A entrevista de Margarida Moreira, ao Correio do Minho, não nasce do acaso natalício, mas de uma estratégia bem delineada, nomeadamente quando a Região Centro aderiu à revolta da Bounty e a Região Norte ainda tem franjas no baloiço. De facto, esta entrevista e as orientações/instruções da DREN sobre os Conselhos Executivos, mesmo antes do nrmativo do simplex 2 ter sido passado pelo Diário da República, teve efeitos imediatos em algumas das escolas da região, em que os medos/receios de alguns professores, como os da Escola Secundária de Alberto Sampaio de Braga, tendem a furar a solidariedade profissional contra a Tutela, nomeadamente quando pensam que nunca mais vão subir na carreira e quando consideram que o Governo dos mil anos tem pernas para andar ou quando pensam em desemprego, etc. (existem sempre inúmeras razões/desculpas para justificar o que não tem justificação...).
Se, estas almas perdidas tivessem vivido antes do 25 de Abril de 1974, estariam a chafurdar na merda e a comer os dejectos das masmorras do medo. Mas, muitos outros arriscaram contra o medo e perderam o emprego, foram presos e passaram por diversos SPAs da PIDE, acabando a vida na frigideira do Tarrafal.
Hoje, nada disso existe e no entanto o medo patológico, de cada um, condiciona a nossa riqueza (pobreza) relativa/comodismo.
Discordo da posição destes professores, mas sou obrigado a aceitá-los, porque os conheço, em termos de ética, de dignidade pessoal e profissional, e sei que a gestão dos medos em termos da psicologia de massas (William Reich tenta responder a este tipo de situações), perante o uso maciço da propaganda manipuladora das ameaças veladas por parte do Governo, via controlo dos Media, pode ter efeitos devastadores sobre as pessoas.
Aqui não existem heróis ou covardes, mas pessoas comuns que assumiram compromissos familiares e agora sentem-se inseguros (informação assimétrica), principalmente quando se vive uma situação económica de crise de proporções ainda desconhecidas.
Armando Nina, Professor Titular da ESAS
2 comentários:
Caro colega, Professor Titular:
é estranho, mas nem por isso deixa de ser verdade, que, infelizmente, aqueles que mais sofrerão com esta política, isto é, os mais novos, sejam os primeiros a boicotarem a luta que travamos. No tempo em que era dos mais novos, a escola era diferente, muito melhor, e os titulares da altura não pactuavam com nada do que não lhes parecesse correcto e, como tal, não o faziam. Aprendi muito com eles, com o seu exemplo e postura, se calhar não foi inocente a sangria que se tem verificado nas pessoas que já preenchiam as condições de se reformarem. É preciso que os titulares, enquanto o forem, sejam os primeiros, não a falar, mas a dar o exemplo, pois é com o exemplo dos mais velhos que se aprende.
Tenha uma boas festas.
Pois, pois, mas muitos dos que estão receosos, estão no 10º escalão e são Titulares; não sei se sonham com o 11º e 12º escalões ou...
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