20080915

Se compreendo este colega!

"Um relato verídico de uma vida a lutar por nada....

Aos meus alunos, aos Pais dos meus alunos, aos professores e a todos os meus concidadãos

Tenho cinquenta e tal anos de idade, trinta e muitos dos quais como docente no ensino secundário e no ensino superior.

Fiz a Licenciatura com 16 valores, o Estágio Pedagógico com 18 e um mestrado em Ciências da Educação com Muito Bom.
Dediquei a minha vida à Escola Pública. Fui Presidente do Conselho Executivo (dois mandatos), orientador de estágio pedagógico (3 anos), delegado de grupo / coordenador de departamento (dois mandatos), Presidente do Conselho Pedagógico (um mandato) e director de turma durante vários anos.

Nos últimos tempos leccionei no ensino superior, com ligação permanente à formação de professores.Desempenhei vários cargos pedagógicos, participei em múltiplos projectos e desenvolvi dois trabalhos de elevado valor científico.
Entretanto, regressei ao ensino secundário e à minha escola de origem.
Alguns dos antigos colegas, embora mais novos do que eu e com menos tempo de serviço (compraram o tempo, explicaram-me depois) já se tinham reformado. Eu também já tinha idade, mas faltavam-me alguns meses para o tempo necessário quando mudaram as regras do jogo. E como se não bastasse a alteração dessas regras, é aprovado, entretanto, um novo estatuto para a carreira docente. E logo de seguida é aberto o concurso para professores titulares. Um concurso para uma nova categoria onde eu não tinha lugar!
Não reunia condições. Mesmo com um Mestrado em Ciências da Educação e sem ter dado uma única falta nos últimos sete anos, o meu curriculum valia, apenas, 93 pontos! Faltavam 2 pontos para o mínimo exigido a quem estivesse no 10º escalão.

Com as novas regras, o meu departamento passou a ser coordenado, a partir do presente ano lectivo, por um professor titular. Um professor que está posicionado no 8º escalão. Tem menos 15 anos de serviço do que eu. Foi meu aluno no ensino secundário e, mais tarde, meu estagiário. Fez um bacharelato com média de 10 valores e no estágio pedagógico obteve a classificação de 11 valores. Recentemente concluiu a licenciatura numa estabelecimento de ensino privado, desconhecendo a classificação obtida. É um professor que nunca exerceu qualquer cargo pedagógico, à excepção de director de turma. Nos últimos sete anos deu 84 faltas, algumas das quais para fazer 15 dias de férias na República Dominicana (o atestado médico que utilizou está arquivado na secretaria da escola, enquanto os bilhetes do avião e a factura do hotel constam de um outro processo localizável). O seu curriculum vale 84 pontos, menos 9 pontos do que o meu. Contudo, este docente foi nomeado professor titular.

De acordo com o Senhor Primeiro Ministro e demais membros do seu Governo, com o apoio do Senhor Presidente da República e, agora, com o apoio dos dirigentes sindicais, este professor está em melhores condições do que eu para integrar ' (...) um corpo de docentes altamente qualificado, com mais experiência, mais formação e mais autoridade, que assegure em permanência as funções de organização das escolas para a promoção do sucesso educativo, a prevenção do abandono escolar e a melhoria da qualidade das aprendizagens.'

A conclusão, embora absurda, é clara: se eu estivesse apenas no 9º escalão, e com os mesmos pontos, seria considerado um docente altamente qualificado, com mais experiência, mais formação e mais autoridade. Como estou no 10º escalão, e não atingindo os 95 pontos, eu já não sou nada.

Isto é o resultado de uma selecção feita com base na '(...) aplicação de uma grelha de critérios objectivos, observáveis e quantificáveis, com ponderações que permitam distinguir as experiências profissionais mais relevantes (...)[onde se procurou] reduzir ao mínimo as margens de subjectividade e de discricionariedade na apreciação do currículo dos candidatos, reafirmando-se o objectivo de valorizar e dar prioridade na classificação aos professores que têm dado provas de maior disponibilidade para assumir funções de responsabilidade.' É assim que 'reza' o DL 200/2007, de 22 de Maio. Admirável!

Agora consta por aí (e por aqui) que aquele professor (coordenador do meu departamento) me irá avaliar...
Não, isso não será verdade. Esse professor irá, provavelmente, fazer de conta que avalia, porque só pode avaliar quem sabe, quem for mais competente do que aquele que se pretende avaliar.
O título de 'titular' não é, só por si, suficiente. Mesmo que isto seja só para fazer de conta...

