20080405

Compreender a Indisciplina para a Evitar

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A sociedade, em geral, e os professores em particular estão conscientes de que nos últimos anos aumentaram os casos de mau comportamento com reflexos na escola mas, também, na sociedade. Os professores, são os primeiros a alertar para o problema pois, são eles os mais expostos aos problemas de agressividade e violência das crianças e jovens. No entanto, a escassez de meios e a incompreensão dos fenómenos de distúrbios comportamentais levam a uma crescente sensação de impotência e de frustração relativamente a este problema devido aos sucessivos insucessos registados. Tanto mais que as medidas ao alcance das escolas (não necessariamente as sancionatórias) revelam-se frequentemente ineficazes.

A família e o meio social desempenham um papel crucial na formação dos indivíduos mas, existem outras razões que podem explicar os comportamentos desajustados de algumas crianças e jovens: as razões neuropsicológicas e a baixa auto-estima.

A compreensão dos fenómenos de “indisciplina” e, de um modo geral a compreensão das atitudes desajustadas poderia, em alguns casos, ser melhor entendida se a submetêssemos a uma aproximação neuropsicológica. Lendo os trabalhos do professor António Damásio podemos perceber que alguns dos “casos perdidos” que passam pelas nossas salas de aulas num turbilhão permanente, originando uma catadupa de problemas, são de facto, casos de jovens com problemas do foro neurológico. Alguns destes alunos, passam pelo sistema de ensino sem nunca receberem a devida atenção e, mesmo quando o seu caso é detectado, esbarra-se com a falta de resposta dos centros de saúde e, dos hospitais, cujas listas de espera tornam uma consulta, numa impossibilidade prática...

Por outro lado, os problemas de auto-estima podem também dificultar a adaptação ao meio escolar. A detecção precoce dos problemas de auto-estima poderia ser uma peça central quer na prevenção, quer no diagnóstico nos casos em que já existam manifestações do problema. Um trabalho de acompanhamento pode de facto surtir efeito pois, a agressividade e a violência podem ser uma capa que os protege das agressões do exterior nomeadamente da família ou dos seus pares. Para isto seria necessário o recurso a equipas pluridisciplinares (assistentes sociais, psicológos, médicos) que assegurassem o acompanhamento do aluno/família. Todavia, os recursos que as escolas podem disponibilizar para estes projectos são insuficientes e nem sempre se consegue mobilizar a sociedade civil para esta causa.Ora, é neste contexto de preocupação com alunos com estas características que se previa o seu acompanhamento por parte das equipas de ensino especial (DL 319/91) no entanto, as alterações a este decreto-lei vieram retirar as alunos com problemas comportamentais este apoio[1] e, vieram obrigar à sua inclusão em turmas normais, isto é, com um número de alunos superior a 23 alunos (considerando a média de 22,5 alunos/turma). Se tomarmos em consideração as conclusões do relatório do Dr. Peter Blatchford[2] , veremos que serão estes se encontram entre os mais prejudicados com as turmas de vinte ou mais alunos. De resto, as recomendações desse estudo apontam para a inclusão de alunos problemáticos em turma reduzidas (c. 15 alunos) que permitem um ensino mais individualizado e atento às suas necessidades. Muito se tem falado das virtudes, e defeitos do Estatuto do Aluno, nomeadamente, sobre as medidas sancionatórias esquecendo-nos que os critérios para a formação de turmas podem contribuir, decisivamente, para uma diminuição sensível dos problemas disciplinares.
É claro, que tudo isto é posto em causa com a preocupação de poupar e, é por isso, que as escolas continuarão a somar problemas disciplinares porque uma turma de 29 alunos é mais barata que uma de 18, porque os técnicos (médicos, psicólogos, assistentes sociais) custam dinheiro…
________________
1 cf. Decreto-Lei 3/2008: “…alunos com limitações significativas ao nível da actividade e da participação num ou vários domínios da vida, decorrentes de alterações funcionais e estruturais de carácter permanente, resultando em dificuldades continuadas ao nível da comunicação, da aprendizagem, da mobilidade, da autonomia, do relacionamento interpessoal e da participação social e dando lugar à mobilização de serviços especializados para promover o potencial de funcionamento biopsicosocial.”
2
Class Size

Nenhuma escola pediu suspensão da avaliação dos professores

Words are cheap. The biggest thing you can say is 'elephant'

Imagem daqui

”O número não aumentou, é um fenómeno normal, não houve evolução”

Armas de fogo apreendidas foram tantas como há 10 anos (Público.Pt)
É a maravilhosa teoria ... a melhor de todas ... OUVE LÁ! DE QUE TE QUEIXAS TU? NÃO TENS COMIDA?! HÁ MILHÕES DE PESSOAS A MORRER. NÃO SEJAS INGRATO E CALA-TE.

Ministra referiu 140 armas, mas relatório da PSP revela outro número




por | Cláudia Lima da Costa Portugaldiário

imagem daqui

20080404

Hipoteticamente ... mas também não

Imagem daqui
Se, um aluno do 9ºano, da escola do 2º e 3º CEB António Correia de Oliveira, Esposende: maltratasse os colegas; insultasse os professores; com o maior descaramento mandasse fo*** qualquer professor; ameaçasse funcionários; tivesse sido assunto para vários conselhos de turma extraordinários; já tivesse estado suspenso por 10 dias durante este ano lectivo…
O que é que uma pessoa pensaria?
Continuando a suposição, acrescente-se:
- alguns ecos de uma determinada Comissão de Protecção de Menores que, cheia de pena do menino considerou que ele não é compreendido pelos professores... e que;
-
nas férias da Páscoa, depois de ter estado fora de casa durante 5 dias, ao regressar, deu uma tareia na mãe que, segundo consta, teve que receber tratamento hospitalar.
O que é que ... ???

«Portugueses ganham menos, trabalham mais e não reclamam»

Imagem daqui
Para ler o texto, clique no título do post.

APOIADO!!!

AVISO

"(...) a Fenprof reiterou hoje que coloca os seus serviços de contencioso e apoio jurídico à disposição de todas as escolas que decidam suspender o processo de avaliação este ano lectivo, como aconteceu com 20 estabelecimentos de ensino do distrito de Coimbra." (em Tribunal rejeita terceira providência cautelar para suspender avaliação de professores, via Lusa/RTP)

Convite para encontro-debate em Defesa da Escola Pública

Sábado, Abril 19, 2008

Teatro Amélia Rey Colaço

Rua Eduardo Augusto Pedroso, 16-A, 1495 ALGÉS)

Leia, a apresentação deste encontro no blogue Escola Pública e se pretender descarregar o convite convite/inscrição, clique aqui.

