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Estou sempre cheio de dúvidas, mas raramente elas me enganam: ainda ontem despejei, por todos esses espaços atmosféricos que frequento, que existia um caso de siamesismo inoperável, entre Lurdes Rodrigues e o Sistema. Os problemas são vários, e, sendo as sinapses muitas, é normal que uma coisa arraste as outras.
Num primeiro ponto, há muito que o Sistema ansiava por alguém tão desprovido de escrúpulos e emoções, como Lurdes Rodrigues. Insegura, irregular e obstinada, tudo o que emana, enquanto texto, das suas mãos, está errado, e não há Despacho, Disparate ou Capricho que não tenha imediatamente de sofrer uma errata no Diário da República.
Desta vez, a errata é histórica: "onde consta "Maria de Lurdes Rodrigues" deve ler-se "O Governo e a Presidência da República de Portugal, nas pessoas das tutelas dos vários Ministérios, Secretarias de Estado e Assessorias, incluindo, rectroactivamente, todos quantos, antes de ela, sem prejuízo dos abaixo indicados, ocuparam a mesma Pasta, etc"...
É, portanto, uma luta corporativa: a de gente que sabe que se pode chegar a Governante sem habilitações, sem prestar qualquer tipo de prova, e cuja avaliação final, boa, ou má, conduz sempre a um exílio dourado, numa prateleira de um Conselho de Administração daquelas coisas que até anteontem eram "excelentes", mas estão agora, em dominó, a cair umas atrás das outras, por... "insuficientes", ou "péssimas". E a luta desta Corporação, a quem aqui chamaremos os "Incompetentes do Sistema", vulgo Criminosos Responsáveis por todos os nossos atrasos estruturais económicos e culturais, desencadeou-se na mais perigosa das frentes: a das gentes COM habilitações, que tiveram de PRESTAR PROVAS e de CONCORRER para os postos de trabalho que ocupam, e que só através de AVALIAÇÃO periódica puderam progredir na sua Carreira.
Não conheço, e não há exemplo de ninguém, postado em Escolas, que tenha sofrido o empurrão da "Cunha para Cima", e, se houver, agradeço que se nos apresente, na caixa de comentários.
Havia um erudito meu amigo, já falecido, da Academia de História, que dizia que a Estupidez era sempre arrogante. Arrogante e audaciosa, em todas as suas formas, quer sejam Hipopótamos da DREN, quer "Engenheiros" pressurizados de Universidades delidas da História, sem deixar rasto, ou "Pai-já-sou-Conselheiro-de-Estado".
Nesta guerra não se safam, e fizeram bem em finalmente dar a cara.
Nas batalhas, geralmente, vai a massa bruta à frente: aqui, são as elites da preparação académica que declararam guerra aberta contra os incompetentes, os senhores da cunha, as pessoas que dormem mal com os processos que as tornaram passageiramente poderosas.
O Poder passa, a Cultura e a Inteligência, não.
Mais grave do que tudo isto, é a imensa massa de expectantes, que se perfila na sombra, à espera de escavar trincheiras, e que não vai trair, e antes espera pelo avanço desta vanguarda. Em Portugal, são centenas de milhar, milhões, que podem desequilibrar todo o Espectro Político, nas próximas Eleições, que serão várias, e críticas.
No ponto de não-retorno -- a célebre Cúspide de Thom -- deu-se a "Catástrofe", e poderia chover ouro, que nada reporia agora as permanentes desautorizações sofridas e os vexames públicos de uma vastíssima camada de Portugueses. Bem podem as Margaridas Moreiras e as Lurdes, mais os estrategas da Extrema Reciclada e "Anarquismos" (?) -- devias ter vergonha nessas cara, mulher... -- tentar reensaiar estratégias obsoletas de 30 anos: os seus adversários são agora as mais perigosas classes, as Classes Mornas, que, geralmente, nunca se movem, mas, mal se põem em movimento, nunca mais param, e trituram tudo à sua frente.
Dª. Lurdes, quer que seja sincero?... Eu não queria estar na sua pele, nem na dos seus muitos apoiantes.
Terminemos com algo de alegre.
Na Cauda da Europa, país destroçado por gerações de incompetentes políticos, hoje, a Poesia venceu: foi o dia de Odete Santos, e de todo o seu magnetismo.
É chegada a Era das Padeiras de Aljubarrota: há muito tempo que não ouvia um discurso tão emocionado, e tão destrambelhado como o meu -- aquilo de juntar Ésquilo e Capitalismo numa mesma frase nem a mim lembraria, e a mim lembram-me as mais extravagantes coisas... -- e não fui o único que se emocionou, embora o tema me fosse substancialmente desinteressante.
Creio que Ésquilo teria ficado de olhos arregalados, como eu fiquei, ao ouvir falar de "Capitalismo" no meio daquele crescendo emocional da melhor dramaturgia. Ao contrário de Ésquilo, que li aos 15 anos, nunca li Mao, e acho mau que se leia Mao, e, ainda mais por acaso, nem sei o que seja Capitalismo, e acho que nem me faz qualquer falta, porque já soa por aí que o futuro não é o Capitalismo: é uma espécie de generalizada China, de rédea curta, marcada por uma ideologia baça e férrea, com escassos bens materiais à mistura, e medo, muito medo, sei lá, uma pequena torta para o ano todo, feita de sócrates, aníbais, lurdes e ingredientes afins.
Lutarei contra ela até ao fim.
(Pentagrama guerreiro, no "Arrebenta-SOL", no "A Sinistra Ministra", no "Democracia em Portugal", no "KLANDESTINO", e em "The Braganza Mothers")
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