Conhecidos que são os meus interesses, passo ao principal objectivo desta carta, que é, simplesmente, pedir perdão!

Pedir perdão, em primeiro lugar, aos meus alunos. Pedir perdão a todos os Pais dos meus zlunos. Pedir perdão porque estou de professor, mas sem me sentir professor. Tal como milhares de colegas, humilhados e desencorajados, sinto-me transformado num funcionário inútil, à espera da aposentação.
Ninguém consegue ser bom professor sem um mínimo de dignidade. Ninguém consegue ser bom professor sem um mínimo de paixão.

As minhas aulas eram, outrora, coloridas, vivas e muito participadas.
Com acetatos, diaporamas, vídeos, powerpoint, etc. Hoje é, apenas, o giz e o quadro. Só a preto e branco, com alguns cinzentos à mistura.
Sinto-me desmotivado, incapaz de me empenhar e de estimular. Receio vir a odiar a sala de aulas e a própria escola. Receio começar a faltar para imitar o professor titular e coordenador do meu departamento (só não irei passar férias para a República Dominicana porque tenho outras prioridades...). Receio que os professores deste País comecem a fingir que ensinam e a fingir que avaliam. Sim, porque neste país já tudo me parece a fingir.

Cumprimentos.

(Um professor anónimo e humilhado, tal como milhares de outros professores)"

11 comentários:

Anónimo disse...

Uma vergonha o que se está a passar neste país de pocilga e de governantes de faz de conta. O caso deste professor é uma vergonha e uma afronta à dignidade da classe docente. Mas já nada me espanta, desde que a ministra Lurdes Rodrigues saltou do ISCTE para o governo. O seu já conhecido chico-espertismo e a sua não-vergonha está a levar o país ao completo descalabro na área educativa, coadjuvado pelo Valter e pelo Pedreira. Precisamos duma nova política e duma nova praxis educativas. O próximo ano é o ano do acerto de contas para com todos os Pinóquios deste país...

Anónimo disse...

Já a minha avozinha dizia: se tens alguma coisa a dizer em público, assina por baixo. Se não, ninguém te leva a sério e acredita em ti. É uma questão de princípio, sabem?
Com efeito, quem é que me diz que esta história é VERDADEIRA?! E se for um tipo frustrado que, no aconchego do seu lar (sim, há uma data de gajos e gajas assim!!), inventou todo este fado choradinho? Quem é a pessoa que escreveu isto? Teve MESMO 16 valores? Que estabelecimento de ensino é este? Quem é o gajo que vai à República Dominicana?
É simples, não é? Basta eu embirrar com o meu vizinho, dizer mal dele, e já está!! E sempre posso alegar que tenho medo de ser perseguida, e por isso não assino por baixo! Belo exemplo que estamos a dar às novas gerações, não haja dúvida!
Nos tempos dos nossos avós, as cartas anónimas iam para o caixote de lixo. Hoje, têm direito de antena, e nem dá para comprovar se as fontes são verdadeiras ou não. É por essas e por outras que a blogosfera é tão pouco respeitada. É que, ao menos, mesmo no pior pasquim, o leitor é obrigado a identificar-se.
Já agora, a Ministra agradece: com professores deste tipo, pode ela muito bem!
Só posso chegar a uma conclusão: é bem feita que o tipo esteja a levá-las. É que num local de trabalho temos que nos dar ao respeito, e não é essa a sensação com que fiquei deste "professor". Foi para isto que o 25 de Abril serviu?
Assinado: Sandra Costa

Anónimo disse...

Espero que o comentarista das 19:35 não fique melindrado, pois vou começar por: "...O próximo ano é o ano do acerto de contas para com todos os Pinóquios deste país..."

Até percebo mas o que não entendo, o que não entendi é porque razão foram os sindicatos, com os mais poderosos à cabeça, meterem-se no "entendimento" quando estava assegurado tanta gente na Rua?! Evitando que a "partida de bilhar de bolso" vá agora, uma vez mais ser catapultada para aquele acto de colocar o papel na urna (a analogia com caixão... tem tudo a ver!). É que... desculpe-me, mas AQUILO QUE ATÉ HOJE FOI FEITO AOS PROFESSORES/AS, para não dizer isso sim, ao Ensino Público em Portugal portanto às crianças, adolescentes e mesmo ao Superior, diga-me, que trampa entenderam os senhores sindicalistas fazerem? Tinha de ser? Não, não tinha, se não alinhassem pela bitola do Governo pois quem interessava deu-vos oportuníssimamente a força necessária para terem defendido o Ensino Público - O QUE NÃO FIZERAM! Pintem como quiserem, há uma imensa palete de cores...

