Finalmente os nossos chefinhos e chefões perceberam que os professores trabalhavam bem mais do que as 35 horas estipuladas e agora (felizmente) legisladas. Daí andarem desesperados a tentar "meter o Rossio na rua da Betesga", mesmo que daí resultem horários de 41 horas como nos dá conta o seguinte depoimento recebido por mail:
Consultando o site da DGRHE(http://www.dgrhe.min-edu.pt/Portal/WebForms/Escolas/DistribuicaoServicoDoc.aspx)parece-me não haver grande margem para dúvidas quanto à distribuição do serviço lectivo este ano. No entanto, ao abrir o link para o exemplo de um horário, aparece-me a componente de trabalho individual juntamente com as reuniões. Ora todos nós sabemos que nem as reuniões de departamento nem as de planificação nem tão pouco as de grupos de trabalho de que façamos parte são de "carácter ocasional". Assim, deduzo que TODAS as reuniões estarão a ser feitas nas nossas horas de trabalho individual. No meu horário, porque estão marcados três blocos para reuniões num dos dias da semana e contabilizando todas as horas que nele constam, tenho 30 (trinta!) horas marcadas. Como tenho mais de 100 alunos, o que corresponde no mínimo a 11 horas de componente de trabalho individual, das duas uma:
- ou ou tenho apenas 5 (cinco) horas de trabalho individual;
- ou tenho um horário semanal de 41 (quarenta e uma!) horas. Acresce ainda que tenho 4 horas (2 blocos) de ensino especial na componente de estabelecimento, o que, de acordo com o ECD (artigo 92º) e do Despacho n.º 19117/2008, me parece ser ilegal devendo, na minha óptica, estarem na componente lectiva. Será isto aceitável (já que normal não é de certeza)?
NÃO, CLARO QUE NÃO É ACEITÁVEL! Não nos deixemos levar nestas "espertezas saloias"! Cabe a cada um de nós reclamar nas nossas escolas e obrigar à reposição da legalidade na distribuição do serviço. Fazê-los perceber aquilo que verdadeiramente sempre trabalhámos e, mesmo muito importante, não abrir precedentes que apenas nos irão prejudicar ainda mais no futuro.
E NÃO NOS CALEMOS, por medo, inércia ou qualquer outro motivo, PERANTE AS INJUSTIÇAS!
Dito isto, desejo a todos os colegas um ano o melhor possível!
2 comentários:
Colegas, não façam como eu que no ao lectivo passado tinha 7 turmas ( a uma das quais dava 2 disciplinas, portanto era como se tivesse 8; tinha mais de 100 alunos e , para além dos 2 tempos para substituições, preencheram-me a meio do ano lectivo, os 4 tempos de estabelecimento com Apoios Pedagógicos a 3 níveis (8º, 9º e 12º, de uma disciplina diferente daquela q eu leccionava às outras turmas. Não me queixei, dei o meu melhor e em finais de Abril tive uma depressão e um esgotamento nervoso, pois, conforme palavras da médica que me observou estava "exausta". Continuo de baixa e, ao fim de praticamente 20 anos de ensino tenciono mudar de profissão, custe o que custar. Força e bom ano para os que por aqui passarem. Não se deixem enganar porque o Estado agradece mas as vossas fanílias não. E quem é mais importante ns nossas vidas???
Um abraço
SM
desejo-lhe a maior força. Acredite que a compreendo ... No ano lectivo anterior estive com 8 turmas, mas dava mais 3 áreas curriculares não disciplinares. Ainda tinha horas para substituições. Ir e vir eram cerca de 90 km com curvas ...
200 alunos ...
Aconteceu-me o mesmo ... comecei a sentir-me abúlica e asténica ...não me apetecia fazer nada e estava sem força - algo raro em mim. Triste ...
Depois, veio uma fobia!!!! Que coisa horrorosa! E um dia ... simplesmente deixei de ir trabalhar. Fui falar com um psiquiatra e grande amigo. Dizia-lhe eu que não me sentia deprimida mas sim com fobia e que o mais certo era abandonar o ensino. Porque não estudei a vida toda nem me dediquei a vida toda a estas coisas para chegar a este ponto ...
É claro ... 'mandou-me' descansar ... Passado mais ou menos mês e meio, tentei voltar. Cheguei lá um dia, voltei para casa, telefonei ao meu querido psiquiatra e ... só chorava ... precisava de ajuda porque não conseguía lá estar!!! Aí sim, iniciei medicação e tudo.
Bom ... depois disso aconteceu-me o que já referi aqui várias vezes ... uma doença grave.
Digo o mesmo que a colega a toda a gente: não se deixem matar nem desgastar em limites preocupantes!
Obrigada pelas suas palavras e força, ok? O defeito não está em nós mas sim no sistema. Já viu qtos colegas morreram a trabalhar? E qtos se arrastam?
É dramático ...
Abraço solidário,
M.
Enviar um comentário