20080212

"Ilegal" devia ser considerado o Valter Lemos

«Amigos,

Enviei o texto que se segue para o Público e escrevi uma carta para o Expresso. Como não sei se vão publicar, gostaria que divulgassem o texto pelos V. conhecidos. Através da net poderei alertar o máximo número de pessoas para o que se está a passar com a reforma da música. Agradeço que reenviem para os V. contactos.»

Rosário, mãe de um aluno da EMCN (Escola de Música do Conservatório Nacional) de Lisboa


TEXTO

Sou mãe de um jovem de onze anos, que entrou para a Iniciação de Cravo na EMCN (Escola de Música do Conservatório Nacional) de Lisboa e presentemente encontra-se no 2º grau.

Não percebo porque se deseja reformar o que funciona bem. A EMCN de Lisboa tem um Projecto de Escola verdadeiramente fabuloso com excelentes professores e com três regimes de frequência que possibilitam às famílias a melhor escolha consoante as suas necessidades. O ensino integrado pugnado pelo ME vai obrigar o meu filho a abandonar o agrupamento de escolas da sua residência, onde se encontra matriculado desde os seis anos (1º ano do 1º Ciclo).

Por que é que o ME não apoia as boas práticas da EMCN de Lisboa e não as estende ao país? Por que é que o ME não está orgulhoso da EMCN de Lisboa, dos seus professores e dos seus alunos?

A idade para iniciar a aprendizagem de um instrumento depende do tipo de instrumento; assim, nos arcos e piano deve começar-se o mais cedo possível – 4, 5, 6 anos no máximo. Nesta perspectiva e apresentando um projecto inovador, a EMCN de Lisboa levou para a frente as iniciações e a criação de pólos em zonas limítrofes de Lisboa para dar apoio às famílias, que desejavam que os seus filhos pequenos estudassem um instrumento e não tinham possibilidade de os trazer a Lisboa; foi, também, uma forma de alargar o ensino de instrumentos a um público mais vasto. Um governo (que não sei qual foi) apoiou a medida e legislou a existência das iniciações, que o Senhor Secretário de Estado, Valter Lemos, na reunião que teve no passado dia oito do presente mês com os professores, funcionários e pais de alunos da EMCN de Lisboa, designou de ilegal.

Este ME baseia-se na LBSE para querer implementar o regime integrado como o único regime de frequência. Os outros governos anteriores, mesmo socialistas, nunca puseram em prática esta parte da legislação porque penalizaria enormemente os alunos e as suas famílias – há alunos que vêm de Torres Vedras, Alenquer, Barreiro, Setúbal, Amadora, Sintra que só podem frequentar o regime supletivo ou o articulado, que são os que lhes permitem estar na escola/agrupamento da sua residência, levantarem-se a horas decentes, terem aulas e depois, geralmente, da parte da tarde, deslocarem-se para a EMCN de Lisboa, onde têm em dois ou três dias aulas de instrumento, formação musical, coro, expressão dramática, etc. Se este governo apostar no regime integrado estes alunos vão, concerteza, abandonar a música (provavelmente vamos perder futuros "Viana da Mota", "Maria José Falcão", "Maria João Pires", "Pedro Burmester" e muitos outros), porque não há um pai ou mãe que deseje que o seu filho acorde às cinco da madrugada para vir para Lisboa! Será isto uma opção democrática? Será isto a igualdade de oportunidades para todos?

Rosário Rodrigues Leal

(recebido por mail)


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