20080922

UMA REFLEXÃO EM TORNO DA EDUCAÇÃO


"A 'nossa' educação

Será que faz sentido termos que pagar para garantir a qualidade da educação das nossas crianças?
Esta foi uma das questões levantadas há uns tempos num artigo na revista deste semanário sobre estrangeiros a viver em Portugal.
Tendo eu mesma já estado no papel de 'estrangeira' a viver fora do país, foi com grande curiosidade que li os testemunhos destes indivíduos que afirmaram trazer Portugal no coração.
No entanto, foi com pesar que me confrontei com algumas das falhas da sociedade Portuguesa trazidas a cru com a frontalidade típica dos povos não latinos.
Uma das falhas mais apontadas foi o quão estranho era a naturalidade com que o povo Português encarava o recurso ao ensino em colégios privados como medida de salvaguarda da qualidade de educação. Para muitos destes estrangeiros esta é uma realidade oposta à que estão habituados nos seus países de origem, pois na generalidade dos países europeus a educação é gratuita e disponível à população como um todo, primando pela excelência.
Cabe-nos então repensar a validade do actual sistema educativo que estimula um fosso de conhecimento entre as várias classes sociais e depaupera inúmeros orçamentos familiares.
A formulação de medidas que incentivem uma educação de qualidade acessível a todos não passa pela abolição dos estabelecimentos privados em contrapartida de um acréscimo de escolas públicas, mas sim por um repensar do papel do Estado como financiador "versus" fornecedor da educação.
Ao assumir o papel de financiador, trará liberdade aos alunos na escolha da escola a frequentar, estimulando competição entre instituições, e incentivando o aumento de qualidade das mesmas.
Só com esta óptica de estímulos à excelência de educação, acessível a todos, é que conseguiremos maximizar o crescimento do capital humano e o desenvolvimento da nossa sociedade."
Opinião de Rita Coelho do Vale, texto retirado daqui
CONSIDERAÇÕES MINHAS E FINAIS:
Quem não estará de acordo com aquilo que é preconizado neste texto?
Ora, todos nós sabemos que isto é o invés do que tem sido e do que está a ser feito!
O folclore para inglês ver dos cheques de 500 euros, o inglês no 1º ciclo para folclore fazer, o carnaval que vai pelas escolas deste país a instalar um computador por sala, o incremento da acção social escolar como se de misericórdia se tratasse (se não tirassem aos pais já não era necessário darem aos filhos!), será que tudo isto tem alguma coisa a ver com uma educaçao de qualidade? Já para não falar (porque nem vale a pena) das aulas de substitução... e da escola a tempo inteiro, que, na realidade, favorece os patrões...(há sempre mais um bocadinho para além da hora...).
As questões que são dadas como verdadeiros combates do ministério da Educação para travar o insucesso e o abandono escolar são falsas questões.
A política educativa, para ser frutífera, tem de ser acompanhada por uma verdadeira política social (contrária ao código do trabalho que aí está) e por uma verdadeira política cultural (quanto a esta área estamos falados...)
Se Portugal é um país em falência, como poderá alguém afirmar, sem estar a mentir, que "As mudanças introduzidas nos últimos três anos criaram um verdadeiro movimento nas escolas públicas. Quem honestamente e objectivamente olhar para a escola de hoje e a comparar com a realidade de há três anos atrás, não pode deixar de concluir que está melhor"? LER NO SEU CONTEXTO ESTA CITAÇÃO
Quem está por dentro daquilo que é a escola pública sabe que ela nem está mais segura, nem mais moderna, nem de melhor qualidade. E que, nestes últimos três anos, foi instalado um clima na classe docente que incentiva o isolamento, a competitividade doentia, para além de um desgaste e descontentamento nunca antes vividos.

1 comentário:

Anónimo disse...

De todo Hurtiga ...
Tem que se lhe diga.
E ... nada como esta falta de comentadores e de pessoas que se assumam para dar razão ao drama que apontas.
Amanhã é outro dia e felizmente, estes textos não desaparecem.

Cá estaremos ( e eu menos cansadita para comentar este post fantático)

Bjo,
M.