Juro que este é daqueles casos em que preferia não ter sentido a célebre e irritante frase: "eu bem disse"... mas estava-se mesmo a ver, não estava?
No entanto, não deixa de me continuar a espantar a ligeireza como continuamos a ser tramados por pessoas que gostam de fazer de nós estúpidos...
Servem estas reflexões para enquadar a notícia que dá conta dos resultados da reunião da comissão "paritária" ocorrida ontem e que transcrevo mais abaixo. Os sublinhados são meus...
E entre a hipótese de os sindicatos terem sido ingénuos ou a de saberem muito bem o que estavam a fazer a quem deveriam representar, não tenho dúvidas:
Glosando a Sophia, "Perdoai-lhes (?), Senhor, porque eles sabiam EXACTAMENTE o que estavam a fazer!!!".
Educação: Sindicatos exigem fim "ilegalidades gravíssimas" nas fichas de avaliação, ministério admite "ajustamentos"
23 de Maio de 2008, 19:30
Lisboa, 23 Mai (Lusa) - A Plataforma Sindical dos Professores exigiu hoje ao Ministério da Educação que ponha cobro às "ilegalidades gravíssimas" praticadas nas grelhas de avaliação, tendo o secretário de Estado Jorge Pedreira admitido "alguns ajustamentos".
"Nós hoje temos grelhas de avaliação nas escolas, e não estou a falar em grelhas construídas pelo ministério, mas pelas escolas, que têm ilegalidades, algumas gravíssimas", disse hoje o porta-voz da Plataforma Sindical dos Professores e secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira, no final da reunião com a Comissão Paritária para a Avaliação, agendada para discutir o despacho que aprova as fichas de avaliação.
"Exigimos que o Ministério da Educação ponha cobro a esta situação de abuso e ilegalidade, que emita orientações que acabem com tudo isto que vai além do próprio quadro legal em vigor, e que todas as situações de ilegalidade que se abaterem sobre os professores sejam da responsabilidade do ministério e das escolas que resolveram ser mais 'papistas que o Papa'", sublinhou o dirigente sindical.
Mário Nogueira acrescentou que os sindicatos vão apoiar os professores que decidirem recorrer aos tribunais em virtude desta situação que considera "inaceitável".
As denúncias de ilegalidades foram apresentadas na reunião ao representante do Ministério da Educação, o secretário de Estado adjunto e da Educação, Jorge Pedreira, tendo sido acordado que serão emitidos às escolas alguns esclarecimentos sobre a matéria.
"Aquilo que ficou [acordado] foi que haverá alguns esclarecimentos relativamente a este despacho e alguns ajustamentos que permitem concretizar os objectivos que eles [sindicatos] tinham, nada de substancial, nada de significativo, mas que vão ao encontro das preocupações que as associações sindicais tinham", disse aos jornalistas Jorge Pedreira.
No que diz respeito às fichas de avaliação, "nada foi alterado", tendo sido apenas introduzidas algumas modificações "de pormenor nas instruções relativamente às classificações", esclareceu o secretário de Estado.
No final da reunião, Jorge Pedreira afirmou que "finalmente está tudo arrumado relativamente a este despacho que será publicado brevemente", mas Mário Nogueira reafirmou que considera o modelo das grelhas de avaliação "desadequado".
"São fichas mal feitas, por quem não percebe nada de avaliação de professores e de avaliação de desempenho, que contêm erros técnicos e científicos, mas mais importante são fichas em que o Ministério da Educação não quer mexer", disse o dirigente sindical, que acrescentou que a sua aplicação no próximo ano terá consequências "extremamente negativas".
Em declarações aos jornalistas, Jorge Pedreira deixou claro que não havia, à partida para esta reunião, qualquer intenção por parte do ministério de fazer alterações às fichas ou de alargar as negociações.
"A negociação já estava concluída, era [preciso] apenas alguns ajustamentos da parte do ministério. Ainda que algumas associações sindicais pretendessem voltar a discutir tudo desde o início, o ministério não esteve disponível para isso", declarou.
IMA.
Lusa/Fim
5 comentários:
A GRANDE CONQUISTA,NÉ?
E quem se lixa, quem é?
O mexilhão....
É preciso ser ingénuo... Arre!
É óbvio que há má fé...
É óvio que o poder vai resistir até ao limite...
é óbvio que vai fazer bluf...
é óbvio que será uma guerra de nervos... se não for de cumplicidades...
É óbvio...
Maria José:
A grande conquista é a soma de pequenas conquistas difíceis de obter. Ou julgou que depois dos 100 000 tudo ia ser fácil? Claro que tudo isto dá trabalho: os professores têm que intervir nas escolas, denunciar o que se passa, e na comissão paritária (uma conquista importante do "entendimento") compete aos sindicatos denunciar as situações e desmontar toda a incoerência e iniquidade deste modelo de avaliação.
A comissão paritária não vai servir para coisa nenhuma. O ME, reuniu dezenas de vezes com os sindicatos, sem ligar cavaco aos protestos dos sindicalistas, aprovou o que lhe deu na real gana.
A mesma actuação irá ter na dita comissão: as decisões são do ME e os sindicatos ladram, os abortos legislativos são publicados e os professores acatam que nem cordeirinhos.
Ora aí está como a montanha pariu o ratito.
O entendimento não é a "montanha", temos que ter noção de que é uma primeira e pequenina vitória depois de três anos de destruição da carreira de professor. Três anos em que conseguimos ZERO! E agora temos pela frente um governo em cada vez mais notórias dificuldades. Com eleições a aproximarem-se. E com a possibilidade de, no futuro, novas acções de luta (e como estes gajos têm medo das manifestações!) para fazer valer os nossos direitos.
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