A pérola do dia!

Novos contratos na Função Pública permitem 50 horas semanais

"(...) A proposta do governo prevê novas matérias em que será possível existir negociação entre empregador e representantes dos trabalhadores. É o caso dos horários de trabalho, que embora a regra continue a ser as 35 horas semanais, podem ir até um máximo de mais 3 horas por dia ou 50 por semana. O horário passa a ser definido "em termos médios" e num período de dois meses não poderá ultrapassar as 45 horas semanais. Num período de um ano, os funcionários poderão trabalhar no máximo 42 horas semanais. (...)" (Leia o resto na Esquerda.Net)

Imagem daqui mas com toque pessoal (qual será?!)

A calmaria do costume ...

Diria a Ministra e já agora o sr. do Conselho de Escolas que APENAS três em cada dez docentes contactaram a Linha SOS Professor desde o início do ano lectivo admitindo ter sido vítimas de agressões físicas, enquanto APENAS mais de metade relataram episódios de agressão verbal.
Fonte: SIC online

Notícias relacionadas:

Clima de histeria????? Está muito bem ....

Imagem daqui
"(...) O presidente do Conselho das Escolas [Álvaro Almeida Santos] lamentou, esta sexta-feira, o «clima de histeria» existente em torno dos casos de violência escolar, sublinhando que continuam a ser episódios muito pontuais. (...)" (TSF Online)

140 casos em que houve violência praticada com armas nas escolas


Ministra já conhecia dados sobre armas nas escolas revelados pelo PGR

«(...) Alunos com canivetes, alguns que utilizaram "armas a fingir" e outros que "levam espingardas do pai, que é caçador", foram situações avançadas por Maria de Lurdes Rodrigues, para quem este problema se trata de "um conjunto de casos muito variado".

Na opinião da ministra, "a maior parte dos casos são nas imediações da escola, não são no seu interior [TOTALLY DIFFERENT]".

(...) Pinto Monteiro disse que "há alunos levam pistolas de 6,35 e 9 mm para as escolas... para não falar de facas, que essas são às centenas"(...) » (Lusa/RTP)


141 CASOS NO ANO DE 2006/07

"O último relatório de segurança escolar divulgado pelo Governo respeita ao ano lectivo 2006/07. Segundo os dados do Observatório da Segurança em Meio Escolar, divulgados em Dezembro de 2007 pelo CM, registaram-se 7028 ocorrências nesse ano lectivo (3495 no exterior das escolas), quando no ano anterior tinham sido 10 964. Do total de ocorrências registadas pela PSP e GNR, dois por cento (141) respeitavam a situações de posse ou uso de arma. Foram ainda registados 1424 casos de agressão ou tentativa de agressão, das quais 1092 a alunos, 185 a professores e 147 a funcionários das escolas. Foram ainda registados actos de violência contra 55 viaturas." (Edgar Nascimento com A.L.N., J.V. e S.C. em Alunos andam armados, Correio da Manhã)

PUZZLE











Maria de Lurdes Rodrigues: 1 de Abril, Mentiras Mil


Imagem do KAOS
Como devem ter reparado, a nossa mentira de 1 de Abril foi a pseudo-biografia de Maria de Lurdes Rodrigues. Atentos foram os que imediatamente se insurgiram, contra a torpeza, falta de nível e estilo de que todo o texto se reveste.
Obviamente, tudo o que ali está escrito é falso, e compete-me, a mim, repor hoje, e aqui, toda a verdade.
É evidente que a criatura carinhosa, compreensiva, carente, que todos nós conhecemos da televisão e das intervenções públicas, uma verdadeira senhora, daquelas do chá na infância, nada podia ter a ver com a porca, arrogante, frustrada e vingativa, descrita na pseudo-confissão, na primeira pessoa, ontem publicada aqui.
Todos sabemos que Lurdes Rodrigues ficará para a História como o Gandhi da Educação: amor, passividade e tolerância, ou parafraseando-o, "a elevação das sociedades mede-se pela grandeza do trato que dá às suas crianças e aos seus educadores", ou, melhor do que qualquer guerra é sempre a eloquência muda do olhar da resistente.
Dentro de 10 anos, quando Portugal for uma potência científica, com várias estações espaciais, um povo poliglota, a exprimir-se correctamente em Português, Inglês, Francês, Castelhano e Alemão, quando os nossos super-computadores invadirem os mercados mundiais, quando tivermos as prateleiras cheias de Nobeis da Medicina, da Economia, da Física, e de Medalhas Fields, Lurdes Rodrigues, lá estará, para receber, conjuntamente, o SEU Nobel da Paz, e da Literatura, pela sua vasta e excelente obra sobre Engenharia.
Trata-se de uma mulher discreta. Nunca veste de negro, e todos os seus véus nunca vão além de um poético azul-ultramarino, como se tivéssemos erguido os olhos ao zénite dos céus, e ansiássemos pelo surgir da grandiosa Sirius. Há nela uma Vénus etérea, que avidamente clama por Música, uma espécia de "Ave Verum" da 5 de Outubro. Pelo perfil, comparo-a, mesmo, a Vieira da Silva, a tecedora de obras-primas, pela hora nocturna da sombra da sua discreção, e pela inigualável grandeza do talento de imaginadora.
A sua obra só é comparável à Grande Muralha da China, e é a única coisa que, de Portugal, se conseguirá ver do mais alto dos Espaços.
E também há a secreta samaritana: quantos de vós já se esqueceram de que, se têm um Primeiro-Ministro com uma pós-graduação, a ela, e só ela, à sua caridade e empenho, o devem...
Dizem, os que a conhecem, que trabalha como uma formiguinha; mais, que ela é como a própria Rainha das Térmitas, que está calidamente repousada num canto do seu Formigueiro, um cérebro e uma sensibilidade simultaneamente brilhantes, dia após dia, a ensaiar batalhões de autómatos cegos, para que a colónia do monolitismo e do trabalho servo prolifere e alastre.
Como todos os centos do mundo, desses reinos subterrâneos e escravizados, é única e profícua em pôr ovos, dos quais, certamente, nunca, jamais, em hora que seja, nascerá serpente alguma, capaz de calcinadamente nos devorar todo o Porvir.
Bem hajas, Lurdes Rodrigues, por seres e te teres tornado na nossa nova Sãozinha!...

20080403

Correio da Lola - Deverei contactar já a Procuradoria-Geral da República, ou guardo para amanhã?...


