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20090513

'Não é a crise que nos destrói. É o dinheiro' (Mário Crespo | JN)

"Nesta fase
Nada no mundo me faria revelar o nome de quem relatou este episódio. É oportuno divulgá-lo agora porque o parlamento abriu as comportas do dinheiro vivo para o financiamento dos partidos. O que vou descrever foi-me contado na primeira pessoa. Passou-se na década de oitenta. Estando a haver grande dificuldade na aprovação de um projecto, foi sugerido a uma empresária que um donativo partidário resolveria a situação. O que a surpreendeu foi a frontalidade da proposta e o montante pedido. Ela tinha tentado mover influências entre os seus conhecimentos para desbloquear uma tramitação emperrada num labirinto burocrático e foi-lhe dito sem rodeios que se desse um donativo de cem mil Contos "ao partido" o projecto seria aprovado. O proponente desta troca de favores tinha enorme influência na vida nacional. Seguiu-se uma fase de regateio que durou alguns dias. Sem avançar nenhuma contraproposta, a empresária disse que por esse dinheiro o projecto deixaria de ser rentável e ela seria forçada a desistir. Aí o montante exigido começou a baixar muito rapidamente. Chegou aos quinze mil Contos, com uma irritada referência de que era "pegar ou largar". Para apressar as coisas e numa manifestação de poder, nas últimas fases da negociação o político facilitador surpreendeu novamente a empresária trazendo consigo aos encontros um colega de partido, pessoa muito conhecida e bem colocada no aparelho do Estado. Este segundo elemento mostrou estar a par de tudo. Acertado o preço foram dadas à empresária instruções muito específicas. O donativo para o partido seria feito em dinheiro vivo com os quinze mil Contos em notas de mil Escudos divididos em três lotes de cinco mil. Tudo numa pasta. A entrega foi feita dentro do carro da empresária. Um dos políticos estava sentado no banco do passageiro, o outro no banco de trás. O da frente recebeu a pasta, abriu-a, tirou um dos maços de cinco mil Contos e passou-a para trás dizendo que cinco mil seriam para cada um deles e cinco mil seriam entregues ao partido. O projecto foi aprovado nessa semana. Cumpria-se a velha tradição de extorsão que se tornou norma em Portugal e que nesses idos de oitenta abrangia todo o aparelho de Estado.

Rui Mateus no seu livro, Memórias de um PS desconhecido (D. Quixote 1996), descreve extensivamente os mecanismos de financiamento partidário, incluindo o uso de contas em off shore (por exemplo na Compagnie Financière Espírito Santo da Suíça - pags. 276, 277) para onde eram remetidas avultadas entregas em dinheiro vivo. Estamos portanto face a uma cultura de impunidade que se entranhou na nossa vida pública e que o aparelho político não está interessado em extirpar. Pelo contrario. Sub-repticiamente, no meio do Freeport e do BPN, sem debate parlamentar, através de um mero entendimento à porta fechada entre representantes de todos os partidos, o país político deu cobertura legal a estes dinheiros vivos elevados a quantitativos sem precedentes. Face ao clamor público e à coragem do voto contra de António José Seguro do PS, o bloco central de interesses afirma-se agora disposto a rever a legislação que aprovou. É tarde. Com esta lei do financiamento partidário, o parlamento, todo, leiloou o que restava de ética num convite aberto à troca de favores por dinheiro. Em fase pré eleitoral e com falta de dinheiro, o parlamento decidiu pura e simplesmente privatizar a democracia. " (Mário Crespo | JN | 2009-05-11)

