20081021

Duas manifestações são mais do que uma

Pois eu acho que devem de ir para a frente as duas manifestações. Eu vou à do dia 8.

É hora de assumirmos as diferenças sem complexos e sem ressentimentos. A existir uma manifestação conjunta, qualquer que seja o seu impacto, entre as duas partes – que existem note-se – irá sempre haver uma delas que reclamará para si os louros; sejam quais forem os seus resultados, qualquer entendimento, acordo ou desacordo, qualquer proposta de próxima acção de luta, acentuar-se-ão ainda mais os desentendimentos e desacordos que sempre existiram numa classe, pela sua dimensão e natureza, multifacetada.

Dificilmente somaremos 100.000, muitos não irão porque nesses dias têm uma acção de formação sobre avaliação, outros porque vão estar ocupados na elaboração do regimento do seu conselho transitório, alguns porque passarão o fim de semana empenhados na recolha de materiais a cores para os seus portfólios. Não creio que sejam consequências do malogrado entendimento.

Sinceramente, desejo a ambas as manifestações o maior êxito.

Se a manifestação do dia 8 se evidenciar pelo sucesso, espero que, desta vez, não vão em estratégias políticas que se virem contra o feiticeiro e que cada sindicato vá ao encontro das expectativas dos seus associados nem que isso custe o fim da Plataforma (A Plataforma é uma criação artificial que congrega demasiadas visões diferentes de entender a educação, a classe e as lutas dos professores). Por outro lado, se os sindicatos não conseguirem um número de professores à altura da sua representatividade, terão de aprender com a lição e reflectir seriamente sobre as suas estratégias e sobre o seu funcionamento.
Se a manifestação do dia 15 se evidenciar pelo sucesso espero que, aqueles que a lideram, lhe saibam dar continuidade em resultados concretos que todos desejamos. Se não conseguirem uma presença expressiva, que lhes sirva para aceitarem a sua real dimensão e representatividade.
Será importante que a manifestação do dia 8 encha as ruas de Lisboa para que o governo e a opinião pública compreendam que os sindicatos têm uma palavra a dizer quando se trata de matérias que ofendem a dignidade e o trabalho daqueles que representam.
Será importante que a manifestação do dia 15 encha as ruas de Lisboa para que o governo e a opinião pública compreendam que o que está em causa não tem nada a ver com políticas sindicais ou com comunistas e que existem muitos professores que acham os sindicatos demasiado brandos perante a ofensiva em curso contra a escola pública e a profissão docente.

A existência de duas manifestações reforçará a presença da nossa luta na agenda mediática e provocará a discussão pública das nossas razões.

É a hora de aqueles que não se revêem em nenhum dos inúmeros sindicatos existentes perceberem que precisamos de lideranças nas mãos das quais arriscamos a nossa confiança e que ponham mãos à obra e criem uma organização de acordo com as suas aspirações. Quero acreditar que o vão fazer, caso contrário, provavelmente, apenas trarão à rua o caos e a divisão.

Considerações do tipo “quem é que marcou primeiro?” ou “quem é que paga o autocarro?” – perdoem-me, parecem-me demasiado infantis!

Dia 8 e/ou dia 15 o que interessa é não desistir! Nem dia 8 nem dia 15 é que não!

6 comentários:

Hurtiga disse...

Pata Negra,
se o que afirma no final do texto (sobre a infantilidade das considerações do pagamento dos autocarro) nasceu por causa de um comentário meu em que referia o assunto, passo a explicar:
Não me interessa rigorosamente nada quem vai ou não pagar os autocarros, eu até nem costumo ir dessa forma!
Quando o fiz, tive a intenção de elogiar os sindicatos, principalmente quando disponibilizaram transporte a colegas que, possivelmente, se assim não fosse, não teriam ido. Constou que resultou numa machadada nas finanças dos sindicatos, mas eles não deixaram de o fazer. Pensava eu que estava a ser positiva e, afinal, fui tida como infantil...

Pata Negra disse...

Não Hurtiga! Não nasceu por causa dum comentário seu!
Peço desculpa se transpareceu essa ideia - não sou fulanizador!
Um abraço à pata

Anónimo disse...

O melhor será fazerem uma a meio da semana (entre 8 e 15) assim ficavam todos satisfeitos. Ganhem juizo isto é uma vergonha.

Kaos disse...

Que querem afinal os professores conseguir com esta luta? Só acabar com a avaliação ou revogar todo o estatuto da Carreira docente? Esta deve ser a primeira questão que se devem colocar. Depois se for só a avaliação aquilo que os preocupa podem vir à manifestação de dia 8, mas se for o estatuto o problema então só podem vir à de dia 15 e fazer desse dia um dia de luta contra todas as leis desta Sinistra Ministra. A decisão é dos professores e da luta que souberem fazer

Anónimo disse...

Contra este estatuto redutor!!!! Dia 15 ...

Anónimo disse...

Porquê duas manifestações? Dividir para reinar? Não são os sindicatos que mal ou bem nos representa. Porventura alguma comissão de professores se pode sentar à mesa das negociações? Porquê o "orgulhosamente sós"? Não serão mandatários da Sinistra Ministra e dos seus capangas que andam a minar as mentes dos professores com esta ideia hostil aos sindicatos?