Querida Lola:
Sou do Machico, e estou destacada num subúrbio de Viseu, a dar Educação Visual a 10 turmas do Ensino Profissional, por acaso, muito sossegadinhas... bom, a verdade é que são muito sossegadinhas, porque levámos dois períodos lectivos a tentar descodificar os nossos respectivos sotaques, e agora, à falta de melhor, comunicamos por gestos e por desenhos, enfim, a minha área docente, só que, ontem... ai, até tenho medo de contar, Lola... ontem, quando virei as costas para o quadro, tinha um avião de papel caído aos pés... Querida Lola, acha de que devo telefonar para a Procuradoria-Geral da República, ou deixo para amanhã?...
(Rubina Jardim, Machico, destacada em Refolhos da Raia, Viseu)
Querida Rubina:
Como sabe, qualquer ilícito ocorrido na sala de aula deve, doravante, ser imediatamente comunicado às entidades encarregadas da investigação criminal, e há aquele ditado que reza que não se deve deixar para amanhã o que se pode fazer hoje. Do meu ponto de vista, traveca não-docente, mas muito habituada a lidar com a marginalidade, na forma do cio de árbitros comprados, seguranças rapados, cheios de quetamina, e executivos do Millennium-BCP, em fase de necessidade de humilhação sexual... bom, vamos começar pelo princípio: antes de mais, há uma violação do espaço aéreo português, já que houve um avião que aterrou na sua aula, sem que a torre de controle de qualquer aerogare próxima lho tenha comunicado. Desse ponto de vista, a minha querida Rubina pode ser levada já, por cumplicidade, perante um Tribunal Marcial; se o avião for proveniente de algum dos países do Eixo do Mal, U.S.A., Irão, Zimbabwé, ou Grã-Bretanha, ainda pior, já que poderá ser executada sumariamente, através de uma "fatwa", lançada por email, para a Coordenadora do seu Departamento, o que seria horrível, porque aposto que ia deixar três crianças esfomeadas, a gritarem pelo nome da mãe... Um horror, portanto. O mais prudente, pois, e fala-lhe a minha experiência de longas noites de mini-saia, sentada no "capot" de carros caros, é tentar ver se o avião se assemelha a alguma marca conhecida, se é comercial, se é um Airbus ou um daqueles Tupolev-sucata, do levanta voo-um-caem-logo-dois, ou se é mesmo daqueles aviões sombra, nunca registados, que levavam escravos de guerra, para serem torturados em Guantanamo. Ainda há pouco estava o Nuno Rogeiro, um dos meus fetiches sexuais, sobretudo agora, que entrou naquela fase de Marquesa de Alorna, já na época em que mandava subir ao quarto os mulatinhos, para lhe fazerem sonetos... Eu sei que a menina não é das Lajes, é da Madeira, onde o que mais pousa é a Pedofilia, mas, mesmo assim, tente investigar se o avião se parece com um transportador de prisioneiros de Guantanamo, e ver se o aluno que o atirou se assemelha com uma nádega, inchada, e picada de vespas. Nesse caso, não deve comunicar nada à Procuradoria, mas mandar um email para Bruxelas, só deus saberá se não se trata de mais uma incarnação do undécimo quinto Dalai Lama do M.R.P.P., e se não vamos ter nele, de aqui a meia dúzia de anos, mais um glorioso timoneiro português, Presidente da Comissão Europeia, e servo para todo o serviço dos caprichos americanos...

Breves

Imagem daqui, algures
(...) Pinto Monteiro, revelou ainda que o Ministério Público está a investigar "algumas dezenas" de casos de violência nas escolas em todo o país, tanto de alunos que agridem professores como de docentes que agridem estudantes. Público.pt

(...) de cada vez que um professor falava o secretário de Estado Valter Lemos interrompia-o e dizia: “A lei é a lei e é para aplicar.”“ Público.pt

(...) Jorge Pedreira abandonou a sala satisfeito. Aos jornalistas, disse-se convicto de que não haverá escola que venha a recusar-se a aplicar o processo. E nem dos mecanismos de responsabilização a quem o fizesse, expressos no decreto regulamentar, quis falar, tal a sua certeza. Para explicar a razão de tanta confiança lembrou que, “se não obtiverem a respectiva classificação este ano, os sete mil professores contratados não verão renovados os seus contratos” e disse acreditar que “os responsáveis pela aplicação do modelo sabem que os colegas necessitam dela”.Público.pt

(...) o ministro, Mariano Gago, disse que “quase não há desemprego entre licenciados”. Público.pt

(...) ao fim de um ano de saídas do ensino superior”, não existeninguém desempregado. Público.pt

Portugal é um dos países da OCDE onde é financeiramente mais vantajoso tirar um curso superior ------ Mas as vantagens não são apenas financeiras. O estudo aponta igualmente benefícios sociais, como uma melhor saúde individual e familiar, um mais elevado desenvolvimento cognitivo dos filhos e melhores condições no local de trabalho, apesar de estes factores serem mais difíceis de quantificar. Público.pt

'A agenda oculta da educação (parte IV) – O destino final'

"(...) Como tal há que rentabilizar o sistema. Há que reduzir os custos e apresentar resultados uma vez que o financiamento do sistema será feito não apenas em função dos alunos a frequentar as escolas, mas também em função dos resul­tados que estes apresentarem por comparação aos resultados nacionais.
Essa rentabilização poderá passar por – contratação de professores em início de carreira com contratos precários (manterão alguns titulares para dar a apa­rência de garantia de qualidade – talvez assim se perceba o que a ministra quis dizer que 10% de professores titulares seriam suficientes e que os 30% do pri­meiro concurso eram uma benesse!); cobrança aos pais de “serviços extra” (ir buscar/levar a casa, lanche a meio da tarde, ensino de música, desporto, dança após o tempo lectivo), guarda dos alunos para além da hora estabele­cida, actividades em férias, etc… A escola a tempo inteiro que agora está a ser ensaiada destina-se a criar hábitos e a mentalizar a população dessa necessi­dade. (...)"
Tal como o texto anterior, também este, deve ser lido no seu local de origem e na íntegra. Este, é muito mais duro, suponho ... a mim, assusta-me sentir que o que é dito é verdade nua e crua. Mas nem por isso viro a página. Depois deste conjunto de quatro textos, parece-me que seria importante debater, entre pares, qualquer uma das questões. Com o apoio e participação de quem se interessar. E ao que nos é dado a ler, há mais interessados e fortemente envolvidos do que os próprios professores, pais ou alunos.
Não sei ... Cá estaremos. Alerta e sem ceder (alguns de nós).

'Avaliar a fingir?' por António Mendes

«"Todos sabemos que não há qualidade sem avaliação, mas nem todos percebemos como é difícil controlar interesses e critérios nem que tempo é preciso para definir objectivos, para desenvolver e testar meios de avaliação rigorosos.

