20080414

Moção da Comissão de Defesa da Escola Pública aprovada em Leiria (12/Abril)


MOÇÃO

Os professores e educadores reunidos em Leiria, ao apelo do Movimento em Defesa da Escola Pública e da Dignidade da Docência, consideram que a proposta de Memorando de Entendimento entre o Ministério da Educação e a Plataforma Sindical não constitui "uma vitória resultante da manifestação dos 100 mil professores", de 8 de Março em Lisboa.

Pelo contrário, ela contém a aceitação implícita do novo modelo de gestão escolar (a ser aplicado a partir do próximo ano lectivo), do Estatuto da Carreira Docente (com a divisão dos professores em duas categorias: titulares e não titulares), bem como do modelo de avaliação do desempenho dos docentes.

Portanto, ela é a negação da vontade expressa pelos 100 mil professores que se manifestaram em Lisboa.

Por isso, consideram que a Plataforma Sindical não tem nenhum mandato para fazer um tal acordo.

Assim:

1) Exigem à Plataforma Sindical dos Professores, aos sindicatos e federações que a constituem, que recusem assinar, no próximo dia 17 de Abril, o Memorando de Entendimento.

2) Apelam a todos os professores e educadores que nas reuniões de debate que, segundo os sindicatos, irão ter lugar nas escolas no próximo dia 15 de Abril, se dirijam à Plataforma Sindical no sentido de ser recusada a assinatura do Memorando de Entendimento com o ME.

Aprovada com 17 votos contra, 58 abstenções e 94 votos a favor.

Leiria, 12 de Abril de 2008

2 comentários:

Anónimo disse...

Convirá lembrar, por exemplo, que o ME andou sempre "em negociações" e que não aceitava as propostas dos sindicatos.

Porque razão no próximo dia 17 Abril a Plataforma não diz pura e simplesmente: Não aceitamos nenhum memorando de entendimento! Não o assinamos pois o mesmo é uma grande finta apesar de uma "grande pequena" conquista! (se voltam a falar de futebol, demito-me!)

A ceder assim vislumbra-se, para o ano, por exemplo, máquinas partidárias a fazerem obviamente a sua agenda. As da direita já estão a terreiro... estão todo no joguinho do passinho a passinho...

Ingénuo pensei eu que a Escola Pública não sofreria arrombos destes pois os professores não o permitiriam.

Tá mal. O que deveria ser feito era a paragem imediata de toda esta balbúrdia que são as (não)políticas educativas mas sim economicistas. Tomates para isso é que não há!

É claro que há gente que acordou tarde, mas mais vale acordar tarde que ACORDAR (de acordo) mais manobras que evidentemente não são claras e que tanta gente está a colocar em dúvida. Desilusão...

Com 100.000 na rua podiam ter feito melhor. Já estiveram na rua quase 200.000 por este e outros sectores. Será que são apenas números?

Quando é que a porra deste desgoverno pára? Quando é que páram as cedências do lado de cá?

Com entendimentos destes a cama está feita passo-a-passo. Para o ano vai constatar-se a nojeira das manobras políticas ainda com maior evidência.

Dividir a classe para reinar. Onde estará de facto a processar-se essa divisão? É que ainda não se percebeu...

Anónimo disse...

Os professores críticos do acordo sindical com o Ministério têm razão quando dizem que ele "valida" todas as reformas contestadas, desde o estatuto da carreira docente ao novo sistema de gestão escolar, desde o concurso para titular até à avaliação de desempenho. Mas esquecem-se de que entre a derrota sem nenhuma contrapartida -- que era a perspectiva realista, dada a intransigência ministerial naqueles pontos -- e a sua aceitação a troco de algumas vantagens significativas -- como sucede com a simplificação e uniformização da avaliação neste ano lectivo, a participação na avaliação e eventual revisão da avaliação no fim do ano de 2008-2009, um novo escalão remuneratório, etc. -- a opção sindical pelo acordo foi a mais sensata.
A chave de todos os compromisso é que ambas as partes ganhem em relação ao que seria sem ele. Mas, como sempre sucede, há sempre os radicais que preferem tudo perder a qualquer compromisso com o "inimigo".
[Publicado por Vital Moreira] [14.4.08] [Permanent Link]