By KAOS
Dedicado à Kaotika, à Moriae, à C. Rolo e a todos os totós que ainda não perceberam que a verdadeira Educação é a liberdade de poder andar na rua, a dizer palavrões, de telemóvel, naifa, e a assaltar bolsas de cotas, em dia de receber a pensão ("Sou titular de roubar velhas, ó chavalo!...)
Estava eu a pensar, andamos nós aqui a perder tempo, há uns dias, em redor de coisas que não valem um corno, o fim do mundo já aí vem, com os Judeus a especularem nas Bolsas o preço do petróleo e do arroz, e as crises nervosas da badalhoca, o que nos anda a fazer falta é um daqueles textos de caixão-à-cova, que são citados nos blogues todos, e no "Público", e no "Sol", e no "Expresso", e na "Sic", e etc e tal, e que aparecem nas anedotas todas da esquina do dia seguinte, e a modos que,
derivado a isso,
penso de que
estava na altura de o escrever, mãos à obra,
"portantos",
hoje, a Comissão Nacional de Educação, ou lá como se chama essa porcaria, através de um gajo que parece um daqueles que estão pintados, em cor de múmia escura, desde o séc. XIX, nos Passos Perdidos da Assembleia da República, e que não deve ter evoluído muito desde então, excepto através de umas reformas que fracassaram em França, há vinte anos, e, portanto, estão maduras para aplicar já por cá, veio dizer que deviam fundir o 1º Ciclo, com o 2º Ciclo, isto, para os mais antigos, quer dizer que a velha Quarta Classe ia cavalgar o velho Ciclo Preparatório, com uma pequena diferença, que é a de aquela professora única, que dava reguadas, e punha orelhas de burro, e obrigava as criancinhas a calcular decâmetros cúbicos em hectómetros quadrados, e a saber, de cor, as linhas todas que ligavam as cubatas do Distrito do Bié, ia agora também dar aulas aos mais velhinhos, na terminologia moderna, aos 5º e 6º anos, ensinando-lhes tudo ao mesmo tempo, Português, Matemática, Francês, Geografia, Ciências da Natureza, História, e o resto mais, justamente quando eles já começam a dar ares da sua graça, e a atrair os olhares daqueles cavalheiros do "Casa Pia", cujos nomes vieram a público, mas foram apressadamente arrumados na gaveta, valha-me deus, gente séria e honesta não tem vícios desses, isso é só para o Bibi, a modos que, devido a essa iluminação do Conselho Nacional de Educação, as criancinhas iam ficar muito traumatizadas, com passarem de um professor para vários, em vez de estarem fechadas sempre na mesma sala, a apanhar reguadas, e com chuva em cima, e a criar bolor, defronte de mapas fedorentos com as culturas do cacau de São Tomé e Príncipe, e as mamas das pretas de Mozambique, e mais a fotografia do Maior Português de Sempre, e esse cavalheiro do séc. XIX devia era sair do seu cantinho bafiento e ir vê-los, sexta e sábado à noite, ali, para Santos, os pívias todos, à porta das discotecas, muitos deles ainda sem buço, para perceber que o grande traumatismo é não haver papel para uma b'jecas, e o porteiro dizer "hoje não entras aqui, ponto final!...".