20090330

Perguntas | Mário Crespo

"Porque é que o cidadão José Sócrates ainda não foi constituído arguido no processo Freeport? Porque é que Charles Smith e Manuel Pedro foram constituídos arguidos e José Sócrates não foi? Como é que, estando o epicentro de todo o caso situado num despacho de aprovação exarado no Ministério de Sócrates, ainda ninguém desse Ministério foi constituído arguido? Como é que, havendo suspeitas de irregularidades num Ministério tutelado por José Sócrates, ele não está sequer a ser objecto de investigação? Com que fundamento é que o procurador-geral da República passa atestados públicos de inocência ao primeiro-ministro? Como é que pode garantir essa inocência se o primeiro-ministro não foi nem está a ser investigado? Como é possível não ser necessário investigar José Sócrates se as dúvidas se centram em áreas da sua responsabilidade directa? Como é possível não o investigar face a todos os indícios já conhecidos? Que pressões estão a ser feitas sobre os magistrados do Ministério Público que trabalham no caso Freeport? A quem é que o presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público se está a referir? Se, como dizem, o estatuto de arguido protege quem o recebe, porque é José Sócrates não é objecto dessa protecção institucional? Será que face ao conjunto de elementos insofismáveis e já públicos qualquer outro cidadão não teria já sido constituído arguido? Haverá duas justiças? Será que qualquer outro cidadão não estaria já a ser investigado? Como é que as embaixadas em Lisboa estarão a informar os seus governos sobre o caso Freeport? O que é que dirão do primeiro-ministro de Portugal? O que é que dirão da justiça em Portugal? O que é que estarão a dizer de Portugal? Que efeito estará tudo isto a ter na respeitabilidade do país? Que efeitos terá um Primeiro-ministro na situação de José Sócrates no rating de confiança financeira da República Portuguesa? Quantos pontos a mais de juros é que nos estão a cobrar devido à desconfiança que isto inspira lá fora? E cá dentro também? Que efeitos terá um caso como o Freeport na auto-estima dos portugueses? Quanto é que nos vai custar o caso Freeport? Será que havia ambiente para serem trocados favores por dinheiros no Ministério que José Sócrates tutelou? Se não havia, porque é que José Sócrates, como a lei o prevê, não se constitui assistente no processo Freeport para, com o seu conhecimento único dos factos, ajudar o Ministério Público a levar a investigação a bom termo? Como é que a TVI conseguiu a gravação da conversa sobre o Freeport? Quem é que no Reino Unido está tão ultrajado e zangado com Sócrates para a divulgar? E em Portugal, porque é que a Procuradoria-Geral da República ignorou a gravação quando lhe foi apresentada? E o que é que vai fazer agora que o registo é público? Porque é que o presidente da República não se pronuncia sobre isto? Nem convoca o Conselho de Estado? Como é que, a meio de um processo de investigação jornalística, a ERC se atreve a admoestar a informação da TVI anunciando que a tem sob olho? Será que José Sócrates entendeu que a imensa vaia que levou no CCB na sexta à noite não foi só por ter feito atrasar meia hora o início da ópera?

Nota: O Director de Informação da Antena 1 fez publicar neste jornal uma resposta à minha crítica ao anúncio contra as manifestações sindicais que a estação pública transmitiu. É um direito que lhe assiste. O Direito de Resposta é o filho querido dessa mãe de todas as liberdades que é a Liberdade de Expressão. Bem-haja o jornal que tão elevadamente respeita esse valor. É uma honra escrever aqui."

