20090703

As notas, sempre as notas, na mesma escola ( capitalista) de sempre, que teima em quantificar custe o que custar…


As notas, sempre as notas, na mesmíssima escola, gerada em função das necessidades concorrenciais do capitalismo, que prefere arregimentar, classificar e quantificar as «ovelhas» do rebanho, e não tanto estimular o conhecimento, a autonomia, a independência, e o espírito crítico dos seus protagonistas ( estudantes, professores e funcionários das escolas), variáveis que não são redutíveis a simples operações de quantificação notarial, quer nos tempos da escola meritocrática ( em 1969), quer na actual escola-armazém-tutoria de cinzentismo ( conformismo) social...

2 comentários:

Anónimo disse...

Esta obsessão tem a ver com uma função de selecção classista, para servir claramente como «filtro social», por um lado. Mas tem uma função de normatividade geral e castradora dos impulsos naturais que possa haver, independentemente do meio social de origem, o impulso natural para a liberdade, para a autonomia, para o espírito crítico. Estes impulsos estão lá (geneticamente), a única coisa a fazer é nãpo os reprimir, não os atrofiar, não os suprimir. Não se pode educaçr para a liberdade, mas pode-se anular essa liberdade por um condicionamento Apenas os alunos adaptados e autoritário maior ou menor. A escola está sempre a fazer isso. Nota que a todos, independentemente da sua classe social (isso ocorre tasnto na escola pública como na privada, aliás).
Então o papel normativo da escola (NOMEADAMENTE ATRAVES DO CONDICIONAMENTO SKINERIANO DA «NOTA»), permite domar/arregimentar sentimentos, comportamentos e pensamentos, podem ser considerados «alunos de sucesso».
Eu maravilho-me como é que ainda assim muitas pessoas passam por este sistema triturador da inteligência e da sensibilidade e conseguem sobreviver. Acho que isso tem a ver com a capacidade adaptativa do ser humano a condições traumáticas, ou seja, sobrevivem mas com «mazelas», com frustrações, com inibições e com um condicionamento para a submissão ao «todo poderoso avaliador» uma espécie de pai/mãe simbólico/a da instituição.

Manuel Baptista

Carlos Pires disse...

ESte governo fez imensos disparates na educação. Foi sem dúvida a pior equipa ministerial e a pior política educativa que já houve em Portugal de há muitas décadas para cá.

Muitos desses disparates (como o novo estatuto do aluno) foram inspirados pelo eduquês.

Mas os problemas da educação em Portugal são mais profundos que isso.
A maneira de pensar que revela no seu post faz parte, na minha opinião, desses problemas profundos:
a desconfiança em relação aos números e ao rigor, como se isso fosse necessariamente incompatível com a criatividade, a autonomia intelectual e a atenção às pessoas.

O que é curioso é que essa desconfiança também existe no "eduquês".

O que leva a pensar que a oposição de alguns professores e instituições (sindicatos, nomeadamente) às medidas deste governo tem mais a ver com ver com questões corporativas (justas, pois o que o governo fez à carreira docente é indecente, tal como o modelo de avaliação que tentaram impor) do que com divergências educativas de fundo.

O que precisamos na educação não é de lirismo nem de conversas vagas sobre cidadania.
Precisamos de bons programas e bons manuais de Matemática, Físico-Quimica, História, Filosofia, etc. Precisamos de acções de formação dadas por pessoas competentes cientificamente. Precisamos de exames nacionais a mais disciplinas e em mais anos (mas feitos com rigor e exigência): Precisamos de um estatuto do aluno que não premeie o absentismo e a má educação, mas que pelo contrário responsabilize os alunos (castigando-os quando se portam mal) e os EE. Precisamos... ETC.

AH! deixe-se de coisas: o capitalismo não tem muito pouco a ver com esta história. De resto, o capitalismo (embora precise de regulação e de um sistema político que não se demita do seu papel) não merece o mau nome que tem.