20090402

Recado aos COLEGAS da Santo Onofre




A morte saiu à rua num dia assim

Naquele lugar sem nome para qualquer fim

Uma gota rubra sobre a calçada cai

E um rio de sangue de um peito aberto sai


O vento que dá nas canas do canavial

E a foice duma ceifeira de Portugal

E o som da bigorna como um clarim do céu

Vão dizendo em toda a parte o Pintor morreu


Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual

Só olho por olho e dente por dente vale

À lei assassina, à morte que te matou

Teu corpo pertence à terra que te abraçou


Aqui te afirmamos dente por dente assim

Que um dia rirá melhor quem rirá por fim

Na curva da estrada à covas feitas no chão

E em todas florirão rosas de uma nação

José Afonso


1 comentário:

Bea disse...

Voltamos a precisar de cantores de Intervenção! Com urgência!