De forma cirúrgica, Bárbara Wong ('Público') recolheu depoimentos de dezenas de professores. E o panorama é claro: os professores sentem-se como marionetas do ministério. De facto, os nossos professores estão nas escolas não para ensinar as crianças, mas sim para preencher fichas que alimentam a gula burocrática dos pedagogos do ME. Ora, os professores, em parceria com os pais, têm de lutar contra este centralismo ministerial. As escolas precisam de autonomia. É urgente perceber que Escola Pública não significa necessariamente Ensino Centralizado.
O conselho directivo de cada escola deveria ser responsável pela contratação dos seus professores (autonomia burocrática) e pelo desenvolvimento do seu projecto educativo (autonomia pedagógica). Ou seja, as escolas secundárias de Famalicão e de Odivelas deveriam ser instituições com alma própria, e não meros tentáculos da Av. 5 de Outubro. Neste sentido, convém desfazer outra falácia que envenena o debate: os bons resultados das escolas privadas não resultam do seu carácter 'privado', mas sim da sua orgânica 'autónoma'. Com a autonomia que aqui defendo, uma escola pública pode ser tão boa como uma escola privada.
O cerne da questão não está no proprietário da escola (Estado ou privados), mas no modelo organizativo. No modelo vigente, o professor serve uma burocracia central viciada nas estatísticas para inglês ver. Se Portugal adoptasse o modelo descentralizado, o professor passaria a servir a comunidade onde está inserido.
O ME tem de perder influência na vida das escolas. No futuro, um bom ministro da educação será aquele que retirar poder ao seu próprio ministério."
Opinião de Henrique Raposo publicada Aqui
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