20080209

A palavra a Laura Pires

Depois de ter estado presente numa reunião de Departamento, em que se discutiu afincadamente a melhor forma de adaptar as enormidades do Ministério da Educação no que à ficha de avaliação dos professores diz respeito, cheguei, pessoalmente, a algumas conclusões que indiciam falhas graves na proposta do ministério.

Passo a anunciar:

  • falta desde logo, em relação ao parâmetro da pontualidade, a justa hipótese de o pessoal discente poder dar severas reprimendas aos professores que prevariquem. Estas reprimendas devem ser proferidas em alto e bom som, com alguma assistência, entre professores, alunos e encarregados de educação, de forma a que o prevaricador, atrasado 4 minutos depois do toque, se mostre arrependido e tenha vergonha na cara;
  • para uma avaliação de desempenho isenta há que promover a interdisciplinaridade de forma mais eficaz. As competências científicas de um professor devem sempre ser avaliadas por um colega de uma área diametralmente oposta, ou seja, e como exemplo, o professor de Inglês deve avaliar o rigor cientifico dos conteúdos leccionados nas aulas assistidas do professor de Matemática. Só assim podemos ter uma completa isenção e imparcialidade;
  • ainda nas aulas assistidas, os professores que leccionarem todas as aulas previstas sem utilizarem de forma permanente e sistemática os equipamentos necessários - computador portátil (o do ME, e só esse, claro), apontador digital para quadro electrónico, retroprojector com diapositivos raros, scanner, DVD documental adequado ao tema da aula, CD-Roms interactivos, câmaras de fotografar e filmar digitais, etc. – devem ser severamente punidos com umas valentes bofetadas no fim de cada aula;
  • em relação à assiduidade, acho que, nas suas propostas, este ministério é muito benevolente, para não dizer mole. Na minha modesta opinião, o professor que falte a uma qualquer aula ou actividade da escola, mesmo que por motivo de doença grave ou falecimento de familiar directo, deve ser imediatamente posto na rua, sem qualquer direito, sem subsídio de desemprego nem falinhas mansas. Afinal, só com braço de ferro se põe na ordem os malandros dos professores;
  • por último pareceu-me não haver nos documentos do ministério nenhum momento de real activação de sacrifício infligido à classe dos professores. Um professor deve ser um exemplo para todos, por isso, notei a falta de uma sessão trimestral, ou semanal, de apedrejamento público do professor, em espaço amplo (átrio da escola, por exemplo), por toda a comunidade educativa durante cerca de 45 minutos. Dessa forma poderíamos ver quais os professores, dignos desse título, que se aguentavam melhor e seleccionar assim os mais capazes para o desempenho correcto da sua profissão.

Por tudo isto, solicito encarecidamente ao Ministério de Educação, não suspendam a avaliação dos professores, nem por providência cautelar nem por ordem real, pelo contrário, aumentem e agravem os castigos sobre esses malandros, os professores!

Laura Pires

8 comentários:

Anónimo disse...

Cinismo muito bem conseguido, estimada Senhora.
Assim que vê que a idade traz sabedoria!

Respeitosos cumprimentos

Anónimo disse...

Querida Laura Pires,

Li agora este teu desabafo que compreendo a nível do conteúdo. Mas, por sermos amigas íntimas, permito-me corrigir-te dois erros de construção frásica, sem apedrejamentos, por favor :-)

1 - "Afinal, só com braço de ferro se PÕEM na ordem os malandros dos professores".

Neste caso, o verbo deve usar-se no plural porque o sujeito é plural: "os malandros dos professores":-)))
É um caso chato este do "se" ser, nesta frase, uma partícula apassivante (se calhar já não é assim que se chama mas vai dar ao mesmo). É o exemplo do "vende-se apartamentos" que prolifera por Portugal fora... o problema é que "os apartamentos VENDEM-SE" ou "VENDEM-SE apartamentos" mas muito poucos os podem comprar...

2 - "... solicito encarecidamente ao Ministério da Educação que não SUSPENDA...pelo contrário, AUMENTE e AGRAVE...".

É outro caso de concordância verbal, em número, entre o sujeito da frase e o seu (terminologicamente antigo) "predicado". É que não podemos assim mudar de sujeito do pé prá mão a meio de uma frase só porque, quando protestamos em língua portuguesa, pensamos sempre "neles", naquela corja indefinida e plural que nos lixa a vida. Isto na escrita, claro, porque na oralidade deixa-se passar.

Pronto. Aqui fica o meu desabafo. Como nem sou da tua área, se o que pedes fosse avante, atribuir-te-ia então... huuuuummmm... aí a modos que um 17 em 20! ;-)
(Mas dava-te o 20 se me entregasses a prosa corrigida!)

olhaqui disse...


Para Laura:

Há muitas maneiras de fazer pedagogia...
Gostei da tua!


Para Nívea:

Fiquei “doente” ao abrir estes comentários... Cheira-me a vingançazinha barata. Isso é no mínimo muito feio, fazê-lo publicamente!!!

Imaginas que fizeste um grande serviço??? Se fosses realmente “amiga” de Laura, não deverias fazer o comentário particularmente???
"Deus nos livre e guarde" de amigos desses!....

És o exemplo típico da PROFESSORAZINHA CÍNICA E MESQUINHA!!!

Por haver muitas como tu... é que a nossa classe é o que é!.... Pessoas com atitudes como as tuas, em nada dignificam a nossa classe.

Felizmente que não vos conheço pessoalmente!

Sem cinismos: parva do carago, armada em sabichona!!! Nojo!!!!

Mª Irene ( prof. em final de carreira)

Anónimo disse...

Para Irene:

:-)))

Não foi de todo essa a intenção, Irene. Mas confesso que para quem lê assim, a seco, tudo pode vir à cabeça. Somos mesmo amigas, até tínhamos acabado de estar 1 hora ao telefone quando depois escrevi isto :-))))
Eu não acho que o texto dela fique menorizado por esta minha brincadeira, porque está muito bem escrito para além de ser um desabafo onde muita gente se revê.
Ela não leva a mal, só se pode rir ou pedir à Provedora que postou a prosa para corrigir os errozitos :-)))
Porque o escrevi aqui? Foi na sequência da nossa conversa ao telefone :-))))))) (só eu e ela é podemos perceber).
Agora eu acho que corrigir erros de português não deve ser tabou e não deve ofender ninguém! Todos os damos e o que eu quero é que me corrijam a mim também! Mas confesso que foi a primeira vez que fiz esta treta e prometo que, depois de te ler, nunca mais o vou fazer!

Anónimo disse...

Vocês parecem umas matracas. Santa paciência ... aposto que ninguém lê o que aqui tem sido dito. Falo por mim e até publiquei as palavras dessa tal Laura.
É-me indiferente o que dizem. Se quiserem, continuem.

Laura Pires disse...

É verdade tudo o que a nívea samovar diz. Não fiquei minimamente chateada. Aliás o texto, saiu assim, de rompante, com alguma raiva, sem necessidade de correções ao pormenor.
Não se chateiem, não vale a pena.

Anónimo disse...

É cada nome! Ó Laura, malha nos prof.s mas não lhes dês paleio pá!
E essa terapia, vai bem? ;)
Bjo,
M.

Anónimo disse...

Ahahah! Vocês têm toda a razão :-)))
Grande moriae! Que me fizeste rir com a história dos nomes! Bora, Laura, faz mas é o que ela diz, que és a única que tem um nome normal!:-)))))))