20080420

"Não podiamos continuar a gritar" diz ele ...

9 comentários:

Anónimo disse...

É verdade que os dirigentes dos sindicatos (quer da
CGTP, quer outros) se passaram há muitos anos para o
outro lado.
Existe luta de classes e a razão de ser dos sindicatos
é que ela existe.
Os sindicatos são entidades destinadas a negociar com
o poder (económico e político). Mas são, ao mesmo
tempo, entidades destinadas a manipular as «massas».
As pessoas, que afinal constituem «as massas» não têm
outra opção senão exigir um respeito pelo mandato das
direcções respectivas, promover assembleias gerais
extraordinárias para discutir e eventualmente demitir
os dirigentes que desrespeitaram tão obviamente o
mandato conferido pelas bases.
Porém, a escumalha da burocracia sindical instalada,
desde há muito que se «blindou» para essa
eventualidade, fazendo estatutos que embora
consagrando da decisão das assembleias, tornam tão
difícil a sua convocação legal, tornam tão irrisórias
as possibilidades de contestação interna, ordeira.
Assim sendo, a única opção dos descontentes, face à
ausência de democracia sindical parece ser VOTAR COM
OS PÉS, DAR À SOLA.
Mas este comportamento é imaturo, pois as pessoas
sabem que demora muito tempo e esforço construir de
raíz um sindicato novo, de acordo com uma lógica
democrática, etc.
No entretanto ... o tempo vai passando e perde-se a
possibilidade de lutar.
Ora existe uma maneira de obviar isso:
é constituir-se comissões de luta, abertas (quem
quiser fazer parte delas, para colaborar e lutar, pode
fazê-lo, qualquer que seja a sua filiação sindical ou
mesmo que não tenha nenhuma). Isto é a base na luta
sindical verdadeira. Aquela que tem estado ausente no
panorama sindical no nosso país.
Se os 100 000 que desfilaram a 8 de MARÇO tiverem o
bom-senso de constituir-se em comissões de luta NOS
LOCAIS DE TRABALHO irão pôr em cheque os acordos
espúrios e as traições.
Eles -burocratas sindicais - não têm nada a oferecer
ao poder, se não tiverem uma obediência cega das
«massas» (ou seja de nós todos/as)!!

A luta continua!

Solidariedade,
Manuel Baptista

Anónimo disse...

Lamento não partilhar esse sentimento e ideias. Com todo o respeito ...
M.

Anónimo disse...

Essa ideia utópica que é possível alterar a sociedade de forma permanente utilizando os princípios do basismo social desestruturante já deu o que tinha a dar. Desde a Revolução Francesa, passando pela Russia de Lenine até à China de Mao, essas ideias tiveram que arrepiar caminho pela sua total incapacidade de responder aos anseios da espécie humana. O mundo não se constrói pela vontade idílica das palavras escritas numa secretária em noite de insónias. O conflito social protagonizado pelos diferentes interesses sociais é uma realidade, mas a sua dinâmica nunca foi adequadamente compreendida pela análise marxista, tendo sido excessivamente valorizada a denominada “luta de classes” face a outras realidades sociais e individuais. Daí que não é com receitas que não existem mais, nem nunca existiram de facto na realidade, no sentido de enfatizar uma sociedade mais democrática e livre, que o problema do conflito dos professores se vai resolver. Há solução, mas dentro de outro quadro ideológico e social que não valorize apenas a dimensão competitiva e produtiva, mas antes apele a valores mais solidários e de dignidade do ser humano.

Anónimo disse...