Agora, veja-se o máximo dos máximos... a questão resolve-se... para o Ano 2009? O Ano em que há eleições... por favorzinho, afinal o Ensino agora anda nas calendas das Eleições! Dos mamões políticos que da direita à esquerda, ao centro, até hoje, tudo deixaram cair - bastou o Santana ter distraído o pessoal e zás. Mas desculpem, isto não é consequência de idêntica confusão e vai daí meteram o Pinócrates por maioria absoluta para fazer o que está a fazer? Acho que não, mas ele aproveitou. Ele e todos aqueles que durante 3 décadas não tinham conseguido destruir o dito Ensino...

Então e para o Ano, vamos votar em quem? Pela Direita, pela Esquerda, por Cima e por Baixo... mas PS não?! Mas e isso vai mudar o quê? É que ainda não vi nenhum programa concreto mas já imagino, tanto à Direita como à Esquerda. Querem ver que agora vamos ter o Santanista como case study para mais asneira?!

Uma coisa é certa. Os instalados do sistema vão seguir o curso do mal menor. Estou todo baralhado pois imagino que a reboque daquilo que na Rua se assistiu como tomadas de posição e protesto perante a Política (des)Educativa deste governo - massivamente - se vá agora entrar no período da contagem de votos... é uma vergonha meus senhores. Trabalha-se para a política quando as respostas estão fora dela.

Peço imensa desculpa ao autor da carta que motivou este post, isto é de tal modo injusto que só pergunto se os sindicatos (responsáveis eles também pela trampa em que isto tudo está), não terão a dignidade de AVANÇAREM PARA TRIBUNAL DOS DIREITOS HUMANOS e defenderem a sua classe! Rompam o entendimento! Não têm tomates! Isto é de uma tamanha falta de Humanidade visto que profissionalmente é claríssima a aberração.

Este é um depoimento... a mim basta-me UM! Mas imagina-se a milhentas aberrações que grassam por este país fora... nesta e em muitas áreas estruturantes.

Como é que isto pode continuar assim é que é fabuloso de seguir. Agora votos, vão buscá-los onde os deram.

É inadmissível!

Anónimo disse...

Há quem dê a cara e mesmo assim tenha "vendido" os/as Professores/as e Educadores/as.

Acho um piadão... a quem assina por baixo.

Parece-me que este blog, tem mantido testemunhos que incomodam muita gente.

O exemplo da comentadora que diz que assina mas não "assinou" é curioso.

Tinha piada identificar-se, pode ser que seja daquelas personagens que tende a agitar para usar... depois. Pelo menos, suposta Sandra Costa estará associada a um IP, vá lá já não é mau. Mas supôr-se que assinou é tão válido quanto o suposto anonimato do conteúdo do post. Não entendo a diferença mas está bem. Se pretendia credibilidade, espalhou-se.

Anónimo disse...

Caro "Anónimo" (outro):
O meu nome está identificado (duas vezes!) e aproveito para dizer que sou professora. Quem ler este blog e estiver na minha escola saberá logo quem eu sou, ainda por cima porque, no meu local de trabalho, sou famosa por ser frontal e por assumir as minhas ideias, um costume (ainda) muito pouco português, e que, muitas vezes, só me traz dissabores. É verdade que depois tenho que aturar chatos como você, mas é um preço que eu estou disposta a pagar.Além disso, todos os cronistas e comentadores deste país não precisam de pôr a morada e de mostrarem o seu BI para todos saberem que eles existem, não é?

Simplesmente mantenho a minha opinião: o que foi relatado nesta carta é grave demais para não ter um autor devidamente identificado. É assim que os poderosos vão mantendo o seu poder: porque as massas sabem mas calam-se. Já o disse acima: a Ministra agradece.

(Ainda) Não há Cidadania neste país. Admita que aquilo que estou a dizer é verdade: precisamos de gente adulta e responsável, não de bebés chorões à porta fechada. Ou então, se não temos tomates, mais vale deixarmo-nos de manifestações. Para quê? Chega a hora H e ninguém se manifesta e dá a cara?