Os professores e educadores são avaliadores experimentados, sensíveis às características de uma avaliação séria tempo, instrumentos seguros, avaliadores qualificados, imparcialidade.

Ora, essa experiência diz-lhes que a avaliação proposta pelo Ministério da Educação não oferece nenhuma destas garantias e que, portanto, deveria ser suspensa e substituída.(...)» [António Mendes, JN]
Texto muito simples, directo, claro, ... que descobri noCantinho da Educação (

Módulos do Livro das Maravilhas, ou de como a Pedagogia implícita, do senso-comum, pode levar ao puro extermínio, dos tribunais sumários

Não é por acaso que as coisas são tantas que nos entram por um ouvido e logo saem por outro. Já no "Vicentinas de Braganza" alertei para os abusos de leitura e interpretação do celebérrimo episódio da Adozinda versus Patrícia, Opus Rafael. É mau perder o contacto com a realidade, e, em certas profissões, como a nobre profissão docente, perder o contacto com os jovens.
Como dizia uma amiga minha, o que de mais apaixonante existe no devir humano é esta permanente diferença aparente, de geração para geração, e aquele filho-és-pais-serás, com que, com uma ligeireza mal pensada, muitas vezes condenamos os actos nos quais tivéssemos, outrora, embarcado, em passados, que nos são, mais, ou menos, remotos.
Nada há, em mim, de facilitismo, nem de nacional-porreirismo, mas considero que a maior riqueza das nações são os seus filhos, e um país que trata os seus jovens como uma geração perdida está a condenar-se a si próprio, num tempo breve, a um irremediável cadafalso.
Do ponto de vista da volatibilidade da informação, Dona Adozinda e a sua desvairada Patrícia já passaram à História. A geração viva, para quem tudo isto é uma polémica... ridícula, já transformou a efeméride através da infinita riqueza dos seus novos modos de expressão e intervenção, ao pôr aquilo tudo, na forma de desengonçado ... "rap", como poderão confirmar aqui.
Tenho-me rido até mais não poder, com a súbita, enfim..., despressurização de qualquer coisa que se arriscava a tornar insustentável. Não é por acaso que o rigor dos Ritos de Elêusis igualmente terminava com uma gargalhada, e é com uma gargalhada que deveremos redebruçar-nos sobre a verdadeira problemática desencadeada pelo infeliz vídeo.
Para mim, que não sou da área, a não ser por dom e empréstimo, só me lembrava de Saussure: havia, nesta sociedade em crise, e conflito, uma total discordância, entre significado, significante e referente. Eu explico: por todo o lado, se repetiam, em polifonia, os significantes "aluno", "aula", "professora", "autoridade", "indisciplina", "violência", "desrespeito" e primos de causas afins. Notava-se, e isso era grave, que muitos continuavam a associar a esses significantes significados... obsoletos, por pura ignorância, ou desfasamento, de contacto com os actuais... referentes.
Tenho um defeito no meu carácter: sou incondicional apreciador da Juventude, e respeito-a, enquanto Aurora do Mundo, pelo que lhe reconheço toda a liberdade, polissemia, e polimorfismo que queira adoptar, desde que continue a assegurar o Devir da Criação do Humano. Perante ela, estarei sempre pronto para sacrificar, torcer e retorcer todos os significados, nem que isso exija, da minha parte, um turbulento actualizar dos sentidos. Aliás, essa é a definição do nosso Tempo: um Turbulento actualizar dos sentidos, e, a Juventude, a sua mais espantosa metáfora, por mais que isso custe a todas as Lurdes Rodrigues, Valter Lemos e Adozindas (coitada...) do nosso Mundo.
Quando, por acaso, hoje, me fizeram chegar as palavras -- preferi que me as dessem na forma de imagem, para não publicitar lugares de ódio, mas podem procurá-las no Google", e reencontrá-las nas suas fontes originais. Por pudor, preferi não o fazer, e deixá-las tão-só reproduzidas na imagem acima, tais como as transcrevo aqui: "Por isso a turma do 9º C tem de acabar! (!) Por uma questão de exemplo, os alunos têm de ser dispersos por outras turmas e o 9º C deve ficar com a sala fechada o resto do ano (!), numa admoestação clara de que este género de comportamento chegou ao fim"
Por razões várias, talvez tenha optado por a considerar a pior epígrafe e epitáfio para este tema.
Na verdade, nada disto acabará nunca, e todas estas palavras só me fazem lembrar velhos argumentos para atrozes execuções sumárias. É claro que a Patrícia e o Rafael deveriam ter sido abatidos, logo, ali, e a sangue frio, como os Chineses e os Radicais Islâmicos ainda fazem, com um tiro na nuca, aos opositores do Regime e da Crença. Quanto ao 9º C, mais lentamente, deveria ter sido entregue a uma qualquer câmara de gás, para relembrar que o Holocausto fez escola e deixou discípulos.
É por estas e por outras que devemos proteger os nossos jovens.
Estes discursos não são ingénuos, traduzem emotividades, e podem ser o motor de outros gestos de impiedosa e desproporcionada crueldade. Triste da sociedade que se pronuncia assim sobre os seus próprios filhos. Por detrás destas palavras, houve mãos que as tiveram de escrever. Em hipótese, essas mãos são capazes disso e de muito mais.
Felizmente que os mecanismos de defesa da inserção profissional -- e nisso talvez Lurdes Rodrigues tenha razão, ao exigir uma radiografia prévia, e exame, do perfil de "docente" -- impedem que estes "alguéns" possam, sem filtro, contactar com esta juventude, assim sumariamente estigmatizada e vítima potencial, e passível, de todas as violências futuras.
Deus meu, que mundo tão infeliz, e ser eu obrigado a ter de o vivenciar, nos meus melhores anos.
Pois aconteceu...

Sabem que mais?

Parte de mim faz anos hoje.

20080402

Reunião de hoje com o Valter!



