20090416

O regime de Portugal tem uma grave doença que precisa de ser diagnosticada

Tenho reflectido sobre os rumos da democracia em Portugal e cheguei à conclusão de que o problema é que se trata de uma enfermidade não diagnosticada, ou um diagnóstico feito mas não reconhecido pelas gentes.

Portugal, desde há pelo menos 200 anos, passou de país colonizador a país colonizado, submetido por várias potências: primeiro a Grã-Bretanha, depois pelos países ricos da UE, com participação dos EUA.

Tudo se pode compreender melhor, incluindo a enorme quantidade de corrupção e falta de vergonha da classe política, se virmos este país como uma vulgar neo-colónia, seja do continente sul -americano, seja africano.

De facto, esses países têm (ou tiveram) regimes que até podem ser formalmente democráticos, mas onde uma pequena oligarquia manda, usando políticos corruptos para fazer o jogo da representação emanter assim o povo quieto.

Gostava de escrever um livro para fundamentar melhor e tornar mais popular esta tese. Preciso de colaborações sobre o assunto.

Escrevam-me:manuelbap@yahoo.com

Agradeço qualquer apoio que queiram dar-me.

Solidariedade,
Manuel Baptista

2 comentários:

Anónimo disse...

Consultar:
http://www.marxists.org/portugues/tematica/combate/01/manifesto.htm

Se fizeres a genealogia das correntes políticas desde o 25A 74 poderás compreender melhor porque digo que apenas os marxistas do jornal «Combate» dessa altura, além dos libertários, compreenderam à esquerda a verdadeira natureza do golpe militar e a lógica do regime daí saído...
Manuel Baptista

Anónimo disse...

Quando este projecto começou a germinar dentro de mim, percebi imediatamente que ele se devia a uma enorme frustração pelo que vejo e me apercebo do meu país. Pensei que tantas pessoas como eu têm vindo a exprimir essa raiva e frustração por tudo o que se está a passar aqui e agora. Mas a raiva, a indignação, a revolta, somente são algo de positivo, se desembocarem numa procura efectiva de solução para os problemas. Caso contrário, são apenas uma razão suplementar para amargar, para azedar interiormente. É por isso que lanço este apelo.

Existe um falhanço histórico da intelectualidade, das pessoas que têm maior responsabilidade, porque detêm saberes e meios de os divulgar. Os académicos, os docentes, membros de profissões em contacto diário com um vasto público, têm especial responsabilidade em explicar o que se passa. E têm essa responsabilidade porque detêm meios (os instrumentos, as ferramentas intelectuais) que os podem apetrechar a fazer a análise (diagnosticarem a doença) e desde logo a apontar caminhos para a «cura» ou a esclarecer quais as opções se colocam.



É uma tarefa ciclópica, por isso eu sei que nunca a irei realizar isolado, com base nas minhas próprias forças… até porque tenho de ganhar o pão quotidiano e não posso descurar os meus deveres profissionais e outros. Mas, mesmo que dispusesse de uma infinidade de lazer, não seria bom tentar realizar este projecto a solo, desde já porque ele só faz sentido sendo colectivo; a questão que aponta é uma questão eminentemente colectiva (diz respeito a toda sociedade portuguesa) e, sobretudo, aponta para uma prática de discussão/acção que deverá ser colectiva.



Devemos nos despir das vendas ideológicas que nos tolhem a visão de problema, devemos perceber que estamos perante um fenómeno de ocultação não intencional, não deliberado. Não cabem aqui quaisquer «teorias da conspiração».



O problema, tão simples na sua essência, é o seguinte: como se explica o atraso crónico e secular deste país, à beira-mar plantado?



Um país que poderia ser um «jardim», mas não é; mais parece um lugar de exílio («Pátria, lugar de exílio», para retomar o título dum dos mais belos livros de poesia portuguesa do séc. XX). Vamos continuar A ASSOBIAR PARA O LADO E IGNORAR ESTE FACTO FUNDAMENTAL ou teremos a coragem de olhar a realidade em frente? Reconhecer que somos um antigo império (e antiga nação) convertido numa NEO-COLÓNIA, num país colonizado nas múltiplas vertentes; colonizado económica e politicamente, sem dúvida, mas que o é sobretudo porque um complexo mental, cultural se apoderou da nossa intelectualidade e do nosso povo, em geral?



Vamos perder os complexos estúpidos de «esquerda» e deixar de ter receio de sermos catalogados por certos idiotas como «nacionalistas», porque consideramos nosso dever estar no seio do povo, que tem amor à sua pátria, à sua terra, amor esse totalmente justificado e que não anula, nem atenua, o olhar de censura que temos em relação à forma bárbara como uma (falsa) elite tem espatifado (literalmente) as oportunidades de desenvolvimento deste «cantinho luso»?

Nada mais estúpido do que estarmos preocupados com o politicamente correcto, com a conotação que tem o nosso ponto de vista. Não devemos ter medo de errar, de sermos ridículos até, pois os que nos acham ridículos são -eles próprios- muito mais, com certeza, porque se mantêm na estéril crítica destrutiva e «ad hominem». Os mesquinhos estão apenas preocupados em fazer valer o seu ponto de vista, para –afinal de contas - satisfazer a sua ambição de poder, se pavonearem pelo «mundo», como «celebridades» de uma hora, num qualquer programa televisionado…



Considero que esta visão da história portuguesa marcada pela sua transformação em neo-colónia é totalmente evidente para quem conheça razoavelmente a história dos últimos 200 anos. A ocultação sistemática, um obnubilar intencional nesta história, dos mais relevantes factos tem ocorrido: isto revela que cada tendência política e ideológica tenta distorcer a realidade, tenta enquadrá-la da maneira mais conveniente para sustentar as suas teses.

Mas eu sei que devemos tentar submeter as nossas hipóteses a uma verificação: a hipótese de trabalho pode ser posta à prova dos factos, quer passados quer presentes? Se sim (e somente neste caso) estamos perante uma construção defensável em termos científicos.

Há que responder, no inicio do percurso, a duas questões:

- Como se pode caracterizar um dado país ou povo como neo-colónia, como neo-colonizado? O que significa este termo? Em que situações tem sido aplicado? Que consequências tem sido extraído nos diversos casos que nos mostra a História contemporânea?

- Que sintomas, que indícios de neo-colonização apresentam este país e este povo ? Quais os aspectos que aproximam Portugal do retrato robot de neo-colónia? Quais os aspectos em contradição com tal retrato? Serão estas contradições autênticas, genuínas, ou somente aparentes?



Assumindo os resultados desse primeiro duplo inquérito, teremos de avançar para uma explicação diacrónica sobre o desenvolvimento da patologia diagnosticada…Como se instalou? Como se consolidou? Como se perpetuou?



Precisamos de conhecer e avaliar a história económica, a sociologia, a história da cultura, da ciência, etc.



As respostas às perguntas genericamente formuladas acima levarão logicamente a uma «terapêutica», ou seja, a tentar-se aplicar os conhecimentos adquiridos ao domínio da prática política e social.



Aguardo feed-back



Solidariedade,

Manuel Baptista