempos, como o psiquiatra que me acompanha ao longo de já 4 anos, 4 Juntas Médicas da CGA, entremeadas por 2 recusas de Juntas de Recurso, 'coragens' dessas não precisamos...agora se de repente essa 'coragem' se transformasse em vergonha pelo que têm feito, se reflectissem como se afastaram do que sonharam para a vossa caminhada profissional, aí sim, o respeito pelo vosso trabalho por parte dos milhares de funcionários públicos e outros, na Segurança Social, que se apresentam perante vós iria crescendo.
Meus senhores das Juntas Médicas, para os senhores nunca será tarde começarem a enveredar por um caminho mais digno... já do lado das pessoas que vos procuram para pedirem uma reforma, o tempo pode ser curto.
Obrigada por terem lido

Paula Barros (Blog AVERDADEACIMADETUDO)

["SOBREVIVER ÀS JUNTAS MÉDICAS" in sociedade-civil.blogspot.com]



Nota: Há quem não tenha sobrevivido e não é por isso que estes sinistros abdicam da sua vida de luxo. Raios os partam.

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