20090128

Sobre o elogio (ou elegia?) ao fecho das Escolas de Aldeia - reflexão sobre Interior e Litoral


NÉVOA NO VALE - Filme de Vitor Salvador (excerto)



Agora, com mais algum tempo livre, li o capítulo 3 do tal Relatório da OCDE (e-livro completo aqui) e que afinal descobriu-se que não é da OCDE (!). Merece contudo algumas apreciações.

Não sei se recordam, mas em 2007 foi extinto o ICE (Instituto das Comunidades Educativas) tendo produzido intensamente vários projectos de ensino no interior do país, como comprova os articulados que seguidamente refiro:
Surpreendido, não está?
Pois é que a especialização da nossa sociedade é tal, que conhecemos só a realidade que a gente conhece.
Pois é, por isso que enquanto Pais, sabemos que os Professores do meu filho são excepcionais, só não conseguem dar mais porque são
x as condições....agora falar de de todos os Professores, bem eles (Professores dos outros) são y e z com chavões adjectivados de cariz negativista ou típico bota-abaixismo. Isto por mais comunicados sindicais, movimentos independentes de professores, de esclarecimentos públicos, conhecimento de casos de morte de professores perfeitamente evitáveis, a violência diária (perfeitamente evitável- aliás alimentada pelos media) , os professores com depressão, etc...

Várias reformas e contra-reformas do muda a cor e muda tudo
e aos saltos (4 anos em 4 anos, +/-) conduziu ou à apatia ou a um desejo de fugir do País pois caso contrário alguém tem que mostrar o peito às balas.

Pois é, temos a falta de combatividade, que é endémica e é cultural no nosso país.

Na minha perspectiva continua a falta de interconexão entre redes como os Ministérios mais importantes para gerir e fazer cumprir a LIBERDADE de ESCOLHA na Educação, nos serviços de Saúde e na área do Ambiente, etc.

O nosso País é atravessado por uma Geologia ingrata e assaz desafiadora, mas acho que estamos todos de acordo e mea culpa sobretudo por aceitarmos o abandono do Interior.

Por desculpabilizarmos e nessa crise perpetuar negócios da china à lusitana...e que perpetuam as políticas de periferização do Interior, sem envolvimento das populações, sem dinamismos (sentidos muito a custo por quem está no terreno, como a ASPEA e investigadores em Educação Ambiental e animadores comunitários).

A começar pela eliminação de muitas linhas de ferrovias, transformadas em museus- poucos, que eu saiba- e umas ecopistas e/ou ciclovias, interessantes, mas CLARAMENTE insuficientes, mesmo em centros urbanos- vemos Viena, Copenhaga, Berlim, etc perfeitamente reguladas para todo o tipo de transporte e com a LIBERDADE de escolha de mobilidade presente e em Portugal? Alguém tem que fazer uma petição porque a bicicultura mais uma vez é preterida e os ciclistas são excluídos mesmo em benefícios fiscais (sendo Portugal um excelente fabricante de bicicletas...)

Mesmo em escolas urbanas não há transportes públicos (???). É preciso dizê-lo. A lei e a ditadura do automóvel impõe-se condição única: professor=condutor!

Portanto, não é o nativismo, o que me move: é a destruição de recursos humanos, dinheiros mal gastos e oportunidades perdidas - não sei então porque serviu o Ano Internacional Contra a Desertificação (já com Sócrates no Governo!). Entre 2007 e 2008 fechou-se o ICE!

Conheço e vejo a realidade: a ideia é parola e irrita-me, pois é mais dinheiro para uns bolsitos e o resto dos outros que se amontoem nas periferias das cidades e acuso aqui os projectos turísticos (inacessíveis aos bolsos do comum português) e com uma invasão de terminologias anglófonas que me fazem questionar se sou morador em Portugal ou estou em Inglaterra...spas, garden houses, villages, cottages, e até Geopark Tejo (???). Ou as duplas e triplas habitações.Bem,...

Na verdade, na verdade, há muito tempo que já não há Portugal Profundo.

Um abraço ecourbano (porque onde está o Homem é um eterno agrossistema!)

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