Das duas uma: ou cala-se e resigna-se, ou acusa e ASSINA POR BAIXO. É assim que se operam as verdadeiras democracias. Se não o fizermos, então o 25 de Abril não serviu para nada, e não passamos, afinal, de uma nação de queixinhas e de Calimeros lamurientos, cães que ladram mas não mordem.

Como você que, à boa maneira portuguesa, não se identifica.

Mais uma vez, assino por baixo,

Sandra Cristina Costa

P.S: não sei por que razão se queixa do meu comentário: o autor deste blog não colocou quaisquer objecções!!

Anónimo disse...

E para terminar, leia a entrevista da professora Maria do Carmo Vieira, no "Notícias Magazine" (encontrará excertos no blog "A Educação do Meu Umbigo"). Esta sim, esta é um exemplo a seguir! E ASSINA POR BAIXO!!

Anónimo disse...

Sandra,

realmente, há motivos para indignação mas veja lá, como professora, prefere desconfiar dos seus colegas. É revelador. Bom, tb desconfio de muitos colegas ... aqueles que aparecem bronzeados depois de uma gripe (se bem que ao que parece, já ninguém [de entre a classe docente] apanha gripe hoje em dia) ... Tb desconfio de indignações muito dirigidas e insistentes. Mas lá está ... hoje em dia, mesmo com o nome por baixo, nunca se sabe com quem falamos.

Cumprimentos,
Moriae

Nota: aqui, donos do blogue são todos os seus elementos. E a blogger é ainda mais dona se pensarmos bem ...

Anónimo disse...

Adenda:

'aqui, autores do blogue são todos.'


Peço desculpa porque foi grave a minha confusão.

Anónimo disse...

Desculpem o ... lençol...

Cara senhora Professora Sandra Cristina Costa, eu sou aquele de 15 de Setembro de 2008 20:12; o outro de 15 de Setembro de 2008 20:20 e agora este. Parece-me que o seu comentário de 16 de Setembro de 2008 19:09 se deve ao meu de 15 de Setembro de 2008 20:20 e não ao de 15 de Setembro de 2008 20:12. Como a compreendo...


Dito isto, quando escrevi: "Espero que o comentarista das 19:35 não fique melindrado, pois vou começar por:", não era, como afirmei esperar, para melindrar. Não era a minha intenção. Pelos vistos aconteceu.

A minha intenção era mais isto: "...O próximo ano é o ano do acerto de contas para com todos os Pinóquios deste país...""

Esse era o chamado "sumo" da (minha) questão mas decidiu ir reportar outros elementos que, confesso-lhe, são secundários ao "sumo", para mim, claro. Afinal só foi levantar um problema mais, quando, sobre a questão, silêncio total.

Já percebi que ficou sensibilizada com o que escrevi (15 de Setembro de 2008 20:20), certamente pela questão do "nome". Repito que não era essa a intenção. A única coisa onde "carreguei" sobre o seu comentário foi por causa de ter assumido que escrevendo um nome, a coisa já daria mais credibilidade e, confesso-lhe que não entendo. Será que a história anónima a ser verdadeira se tornaria porventura mais verdadeira ou menos verdadeira, porque não foi assinada?! Seria assim?... por esse andar não tarda, dependendo do nome que escreve a coisa será mais ou menos "aceite"... assim já é. É por isso que detesto nomes para dar "força" aos conteúdos... muitas vezes acontecem equívocos. Embora certos nomes tenham mais força que outros. Portanto, resume-se a coisa ao "nome"? Ora essa. Então e o conteúdo? Porque razão alguém que não quer assinar deve assinar?... ainda por cima com uma série de argumentos, válidos é certo, mas que com nome ou sem ele, a história vale por ela própria. Se a história é verdade? Bem, isso não sei. A mim o que me interessa é o que está escrito. Interessa-me aquela história, como me interessa a sua tentativa de menosprezar aquilo que anonimamente se escreva. Então e a ficção? Nomes de ficcionistas não faltam. Sabe lá porque razão o/a autor/a não assinou. Se souber diga.

Não se esqueça que a minha ideia do sumo era aquela...

Portanto, pintou o quadro com outra figura, sugiro novamente: Pinte como entender, há uma imensa palete de cores...

Chegado aqui, a autoria deste blog sabe perfeitamente quem escreve este comentário. Indague e verá. Não o meu nome, pois não há autorização para isso. Essa vontade é minha e exclusivamente minha. Igual ao anónimo que escreveu a "história". Assino quando quero assinar. Considero que misturou processos burocráticos com o que motivou o post - um mal estar dos diabos, uma injustiça tremenda... se é verdade? Cada um fica com o que entender.

