20080531

Orchestral Manoeuvres in the Dark

Voltamos hoje ao tema da Censura e da Visibilidade. Portugal não é, nunca foi, dificilmente será, alguma vez, um país de transparências. Como citei, no acto abrupto de encerramento do primeiro "The Braganza Mothers" (convém que releiam e revejam os estilos dos comentários, pois, brevemente, voltarei a eles, num texto que se intitulará "Os Quatro Temperamentos"), já, no séc. XVIII, o Abade Correia da Serra, emérito pensador e cientista desta terra de iliteratos das coisas exactas, dizia que "Dentro de cada português, mas dos puros, vibra a alma d'um familiar do Santo Ofício. A Nação não presta", e todos nós, pelo menos os que ainda pensamos sabemos que não presta mesmo.
Blogosfericamente, temos sido um espaço de livre criação e pensamento, coisa que é fatal num país de gente que não presta. O "Arrebenta" -- e agora falo eu, enquanto ortónimo -- é uma personagem com o seu carácter, força e fragilidades típicas de qualquer criação literária. Sobrevive, por mim, enquanto puro exercício de estilo; pelos outros, porque sei que muita gente sente, através do seu modo muito característico de expressão, uma forma de alegria. Desde a reabertura do Segundo "Braganza" que vos preveni para poder, eventualmente, ser uma figura a... prazo.
Vivemos um dos períodos mais pardos da nossa História. Não sei como vamos sair dele, nem se sairemos a bem. De dia para dia, me chegam rumores e relatos de que não sairemos a bem... Brincámos um pouco a tourear governos, mas as coisas agravaram-se de tal modo que tourear governos pode levar ao colapsar do Regime. Creio que, nisso, todos nós temos a velha posição churchilliana de que a Democracia é o pior dos Regimes... depois de excluídos todos os outros, e isso contaminou-me o humor. Não me apetece gracejar num tempo assim, porque, sinceramente, não me apetecem totalitarismos, nem contribuir para o seu florescimento.
"The Braganza Mothers" não é um ninho de revoluções, mas antes um espaço de intervenção cívica. Isso, num país de censores e de lixo humano, gera corpos e anticorpos, e não é por acaso que o nosso "deficit" de intervenção, ao nível da Cidadania, nos atirou para a Cauda da Europa, pelas mãos de figuras menoríssimas, como Durão Barroso, Cavaco Silva, ou José Sócrates, entre aqueles de que me lembro agora, pela sua actualidade, mais os respectivos "abades", que os cercam, e cada vez mais cercarão.
Temos inimigos com poder e relações, que realmente não prestam, e que se dão ao luxo de nos insultar, como poderão rever AQUI. Não é isso que nos preocupa. É justamente para, e contra esses, que a nossa actividade tem sido profícua. Somos o país dos monopólios, dos cartéis, dos conluios e dos "polvos", a terra fria da Justiça selectiva, onde nada que é mercado funciona, mas apenas o poderoso imperar estrangulador de gente censória e medíocre, que nem os piores sonhos de Marx ou da Santa Inquisição poderiam deixar prever. Morrem (?) algumas coisas, como o "Vaga Liberdade", e erguem-se outras, como a "Nova Águia", e talvez tenhamos de reflectir sobre o que se está a passar por lá...
Somos, na nossa estranha maneira, uma Odisseia, recheada de peripécias, actos gloriosos e tempos de nuvens. Hoje, mais uma vez, uma mão cobarde lançou outro dos seus traços patéticos, transformando -- podem clicar na imagem, para confirmar -- o projecto www.twingly.com , de interacção Jornais/Blogues, num espaço de censura.
É verdade: lá está, à direita, um botãozinho "RELATAR", onde, em hipótese, as mesmas mãozinhas que "relataram" "As Vicentinas de Braganza" como espaço de conteúdos reprováveis, bloqueiam agora, ou tentam bloquear, a interactividade entre os espaços jornalísticos e blogosféricos.