Manuel Baptista, a solidariedade sabe sempre bem nestes momentos. Mas chamar os professores, cheios de trabalho e de dores de cabeça, para reuniões das comissões de luta, é impraticável, acredite. Só os professores sabem disso, mas são muitas as vezes em que entramos às 8:15 da manhã e saímos às 21:00 ou mesmo mais tarde... isto sem que os que moram longe tenham sequer maneira de ir a casa enquanto esperam pela reunião ao fim do dia. Numa coisa tem razão: seria mais agradável para os que se sentem defraudados fazer alguma coisa do que simplesmente esperar pelo desfecho e confiar em que a fruta podre acaba sempre por cair da árvore... mas qualquer fórmula terá de ter em conta a desilusão e o cansaço que se vivem actualmente nas escolas. Quanto ao pensador, peço-lhe que pense em coisas que se possam fazer, e não na impossibilidade de fazer seja o que for, pois eu ando a consultar os neurónios e os amigos à procura de boas ideias; se tiver alguma boa ideia, não deixe de a apresentar. Moriae: não há uma definição que diz que insanidade é acreditar que se vão conseguir resultados diferentes com os métodos do costume? Por isso é preciso pensar em coisas bem diferentes das habituais. "O que é preciso é ter calma, não dar o corpo pela ialma"... Talvez surja alguma coisa.

Anónimo disse...

Para mim, somos todos iguais e não há classes. quero lá saber se todos veneram um homem que diz coisas como «façarei» só porque lhe meteram o rótulo de presidente.
Este sistema de opressão a que uns chamam democrático é uma mentira e está obsoleto e só os invisuais mentais é que ainda não o perceberam.

Paula, não concordo com o é preciso manter a calma. Ignorar os nossos sentimentos mais genuínos é matar a esperança.
Os calmos e frios acabaram de matar a esperança, já pequena, de muitos e de destruir esta treta da educação. Já era ... a educação ... finito.

Sobre loucura, sei muito mas nada de definições.

Desculpem-me a frieza mas a revolta e a mágoa dá nisto.

Anónimo disse...

Moriae:
Não me refiro à calma de ficar quieto. Refiro-me à calma de pensar para depois agir. Garanto que entre os trabalhos de Área de Projecto e de Formação Cívica é mesmo o que estou a fazer.
Mas você também está a trabalhar no duro ao pôr as notícias no blog a este ritmo. Só receio o desgaste e eventuais mal-entendidos que possam resultar do sofrimento que está a viver e de que fala.

Anónimo disse...

moriae e paula,

Vamos ver se nos entendemos. Eu penso que podemos sempre reunir com os colegas de trabalho, nem que seja na pausa do almoço. Estamos fartos de reuniões como a do dia D onde vem o burocrata de serviço despejar-nos o seu sermão. Desculpem os que não agiram assim e ainda bem. Mas outros há, que só sabem fazer isso. Não escutam... ouvem. Não questionam, afirmam. Têm um sentido hierárquico tão entranhado nos neurónios, que, mesmo que não existissem classes eles seriam os primeiras a criá-las... São todos eles /elas sustentáculos do sistema de classes.
Onde é que se aprende a temer a «autoridade»?
Onde é que se tem uma imposição do corpo e do espírito?
Subverter essa ordem é necessário, não há unanimismo possível, ou tomas consciência e te conectas à realidade -por cima de todos os chavões- ou falhas a tua intervenção, por melhores que sejam as tuas intenções.

Sol.
MB

Anónimo disse...

Paula,

"eventuais mal-entendidos que possam resultar do sofrimento que está a viver"

Acho que não percebi ... mas tenho uma opinião sobre mal-entendidos: resolvem-se se valer a pena.

Quanto ao sofrimento, há-os bem piores. E já passei por eles como muitas pessoas. Os deste género, duram geralmente uns dias e depois ficam para memória futura já que não sou alvo de memória curta.

E depois, há profissionais excelentes que nos dão uma ajuda preciosa ... Se achar que devo ser internada, então sim, é razão para abrandar.

M.

Anónimo disse...

Manuel, com o tempo - porque já conversamos sobre estas coisas há algum - desenvolvi, mais do que respeito, uma certa admiração pela tua forma de estar.

bj,
M.