Pelos vistos, a ser verdadeira, talvez a pessoa em causa não a escrevesse só porque não queria assinar? Eu prefiro lê-la! Ainda bem que foi escrita assim. E ao contrário do que Sandra Costa diz sobre "credibilidade", o que faz falta é de facto haver as milhentas histórias de arrepiar... venham elas, anónimas, identificadas... ou terá esta história sido lançada por pivot's naquela de ver se pega o isco? Terá de perguntar aos responsáveis pela sua publicação, já que o autor parece ser desconhecido.

Desculpe ser chato, além de anónimo, para si.

Gostei desta sua frase: "Além disso, todos os cronistas e comentadores deste país não precisam de pôr a morada e de mostrarem o seu BI para todos saberem que eles existem, não é?"

Eu continuo a dizer que o que me interessa é o que se escreve...

Tenho uma predilecção especial por outra frase sua: "É assim que os poderosos vão mantendo o seu poder: porque as massas sabem mas calam-se."

Primeiro, embora com bastantes visitas, este blog não é de "massas". A teoria das "massas" do Reich, o William, não confundir, explica muito claramente o que isso dá. Segundo, mediante as suas palavras "...as massas sabem mas calam-se.". Não percebo. Afinal refere-se como padrão às "massas sabendo", como se de um hábito se tratasse, quando assume que afinal um anónimo que escreve uma história daquelas até pertence "às massas", que sabem mas... mas... não assina?!
Pode ter receios

Então e aquilo que escreveu? O conteúdo em si, a matéria. Perde a validade? Porreiro pá. Não conta porque não há confirmação de quem a escreveu.

Mas desculpe, tem a certeza? Eu não sei.

Não se esqueça de continuar a pensar que o "sumo" do meu primeiro comentário era outro, já referido.

Sobre, haver ou não Cidadania neste país? Bem, compreendo-a mas será que os "cidadãos" deste país o podem ser de facto? Os que são capazes. Conheço muita gente que me diz das coisas mais corriqueiras: "Então mas vou-me queixar a quem? A eles? A pandilha é a mesma e se não é previnem-se uns aos outros e fazem-nos a vida negra! Quem paga as despesas? Os anónimos contribuintes ou na melhor das hipóteses eu."; outros dizem: "Quem paga é o Cidadão, eu não!"; "Opá, se falo perco o emprego"; "Ainda se eu tivesse formação a ponto de conseguir explanar bem os assuntos..."; "A Lei está do lado dos fortes, dos que têm dinheiro..."; "O que é que eu já assinei? Resultou em alguma coisa? Nada!" ou "Sou Cidadão de plenos Direitos mas só vejo Deveres pela frente"... seria infindável.

A isto, uma simplicidade total: Cidadãos somos TODOS/AS e não deveria ser necessário "tornarmo-nos Cidadãos"... muito menos de primeira, segunda ou terceira, conforme os critérios e valores daqueles que se dizem Cidadãos de Plenos Direitos e Deveres para obviamente se poderem distinguir dos que deles são, apenas, diferentes!

Na Priberam (na net), diz assim:
cidadão

fem. cidadã

s. m.,
habitante da cidade; habitante de um estado livre, com direitos civis e políticos;

fam.,
indivíduo qualquer;

adj.,
relativo a cidade.

Depois, sobre cidadania, reza assim:

cidadania
s. f.,
qualidade, direito de cidadão;
título honorífico com que uma cidade presta homenagem a uma personagem importante, considerando-a como um dos seus filhos.

Às vezes fico sem palavras mas posso sempre dizer o meu nome quando bem entender... e daí? Adianta alguma coisa? Só se for a algum ego... será que o ego dá credibilidade ao que escrevo? Ou o que escrevo é que é importante? Isso está muito cinzento.

"Das duas uma: ou cala-se e resigna-se, ou acusa e ASSINA POR BAIXO."
Acho estas suas soluções um bocado estranhas mas como deu apenas duas alternativas, compreende-se, mas repare que o autor anónimo da história do post não alinhou em nenhuma das suas alternativas. Portanto até existe uma terceira, pelo menos. Por exemplo, imagine, desculpe estar de novo a dizer para imaginar, mas imagine que autor até já tem o caso em estado avançado de queixa a quem de direito. Imagine que por algum motivo o mesmo se encontra em segredo de justiça, imagine, hipoteticamente. Mas no concreto até pode acontecer. Não assinou por baixo? Pois fez muito bem. Não violou o segredo de justiça. Coisa que nomes sonantes da praça pública, entidades de máxima responsabilidade na sociedade, jornalistas, fazedores de opinião e outros tantos, tantas vezes fazem. Nem água vem nem água vai. Tudo na boa.