O processo de avaliação de professores está inquinado desde a nascença! Hoje, dia 2 de Abril, Valter Lemos e Jorge Pedreira, deslocaram-se a Coimbra para fazer chantagem sobre os Presidentes dos Conselhos Executivos do distrito que, juntos, pediram a suspensão de todo o processo. Os Senhores Secretários de Estado fizeram-no conscientes de que o modelo não é exequível. Fizeram-no conscientes de que o modelo é injusto! Fizeram-no conscientes de que preferem penalizar os professores contratados do que suspender a avaliação e assumir, perante todo o país, que erraram e conduziram mal todo o processo! Fizeram-no conscientes de que ainda existem três Providências Cautelares em Tribunal e que é preciso conhecer o seu resultado! Maria de Lurdes Rodrigues, através dos seus dois assessores, fez chantagem com os Conselhos Executivos resistentes, podendo assim, a qualquer momento, dar o dito por não dito e não validar aquilo que não foi dito directamente por si! Também a Senhora Ministra prefere sacrificar Valter Lemos e Jorge Pedreira a assumir erros evidentes, o que abalaria um Ministério que tem sido considerado como o baluarte de todo um governo! Aristóteles dizia que “não se mudam os caracteres tão facilmente como as leis”. Chegou a hora de perceber o carácter dos Presidentes dos Conselhos Executivos, já que, aquele que reina no Ministério da Educação, há muito que é evidente aos olhos de todos! No dia 8 de Março, a grande maioria dos Presidentes dos Conselhos Executivos das nossas escolas marcou presença na marcha da Indignação e mostrou a sua revolta, ao lado dos professores. Ao lado dos professores contratados! Chegou a hora de mostrarem a vossa Indignação! Chegou a hora de olharem os professores contratados, olhos nos olhos, e dizerem o que estiveram a fazer no dia 8 de Março, no Terreiro do Paço! Queremos todos saber quem vai reduzir a cinzas a revolta de 100 Mil professores e sacrificar a sua própria consciência e a nossa, já que nos representam! Já que fomos nós que os elegemos para os órgãos de gestão! Já que o fizemos na convicção de que seriam sempre, mas sempre, o porta-voz da maioria dos docentes da escola! “ A verdadeira medida de um homem não é como ele se comporta em momentos de conforto e conveniência, mas como ele se mantém em tempos de controvérsia e desafio” denunciava Martin Luther King. E Blaise Pascal aconselhava mesmo que “ a consciência é o melhor livro que podemos consultar”. Podemos e devemos adaptarmo-nos às mudanças! Mas não podemos nem devemos abrir mão de princípios e valores! É uma questão de justiça que está em causa! Não podemos aceitar que um Presidente de qualquer Conselho Executivo deste país venha à televisão, conforme o fez na RTP, reconhecer que o processo é injusto, mas que cometerá a injustiça por ordem superior! Através das nossas acções, o mundo vê-nos a alma! Num período em que a Educação e os professores já perderam quase tudo o que havia a perder, resta-nos a nossa dignidade e o nosso carácter! A nossa vergonha! A nossa certeza de poder dormir de consciência tranquila! De louvar, sem palavras à altura da dignidade demonstrada, a Presidente do Conselho Executivo do Agrupamento de Escolas de Vila Nova de Poiares que, em entrevista à SIC, esta noite, assumiu que nada a levaria a praticar um acto injusto como aquele que é sugerido pelo Ministério da Educação! E nada a obriga “ a vestir a camisola” da injustiça! Os obstáculos, realmente, revelam os homens na sua essência! E cometer uma injustiça para com os professores contratados apenas desnuda quem a comete e nunca as vítimas do processo! Na Escola de Vila Nova de Poiares há um exemplo a seguir! Aprendi, através das palavras de Montesquieu, que a injustiça que se faz a um, é uma ameaça que se faz a todos." Hoje os professores contratados! Amanhã nós, os do quadro! E nem todos têm a sorte de ter à frente de um Conselho Executivo alguém que se recusa a abdicar de uma voz silenciosa mas reveladora: a consciência!

Professora Orgulhosa

Leituras recomendadas

Imagem encontrada por acoli

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"Bruxo de Fafe" em peregrinação ao Sameiro para "salvar" o Vitória.
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Comentário aqui na Sinistra (em
O valor de uma reprimenda ...
) do qual se transcreve parte:
02.04.2008 - 15h45 - Miguel, Celorico de Basto
Isto está a chegar a um ponto onde até a palavra ridículo já nem assenta bem. Sei o que se passou na escola de Guimarães e até foi uma mãe no próprio dia em que isto foi noticiado numa rádio local desmentir e contar a imprensa o que lhe tinha contado o próprio filho.
O filho que estava na aula quando se passou esse episódio disse que estava a turma toda a colar folhas rasgadas que tinham, e a professora estava ajuda-los, no entanto estavam a fazer barulho quando a professora começou a mandar calar, ao que não se calaram. Depois então disse a um dos alunos que lhe poria fita cola na boca se não se calasse e este imediatamente lhe disse. “ponha professora, ponha” ela pôs e foi a risada total na turma até que mais dois alunos também lhe pediram o mesmo, mas ela acabou com a BRINCADEIRA e tirou logo a fita da boca do miúdo. Isto é o q?? agressão?? (atenção que isto foi contado por um aluno). Isto é um energúmeno de um pai que por algum motivo resolveu que queria ser manchete.. e já agora, sabem quem é esse pai?? O BRUXO DE FAFE. Sem comentários. Já que estamos na onda de queimar professores, bora lá queimar mais um. Haja vergonha neste país. A começar pela comunicação social.
= Não sei!
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Última da CONFAP: decidiu pedir contas ao PGR [ aqui ]
Sobre o Bruxo de Fafe ... encontrei algo ali e acolá mas não me esforcei muito ...

THE ROAD TO NOWHERE

Imagem do KAOS!!!


O sistema, por Santana Castilho


O sistema, por Santana Castilho (Público, hoje)

Paulo Guinote apresenta ...


Imagem roubada aqui



'A DEVIDA COMÉDIA'

Excerto:

" (...) Obedientes e humildes, incapazes de tomar o futuro pelas mãos, esperamos, enfim, à soleira da vida, que o tempo passe sem mais maleitas e martírios. O jantar está ao lume, a televisão já chama, a criança reclama.

Alguém disse que somos causa, condição e efeito das acções dos outros. Assistindo à nossa vida no sofá. Essa que não é mais do que telenovela de refugo, baixa audiência e maus actores. (...)"



por Miguel Carvalho

Artigo publicado na revista VISÂO online

'Revolta dos professores entusiasma e orgulha'

Imagem: PrtScn daqui

«(…) "Este Governo não percebeu que a Educação foi uma das grandes mudanças do 25 de Abril, que permite hoje ter no ensino básico e secundário 1,5 milhões de alunos e teima numa política de perseguição, com um processo de avaliação incompetente que é preciso parar."

[Muitíssimo bem dito!]

Louçã anunciou ainda que, dentro de duas semanas, o Bloco vai interpelar o governo "sobre a precaridade social e laboral", já que o Governo se prepara "para apresentar nova legislação laboral que introduz a ideia de despedimento sem justificação".

