«Como foi possível passar da contestação à obediência, da revolta à «servidão voluntária» como lhe chamava La Boétie? Indiquemos um só mecanismo que o Governo utiliza: a ausência total de resposta a todo tipo de protesto. Cem mil pessoas na rua? Que se manifestem, têm todo o direito – quanto a nós continuaremos a enviar-lhes directivas, portarias, regulamentos a cumprir sob pena de…(existe a lei). Ausentando-se da contenda, tornando-se ausente, o poder torna a realidade ausente e pendura o adversário num limbo irreal.»
(...)
«No processo de domesticação da sociedade, a teimosia do Primeiro-Ministro e a teimosia da sua Ministra da Educação são técnicas terríveis de dominação, de castração e de esmagamento, e de fabricação de subjectividades obedientes. (...)»
(excertos de um texto de José Gil publicado na edição de 2 de Outubro de 2008 da revista Visão)
Nota: José Gil (nasceu em 1939) é um filósofo e ensaista português. Os seus trabalhos são em língua francesa e portuguesa. Estudou em França, nomeadamente com o filósofo Gilles Deleuze. Leciona filosofia na Universidade Nova de Lisboa e no Colégio International de Filosofia (Collège International de Philosophie) em Paris.
3 comentários:
Esta técnica não é nova em Portugal, não foi inventada pelo actual governo, foi praticada por muitos anos por Salazar e, mais tarde, por Caetano. Cá se fazem, cá se pagam...
Esperemos que sim caro amigo!
Abraço,
M.
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