Claro que eu estou a misturar tudo, mas isso é indiferente: eu sou um criador de textos das Novas Oportunidades, de maneira que vale tudo, até o ombro esclerosado do Paulo Pedroso, e comecei a pensar bem, a pensar bem, a pensar bem, e descobri que a figura queirosiana até tinha razão, isso do professor único era uma ideia bués bem esgalhada, porque ia pôr na rua não sei mais quantos professores, portanto, ECONOMIZAR,... calma, economizar, mas coma desculpa dos... "traumatismos", mas, eu, que sou pessoa de visões largas, pensei, não, a coisa não pode ficar por aí, deve ter um alcance ainda mais vasto, então, as criancinhas, que já nem uma conta sabem fazer, ou soletrar, por debaixo do retrato do Maior Português de Sempre, o nome que lá está escrito "S-Ó-C-R-A-... Sócra o quê, senhora professora, não percebo!...",
e foi então que se me fez a verdadeira luz: isso do Professor Único era uma Epifania do que o berço-dá-o-caixão-o-leva, e o Professor Único era uma coisa, eventualmente, para começar na cama da mãe, mal casada, ir por ali fora, 1º, 2º, 3º, 4º, 5º, 6º... e... e... a novidade vem aqui..., o jovem ia crescendo e o professor com ele, sempre por ali, fora..., por ali fora... por ali fora..., até chumbar nos Exames do 9º Ano, e... e... e... ainda mais além, a levá-lo ao colo até ao 12º, e a sentá-lo, depois, nos bancos do Primeiro Ciclo de Bolonha, e... e... e... acompanhá-lo até ao fim, ao "Mestrado" (cof. cof. cof...), já meio cheché, daqueles que usam uma meia de cada cor, tipo Professor Tornesol, com um teclado todo deitado para fora das beiças, como o do Mariano Gago, que parece um Piano Steinway, depois de ter galgado três lanços de escada abaixo, num prédio velho da Mouraria, e o curso terminava numa apoteose, que essa é que acho que vocês, que, se já estavam de boca aberta até aqui, ainda vão ficar mais, porque este percurso do Professor Único NUNCA poderia culminar num Diploma, não... mas, sim, acabar num cartãozinho de visita do já-fiz-a-cadeira-pois-obrigado... e essa, sim, será a generosa revelação: que cada Português possa ter a alegria de ter sido um pequeno sócrates, com um professor único no início dos estudos, e um professor único, no final da Academia, como Sua Excelência, o Primeiro-Ministro da República das Bananas, que teve uma alma boa, que lhe deu tudo, na recta final, as Estruturas Especiais e Não-especiais, e um Projecto de Cúpula, baptizado de Benza-te-Deus, e com o motorista do Estado, à espera, à porta... e, olhe... até poderia ser a fumar!...
De aí, o Inglês, logo no berço, mas não seria qualquer Inglês, teria de ser Inglês Técnico, porque ter Inglês Técnico, na Primária, dá de comer a um milhão de Portugueses..., ah, sim... e mais a Música, sim, porque a Música é que nos andam a dar, até ao dia em que nos fartarmos e fizermos saltar um destes gajos com uma valente marretada nos cornos...
Ah, já me esquecia: professores únicos é uma espécie rara. Raríssima. Sugiro o próprio Preceptor de José Sócrates, António Morais, ou alguns, poucos, outros, que têm a escola toda. Ensino Público para quê, se nos podemos sentar ao lado de Isaltino Morais, Pinto da Costa e do "Major", e... aprender?...
"Professor Vítor Constâncio, por favor, ensine-me então lá como é que é..."
Puta que os pariu!...
(Edição hexagonal no "Arrebenta-Sol", "A Sinistra Ministra", "Democracia em Portugal", o "KLANDESTINO", "The Braganza Mothers" e a "Vaga Liberdade" )
7 comentários:
Mas que 'raio' de inspiração!!!!
"(...)que parece um Piano Steinway, depois de ter galgado três lanços de escada abaixo, num prédio velho da Mouraria, e o curso terminava numa apoteose, que essa é que acho que vocês, que, se já estavam de boca aberta até aqui, ..." e depois o Inglês ... mas que retrato fiel caríssimo Arrebenta!
Apoteótico!
Fantástico!
Excelente resto de semana, Arrebenta.
Caramba!!! O texto é delirante,mas por muito que estrebuchem, a Lurdinha resiste......................
Como dizia o outro, só tenho um "adjectvo": gostei!
LOL
Só faltou, desculpe a presunção, acrescentar que a criatura , a tal que vai aí acompanhada pelo prof únco para não haver transições bruscas que fica traumatizadinha para o resto da vida, a pobre!, ao ficar um tanto violenta que isto de andar sempre acompanhada por um único prof ou por vários, para o efeito tanto dá , dizia eu para não esfaquear ninguém nunca pode reprovar , se for vadio a mesmacoisa e etc... e tal... e então para evitar a violência , agarra-se nela e mete-se nas aulas na faixa etária a que pertence e num ai! está no fim dessa coisa do Bolonha... com um canudo na mão... que nem a ele nem aos outros vai servir para nada ...mas isso agora não interessa...
Grande análise.
Bom feriado!
... é pró bujão. Mai nada...
Vejo que o autor é de verbo fácil. Quer dizer... de adjectivo fácil. Parabéns
Bem haja.
Seriedade com piada fez-me bem.
searavermelha
Excelente análise, como sempre! Alucinante com a realidade que temos. Menos risível esta!
Abraços
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