[Este Governo??? Este desGoverno … fora com eles]

Projectos de Lei

A concluir o primeiro dia das suas Jornadas Parlamentares, o Bloco de Esquerda anunciou que vai apresentar um projecto-lei para impedir a constituição de turmas exclusivamente formadas ou por alunos privilegiados ou por repetentes na escola pública, como forma de combater o insucesso escolar: "É preciso acabar com as turmas de filhos dos doutores e turmas de repetentes", disse a deputada Ana Drago.

[Concordo plenamente]

O projecto-lei limita as turmas do primeiro ciclo do ensino básico a 20 alunos (18 caso incluam dois anos de escolaridade), e a 22 alunos nas turmas do 5º ao 12º ano, número que baixa para os 18 no caso de a turma ter alunos com necessidades educativas especiais, que não podem ser mais de dois.

[Mesmo assim, ainda ficam grandes. No 1º CEB, com dois níveis, não deveriam exceder os 15 alunos. No 2º e 3ª CEB, os 20 alunos. Ao incluírem alunos com NEE, poderiam ter entre 15 e 18 alunos (sendo variável consoante o tipo de NEE). Se a turma contar com 2 alunos com NEE, independentemente da tipologia, não deveria exceder os 15 alunos]

O Bloco apresentou ainda um projecto de lei para a criação de equipas multidisciplinares de combate ao abandono e insucesso escolar, com não mais de oito profissionais e um limite de 45 alunos sinalizados por programa, que deverá partir da iniciativa dos professores, mediante candidatura às direcções regionais de Educação.

[A ideia é bonita.]

Foi anunciada ainda a proposta à comissão de Educação da Assembleia da República de criação de uma linha verde de denúncia de praxes violentas. Outra medida contra as praxes violentas é a intervenção pedagógica do Ministério da Ciência e Ensino Superior, mediante o esclarecimento aos estudantes, no acto de candidatura, de que a praxe não é obrigatória e de que não podem ser penalizados pela sua não adesão.(…)»

[Particular atenção às praxes no Ensino Básico. Lembram-se do caso da trave, ou do poste (não me lembro do termo) em Vila Nova de Poiares???]

Ler tudo (e sem comentários) em Revolta dos professores entusiasma e orgulha, diz Louçã

O valor de uma reprimenda ...

Imagem: PrtScn daqui (sublinhado meu)
"A polícia da Geórgia encontrou na posse dos alunos facas de cozinha, cabos eléctricos e algemas, que seriam usadas no ataque à professora.

As crianças planeavam uma vigança porque a professora terá repreendido um dos alunos por estar em pé numa cadeira.

As autoridades levaram a ameaça a sério e os alunos estão a ser acompanhados por especialistas." (SIC Online)

"O Livro da avó", de Luís Silva


«O Prémio Bissaya Barreto de Literatura para a Infância foi atribuído à obra "O Livro da avó", de Luís Silva, anunciou a Fundação Bissaya Barreto, que celebra, neste ano, 50 anos de existência.

A cerimónia de entrega do prémio - no valor de cinco mil euros por o vencedor acumular a autoria do texto (2.500 euros) e da ilustração (2.500 euros) - está prevista para 3 de Abril, no Portugal dos Pequenitos, em Coimbra. (...)»

Imagem daqui

Maldita gripe .... alguém sabe o que aconteceu???

Última hora!

Amanhã, dia 2 de Abril, Valter Lemos desloca-se a Coimbra para se reunir, às 9. 30H, no Auditório Byssaia Barreto, com os Presidentes dos Conselhos Executivos que pediram a suspensão do actual processo de avaliação de professores! Aguarda-se a tomada de posição de uns e de outros!

Por que será preciso vir um sindicalista francês chamar os bois pelos nomes?


Saiba porquê
Leia aqui a
Intervenção de André Yon
no Encontro organizado pela CDEP a 14/Abril/2007

(André Yon voltará a defender connosco a Escola Pública
no Encontro de 19/Abril/2008
que a Comissão de Defesa da Escola Pública está a organizar)

20080401

Biografia não-correcta, não-autorizada e não oficial de Maria de Lurdes Rodrigues


Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas
Dedicado à Helena F.
Olá, o meu nome é Maria de Lurdes Rodrigues, embora também me tratem, carinhosamente, pelo "Tumor da Educação". Oficialmente, nasci em 19 de Março de 1956, embora, como uma senhora nunca diz a verdadeira idade, e eu bem tente ser uma senhora, devam pôr-lhe, pelo menos, mais 5 aninhos em cima...
Quando nasci, o meu pai biológico agarrou-me nos braços, olhou para mim, e apontou para a minha mãe, gritando: "este... ser, que tu acabaste de dar às trevas..., não tem boca, mas uma FENDA, no lugar da boca!... Só pode ser filha do Demo".
É triste, uma criança ouvir o seu próprio pai soltar estas palavras, ainda antes de ter podido começar a berrar, como fazem todos os nados-mortos de Badajoz. E assim fiquei marcada para toda a vida: abandonada num cestinho, fui recolhida num contentor, por uma velha daquelas que arrastam os sacos e falam sozinhas, e colocada à porta de um colégio da Casa Pia.
A minha infância foi passada entre paredes cheias de humidade e com cheiro a bafio. Todas as noites vinha um político acordar-me e meter-me a mão entre as pernas, para logo a retirar, horrorizado: "larga, que não é rapaz!...". Só muito mais tarde percebi que estava a ser arredada de todo o forrobodó do Cenário Português, e disse, para mim mesma, "Lurdes, tu nunca foste abusada, mas um dia vingar-te-ás!..."
Fui sempre uma aluna fraca, indo pouco às aulas, e preferindo ficar nos sanitários do recreio, a praticar actos contra a natureza, com um crucifixo roubado ao Mestre Américo, o único que olhava para mim, e dizia sempre: "com uma fenda no lugar da boca, hás-de ir longe, rapariga..."
A minha vida sexual iniciou-se atrás de um tapume de umas obras rascas, em Marvila, quando um homem sem dentes, e com um balde de cimento às costas, me chamou para umas ervas, dizendo, "anda cá, rapariga, que tenho uma coisa muito boa para te mostrar..." Disse-me que era engenheiro daquelas construções, e mostrou-me uma coisa pequena e murcha, com dois sacos pendurados, e uma cabeleira por cima, parecida com o penteado do meu amado coadjuvante de hoje, Valter Lemos. "Se quiseres, podes pôr aí a boca... E, se não quiseres, pões à mesma, porque a mim é o que me apetece agora..."
Só muito mais tarde sobre que se tratava de um trolha, mas desde então, como Jung explica, fiquei vidrada em engenheiros em forma de trolha, e nunca mais esqueci aquele pintelhe..., perdão, penteado, a transbordar das calças-macaco manchadas de gesso.
Estávamos a viver os últimos tempos do Antigo Regime, e um dia vieram buscar-me à camarata, para me dizerem que o Senhor Presidente do Conselho, Marcello Caetano, já não mandava nada. Houve um frémito de terror por todas aquelas camas, porque ia deixar de haver políticos a ir buscar crianças, altas horas, para práticas imorais!... Lembro-me de me terem posto à porta da rua, com um farnel com duas carcaças e um chouriço de Barrancos dentro, e me dizerem, "vá, faz-te à vida, que tens bom corpo para isso!..."
Como poderia uma pobre rapariga, com uma fenda no lugar da boca, fazer-se à vida, e foi então que descobri os grandes ensinamentos do Grande Educador da Classe Operária, o Camarada Arnaldo de Matos, e os seus braços-direitos, José Manuel Durão Barroso e Pacheco Pereira. Lembro-me de comícios de grandes touradas, de gajas de perna aberta, em cima de secretárias de Catedráticos, a serem comidas por militantes cabeludos e contínuos à beira da reforma, e a saírem de lá já com diplomas na mão. Em mim, nunca pegaram, nem tive direito a diploma, e eu jurei vingar-me.
Havia, na altura, na "Capital", uma coluna de anúncios casamenteiros, e respondi, uma vez, só por desfastio, a um Professor Primário de Samora Correia, que procurava uma rapariga humilde, séria, limpa e honrada. Marcámos um encontro à porta da "Pensão Serafina", no Intendente, e lembro-me de ter visto um coxo, sem dentes, e com um olho mais acima do que o outro, a olhar para mim, e a dizer-me: "... eu pedi uma mulher com boca, e saiu-me uma tipa com uma fenda abaixo do nariz, que miséria de vida..." Mas, os tempos eram maus, e lá casámos, ele sempre tinha mais estudos do que eu, e acabou por meter uma cunha, lá nos padres que frequentava, para eu poder dar aulas na Primária.
Fui humilhada, por miúdos ranhosos, que, quando eu lhes perguntava quanto eram 2 vezes 2, me respondiam "2 x 2 é a cona da tua mãe!...", o que só me fazia soltar lágrimas, de ter sido abandonada, de pequenina, à porta da Casa Pia.
O Professor Doutor Oliveira Salazar sempre tinha proíbido as Licenciaturas em Sociologia, já que a Sociologia se baseava em voláteis vapores da Sociedade, apresentando-os como traves mestras da História. As pessoas deixavam de ser entes sólidos, e passavam a ser fatias de Opinião, na mente de pensadores com inclinações esquizofrénicas. Eu, todavia, que sempre gostei de perfumes baratos, achava que um mau-cheiro deveria ficar para sempre, e inscrevi-me, trabalhadora-estudante, de dia, professora, à noite, escrava de queimar pestanas, a ler Durkheim. Acabei o meu curso em 1984, já com a idade de 28+5 anos, e com a média arredondada para 10, o que fez de mim um exemplo grato das mais representantes correntes da contemporaneidade.
Devo dizer que conheci, nesses tempos, gente muito interessante, o meu colega Ferro Rodrigues, o meu ex-companheiro de militâncias Pacheco Pereira, e muitos outros, que, mal ouviram dizer que vinha da Casa Pia, tudo fizeram para que eu integrasse os Quadros do I.S.C.T.E.
Nessa altura, já o meu marido me batia muito. Viciado no álcool, a sua existência eram sucessivas baixas psiquiátricas, durante as quais passava o tempo a agredir-me com a fivela de um cinto. Desde então, jurei vingar-me de todos os Professores.
Aos 33 anos, ainda era virgem, e contei com o meu ingresso no I.S.C.T.E. para embarcar nas rebaldarias reinantes no Ensino Superior. Já me via numa bancada de Catedrático, de perna aberta, a ser comida por livres-pensadores, mas a verdade é que ninguém se interessava por mim, nem sequer o Dr. Ferro Rodrigues, e muito menos o seu colega mais novo, Paulo Pedroso.
Em 1997, Mariano Gago abriu-me os lindos olhos, e disse-me que ali ninguém gostava de mulheres, muito menos de mulheres com fenda, em lugar de boca... Nessa altura, já o meu marido me tinha tornado num cinzeiro ambulante, -- eu fui o James Dean do I.S.C.T.E... -- e o nosso matrimónio resumia-se a apagar-me cigarros nas costas.
A partir de aí, e depois de um penoso divórcio, entregaram-me a Presidência do Observatório das Ciências e das Tecnologias do Ministério da Ciência e da Tecnologia -- eu era a Gata Borralheira do I.S.C.T.E... --, para poderem andar, a tempo inteiro, nosrapazitos, até a coisa estoirar, com a Felícia Cabrita e o Procurador João Guerra, no Escândalo "Casa Pia". Lembro-me, desses tempos, de ver muitas caras, anteriormente sorridentes, com um ar fúnebre, como o meu, quando hoje vou às entrevistas televisivas.
Tive um período de depressão profunda, em que só me apetecia matar quem quer que se me atravessasse à frente, até que o José Sócrates, um homem acessível, carinhoso, e encarregado de abafar as idas aos meninos do "Casa Pia", e com uma formação de trolha que me fazia lembrar o meu primeiro, e único, contacto com a sexualidade, me ter apresentado Valter Lemos. Diz, Freud, que os anos mais importantes da nossa vida são os passados na Casa Pia, e tem razão: ao ver aquele ar de caniche, com um penteado igual à pintelheira do meu trolha inicial, percebi que a minha vida ia finalmente dar uma volta profunda.
Desde então, ocupo a Pasta da Educação, e estamos, ambos, a tentar fazer aqui o que o Grupo de Macau, a última possessão socialista na Extrema Camorra, e o Chile, de Pinochet, fizeram à Educação: com 20 anos de atraso, poupar e fazer regredir as mentes até os elevados padrões dos servos de gleba da Idade Média.
Eu sei que a vossa derradeira curiosidade se prende com a minha fenda, e eu vou agora satisfazê-la: no fundo, eu sou como aqueles avisos, nos postos móveis de Multibanco: qualquer tentativa de assalto, fará imdiatamente despejar tinta sobre as notas, inutilizando-as para sempre. É verdade...: se a minha fenda de cima ainda se exibe nos vossos écrans plasma, dai graças a deus, já que a de baixo, se alguma vez for forçada, imediatamente será coberta com sucos corrosivos, como as cuspidelas dos chocos-com-tinta, e posso assegurar-vos que, ninguém, mais do que, sofre com a Natureza me ter talhado assim, mas foi o que o Destino quis, e eu, sua serva, tenho de acatar...

Chile - Avaliação de Professores


Consulte aqui o "Marco para la Buena Enseñanza", entre outros documentos e, descubra diferenças, se as houver ...