Sim, acho que "as verdadeiras democracias" (pelos vistos há as falsas, admita que pode estar numa delas) deveriam ser "operadas" às suas entranhas de tão doentes estarem. Nisso concordo.

Confesso que gostava da banda desenhada do Calimero. Prefiro cães que ladram mas não mordam, os que ladram e que mordem e aqueles que só mordem têm provocado uma série de acidentes, ou quiçá, até crimes, embora entenda a figura de estilo que tentou.

Neste momento, vou ser malcriado pois a utilização da sua figura de estilo (ou no mínimo aquilo que dela entendo) quando diz: "...cães que ladram mas não mordem. Como você que, à boa maneira portuguesa, não se identifica." Cães? Eu? Boa maneira portuguesa? Essa linguagem é o quê? Raivosa? Desconcertante? Anda ao tiro aos patos? Quer o quê? Que nome lhe poderei chamar a si? Assina e tudo, muito bem. Mas e daí, também isso já dá direito a a chamar nomes às pessoas, mesmo que seja de maneira estilosa? Minha senhora, dispenso, passe bem e acalme essas águas. Mais me parece daqueles que querem convencer os outros que o caminho deles era o único... ou então resignem? Espere sentada: RESISTIR É VENCER" Não se aproprie já do efeito...

Sobre o seu P.S: (que curiosamente está em caixa alta), só lhe poderei dizer que me identifico em muitas coisas com a respectiva autoria do blog, de outro modo duvido que me desse ao trabalho de lhe explicar o enunciado acima... e em jeito de remate, é óbvio que a escrita, em especial na internet, pode ser interpretada erradamente. O factor presencial é absolutamente essencial pois há laços de cidadania que se confundem em três tempos e, na minha opinião, o que falta não é assinar, muito pelo contrário é agir.

E não voltámos a conversar sobre "o sumo", não está esquecido. Há tempo, as eleições são só para o ano. Ainda veremos qual o posicionamento deste blog em relação a tal matéria... cidadãos aqui não faltam, anónimos ou não.

Agora, vou tentar encontrar a entrevista de Maria do Carmo Vieira que tive o prazer de conhecer faz quase duas décadas. Confesso, não li ainda e ainda bem que me aconselha a ler. Seguirei o seu conselho caso se justifique, sobre assinar ou não, mesmo que tenha sido de novo, figura de estilo. Mas desde já lhe digo que sendo à boa maneira portuguesa o não assinar por baixo, pode ser que mantenha a tradição. Numas temos tradição noutras não. Basta para isso que não queira o meu nome vasculhado pelos Pinócratas ou escarrapachado para criar número. Mas já volto aqui para deixar uma palavra sobre o assunto... até já.

Não consegui ler o artigo, li apenas as duas passagens e os comentários. Deixei lá um e agora vou ver se está a chover, se estiver, acredite, assino por baixo.

Anónimo disse...

A moriae é simpática e ainda bem... quando não lhe dá daquelas coisas de "disparo de jogo fino". Pelo que leio só pode.

Virei-me aqui para a net e ela (a net) diz num sítio: autor

do Lat. auctore

s. m.,
o que é causa, motivo, origem ou agente de alguma coisa;
fundador;
inventor;
escritor de obra literária ou científica;
aquele que intenta acção judicial;
progenitor, chefe;
cabeça.


E sobre: autoria

s. f.,
qualidade de autor;
presença do autor em juízo;
paternidade.

Já sobre: dono
do Lat. domnu por dominu, senhor

s. m.,
senhor de alguma coisa;
proprietário;
possuidor;

prov.,
marido.

Admito que possa estar a fazer, eu também, muita confusão. Mas pronto, já aqui não vinha faz muito tempo. Se estiver a exagerar é só dizerem.

Kaotica disse...

Extraordinário depoimento revelador das injustiças que já suspeitava acontecerem. Procurarei divulgar este texto por toda a parte e aconselho a todos que façam dele uma bandeira contra a mentira em que se está a converter a escola pública.

Excelente texto de intervenção!