Em termos práticos, é... irrelevante. Sei quem nos lê, e não é por vir por blogues... relatados, ou referenciados, que virá menos ler-nos. O problema está no acto, em si, que revela a porcaria do costume, e aquele velho modo português de estar, como referiu -- contaram-me -- o Pulido Valente, que execro, enquanto carácter, mas considero de notável escrita, ao dizer que "o Português não gosta de Liberdade, mas de Igualdade", e Igualdade deve entender-se aqui como um total nivelamento por baixo. É, nisso, um povo notável, que conseguiu cumprir o seu objectivo: criar um ajuntamento de medíocres que enformaram, e enformarão, a Cauda da Europa.
Ficámo-nos pelos inimigos hipotéticos. O clima entre colaboradores deste espaço não tem sido, pelo que tenho observado, dos melhores. A agressão interna tenderá para a desagregação do espaço, e para o esfregar de mãos de contentamento de todos os que nos detestam, e, embora menos do que aqueles que nos cultuam, são muito menos, mas infinitamente mais poderosos.
Passadas as hipóteses, regressamos aos velhos espectros. Desde o primeiro "The Braganza Mothers", há sarro que não sai com produto de limpeza nenhum. Anda por todo o lado, e as caixas de comentários são, enfim, um nicho natural, como os ácaros e os colchões. Não vou voltar a ele, porque -- e volta a falar o ortónimo -- vi-o uma vez, e era igual a milhões de almas sem rumo, tirando os tiques dos olhos, que não percebi, na altura, serem sinal de desequilíbrio mental. Paciência. Não me parece que por causa de uma tarde se tenha de penar o resto da vida... Aparentemente, é alguém que coexiste muito mal com os seus actos e a sua consciência. Tenho de confidenciar que há pessoas, colaboradoras deste espaço, que me começaram a pressionar para tomar medidas mais drásticas. Não faz parte do meu carácter, mas não sei até onde irá a paciência. Investigaram por mim, e descobriram coisas extraordinárias, que deixam revelar o pior: apagou, ou tentou apagar, tudo o que era rasto virtual, o que é difícil -- deve dar muito trabalho -- e revela um interior... execrável. Que poderá pensar cada um dos nossos leitores de alguém que se tentou irradicar de usuário da "Wikipédia", que alterou os seus contactos de telemóvel, que apaga o seu próprio blogue e muda de próprio telefone fixo (!), e mais tudo aquilo que não sabemos e de que nem sequer desconfiamos... Não, não é brincadeira: são dados fornecidos por quem connosco trabalha e colabora, muitas das vezes, invisivel e gratuitamente, como sempre.
Sinceramente, não me apetece dar mais pistas: têm todos os motores de busca para procurar os rastos e referências suficientes.
Perguntar-me-ão, depois de todo este texto, qual o sentido da minha intervenção. É muito simples: cansa passar o tempo com esta porcaria atrás. Criar textos do "Arrebenta", por mais corridos e naturais que possam parecer, consomem energias e requerem uma minúcia artística muito peculiar. Sendo este um espaço colectivo, serve este meio para que, entre criadores, leitores e comentadores, se tente encontrar uma ou várias saídas para acabar, de vez, com este flagelo. Trata-se pois, de a abertura de um espaço de reflexão, para encontrar uma saída COLECTIVA para mais um impasse. Meus caros, o destino deste espaço, está, a partir desta hora, nas vossas próprias mãos.
Agradeço-vos antecipadamente.
Muito boa noite.

5 comentários:

Anónimo disse...

Peço que alguém que tenha oportunidade de dar um abraço à Moriae que o faça por mim.

pordentro disse...

Cara maria josé, será dado e anunciada a origem no aperto... não se pode apertar muito mas será sentido :)

Estas suas palavras batem certissímas com palavras dela: "... apetece-me tanto dar-te um grande abraço..."

p.s.: Arrebenta, como seguramente diria a Moriae... Excelente, meia bola e força neles! (a expressão é minha, todavia :))

Anónimo disse...

Querida Maria José,

o Pordentro acabou de me abraçar por si e foi retribuído com todas as minhas calminhas forças neste momento.

Um enorme beijinho também!
M.

Anónimo disse...

Tenho-me lembrado de si. Não sei porquê, ou talvez sim: gosto de si!
Uma recuperação em FORÇA!
Beijinho

Anónimo disse...

É recíproco... não me quer escrever um mail????? Eu explico depois ...
bjinho :) [só agora li o comentário, desculpe-me a resposta]