Os atestados médicos. Uma vergonha nacional

Imagine o meu caro que é professor, que é dia de exame do 12º ano e, vai ter de fazer uma vigilância.
Continue a imaginar.
O despertador avariou durante a noite. Ou fica preso elevador. Ou o seu filho, já à porta do infantário, vomitou o quente, pastoso, húmido e fétido pequeno-almoço em cima da sua imaculada camisa.
Teve, portanto, de faltar à vigilância. Tem falta.
Ora esta coisa de um professor ficar com faltas injustificadas é complicada, por isso convém justificá-la. A questão agora é: como justificá-la? Passemos então à parte divertida.
A única justificação para o facto de ficar preso no elevador, do despertador avariar ou de não poder ir para uma sala do exame com a camisa vomitada, ababalhada e malcheirosa, é um atestado médico.
Qualquer pessoa com um pouco de bom senso percebe que quem precisa aqui do atestado médico será o despertador ou o elevador. Mas não. Só uma doença poderá justificar a sua ausência na sala do exame.
Vai ao médico. E, a partir deste momento, a situação deixa de ser divertida para passar a ser hilariante. Chega-se ao médico com o ar mais saudável deste mundo. Enfim, com o sorriso de Jorge Gabriel misturado com o ar rosado do Gabriel Alves e a felicidade do padre Melícias.
A partir deste momento mágico, gera-se um fenómeno que só pode ser explicado através de noções básicas da psicopatologia da vida quotidiana. Os mesmos que explicam uma hipnose colectiva em Felgueiras, o holocausto nazi ou o sucesso dos programas de faca e alguidar.
O professor sabe que não está doente. O médico sabe que ele não está doente. O presidente do executivo sabe que ele não está doente. O director regional sabe que ele não está doente. O Ministério da Educação sabe que ele não está doente. O próprio legislador, que manda a um professor que fica preso no elevador apresentar um atestado médico, também sabe que o professor não está doente.
Ora, num país em que isto acontece, para além do despertador que não toca, do elevador parado e da camisa vomitada, é o próprio país que está doente.
Um país assim, onde a mentira é legislada, só pode mesmo ser um país doente.
Vamos lá ver, a mentira em si não é patológica. Até pode ser racional, útil e eficaz em certas ocasiões. O que já será patológico é o desejo que temos de sermos enganados ou a capacidade para fingirmos que a mentira é verdade.
Lá nesse aspecto somos um bom exemplo do que dizia Goebbels: uma mentira várias vezes repetida transforma-se numa verdade. Já Aristóteles percebia uma coisa muito engraçada: quando vamos ao teatro, vamos com o desejo e uma predisposição para sermos enganados. Mas isso é normal. Sabemos bem, depois de termos chorado baba e ranho a ver o "ET", que este é um boneco e que temos de poupar a baba e o ranho para outras ocasiões.
O problema é que em Portugal a ficção se confunde com a realidade. Portugal é ele próprio uma produção fictícia, provavelmente mesmo desde D. Afonso Henriques, que Deus me perdoe. A começar pela política. Os nossos políticos são descaradamente mentirosos. Só que ninguém leva a mal porque já estamos habituados. Aliás, em Portugal é-se penalizado por falar verdade, mesmo que seja por boas razões, o que significa que em Portugal não há boas razões para falar verdade.
Se eu, num ambiente formal, disser a uma pessoa que tem uma nódoa na camisa, ela irá levar a mal. Fica ofendida. Se eu digo isso é para a ajudar, para que possa disfarçar a nódoa e não fazer má figura. Mas ela fica zangada comigo só porque eu vi a nódoa, sabe que eu sei que tem a nódoa e porque assumi perante ela que sei que tem a nódoa e que sei que ela sabe que eusei.
Nós, portugueses, adoramos viver enganados, iludidos e achamos normal que assim seja. Por exemplo, lemos revistas sociais e ficamos derretidos (não falo do cérebro, mas de um plano emocional) ao vermos casais felicíssimos e com vidas de sonho. Pronto, sabemos que aquilo é tudo mentira, que muitos deles divorciam-se ao fim de três meses e que outros vivem um alcoolismo disfarçado. Mas adoramos fingir que aquilo é tudo verdade.
Somos pobres, mas vivemos como os alemães e os franceses. Somos ignorantes e culturalmente miseráveis, mas somos doutores e engenheiros. Fazemos malabarismos e contorcionismos financeiros, mas vamos passar férias a Fortaleza. Fazemos estádios caríssimos para dois ou três jogos em 15 dias, temos auto-estradas modernas e europeias, mas para ver passar, a seu lado, entulho lixo, mato por limpar, eucaliptos, floresta queimada, barracões com chapas de zinco, casas horríveis e fábricas desactivadas.
Portugal mente compulsivamente. Mente perante si próprio e mente perante o mundo.Claro que não é um professor que falta à vigilância de um exame por ficar preso no elevador que precisa de um atestado médico.
É Portugal que precisa, antes que comece a vomitar sobre si próprio.
Fonte: Texto escrito por um professor de filosofia (única fonte disponível)

Microfone e vozes cristalinas



Quando se fala do problema da indisciplina, do escasso tempo de atenção/concentração dos alunos, ou simplesmente, do cansaço dos professores esquecemo-nos que esta é uma profissão que privilegia a comunicação oral. Para que a voz do professor chegue aos alunos deve estar 10 decibéis acima do barulho ambiente e isto, é bastante difícil de conseguir porque raramente as nossas salas de aula foram construídas, revestidas ou mobiladas, de forma a favorecer a propagação da voz nas melhores condições: os alunos para ouvirem em boas condições têm que se manter em silêncio, o professor obriga-se a falar mais e mais alto para contrabalançar o barulho ambiente (tempos houve em que a minha sala se situava junto a um campo de jogos, pelo que, o apito, os risos, as invectivas, as celebrações eram lugar comum e impediam qualquer tentativa de manter os alunos concentrados por um período mesmo curto).
Dos Estados Unidos chega a notícia de que algumas escolas (jardins-escola e primárias) se estão a equipar de forma a fornecer um pequeno microfone sem fios aos professores. Este microfone, do tamanho de um pequeno telemóvel aumenta o volume e a clareza da voz. Esta poderá ser a maior revolução na sala de aula desde o computador. Professores e alunos têm respondido de forma muito positiva à introdução desta tecnologia. Os alunos, conseguem ouvir o professor com menos esforço e, por outro lado, no momento da apresentação dos seus trabalhos ultrapassam a timidez resultante de não se conseguirem fazer ouvir pelos colegas.
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Ver notícia do Washington Post