Fonte: JN

20090313

Sensação de que nada acontecerá, por Mário Crespo

"Está instalado no país um dorido sentimento de resignação de que nada vai acontecer nem no Freeport nem no BPN. Haverá cordeiros sacrificiais, mas que (para usar terminologia de offshore) estarão longe de ser os UBOs das fraudes.
Estão longe de ser os Ultimate Benificiary Owners porque o sistema em Portugal nunca chega, nem parece querer chegar, aos verdadeiros beneficiários do que quer que tenha acontecido a muitos milhões, entre bandos de flamingos desalojados para sempre do delta do Tejo, sobreiros seculares cujo abate é autorizado a peso de Euro e dinheiros partidários que têm circulado por blocos centrais de interesses desde o 25 de Abril. Mas como se fala em milhões de Euros sonegados e é cada vez maior a horda ululante de desempregados, precisa-se de bodes expiatórios para dar a imagem virtual de que, em Portugal, com bens públicos não se brinca. No Freeport, Charles Smith cumpre com o perfil para ser o primeiro imolado. Ver Mr. Smith a entrar e a sair do Tribunal de Setúbal entre câmaras de TV sugere que a justiça funciona. Depois, como é estrangeiro e é britânico, e como desde o Ultimato à Maddie em Portugal não gostamos dos Ingleses, Charles Smith é o suspeito perfeito para ser o corruptor num processo em que não há, e provavelmente nunca vai haver, corrompidos. Se os houvesse também pouco interessava. Em Portugal a corrupção detectada e não provada venera-se porque é sinal de esperteza. A bem investigada cai fora de prazo e deita-se fora. A apanhada em flagrante custa cinco mil Euros. No Banco Português de Negócios o bode que expia é Oliveira e Costa. A prisão preventiva dá a ilusão de que a justiça funciona mas o ameaçador mutismo do testa de ferro da bizarra construção de contabilidade prevaricadora grita acusações ao mais alto nível imaginável. A sua serena declaração de auto-incriminação (que é tudo o que realmente se sabe sobre Oliveira e Costa) é a mais ameaçadora postura na história portuguesa do crime sem castigo. Enquanto Oliveira e Costa se mantiver calado está seguro na zona dos privilegiados da prisão dos ricos. Quando falar (e ele acabará por falar), provavelmente, cai o regime. É materialmente impossível ser ele o único responsável pela infinita complexidade das urdiduras financeiras nos Second Lives do BPN e da SLN. Logo, ao assumir toda a culpa, Oliveira e Costa mente e encobre. Pelos montantes envolvidos ele não pode ter sido o único beneficiário dos dinheiros que saltaram continentes, vindos sabe-se lá de onde para a maior operação de Dry Clean na história de Portugal, e foram parar...sabe-se lá onde. O certo é que se traduziram em compras de poder e de influência que conseguem transtornar o normal funcionamento das instituições. O problema não é da justiça. Este Carnaval tivemos dois exemplos da celeridade vertiginosa com que o Ministério Público e a Polícia conseguem actuar quando querem. Num par de horas confiscaram, censuraram, ameaçaram, intimaram e intimidaram por causa de imagens de mulheres nuas apensas a um objecto de propaganda governamental e a um livro. Já no Freeport e no BPN, entre investigações, rogatórias e reguladores apáticos, os anos foram passando no dengoso bailado de impunidades rumo ao limbo de todas as prescrições. Hoje ficamos com aquela terrível sensação tão bem descrita por Torga, de que, apesar de estarmos todos a ver tudo nas angústias paradas da vida que não temos, nada vai acontecer"..
Mário Crespo, JN

20080923

"(...) A medida pretende para o Governo dar uma oportunidade aos alunos de recuperarem a matéria perdida.(...)"

PrtSc de uma notícia do JN, devidamente identificada em baixo e aqui também. [Nota: Estava algo aqui escrito mas foi confusão .... quem nos plagiou foi o DN e o SPGL sem pudor ....]

[Cada parágrafo 'constitui' uma anedota ...]

"A Direcção Regional de Educação de Lisboa e Vale do Tejo enviou uma circular às escolas avisando-as que a prova de recuperação, feita em caso de excesso de faltas, poderá não ser escrita mas oral ou prática, consoante "a situação específica do aluno".

A circular começa por sublinhar que a prova não deve ser encarada como uma medida "estritamente punitiva" mas decorrente dos deveres inerentes ao "direito à educação".

(...)

[Pormenor curioso]: "(...) e que foi divulgado em blogues na Internet.(...)"

[Alguns depoimentos]: "(...) "uma inutilidade burocrática": "salvo raras excepções, os alunos que tinham excesso de faltas também faltaram à prova" ... "mesmo que o aluno falte à prova não aparece como um caso de desistência ou abandono". (...)

[Finalmente] "(...) A medida pretende para o Governo dar uma oportunidade aos alunos de recuperarem a matéria perdida.(...)" (JN, Prova de recuperação não é para punir alunos)

20080912

O drama da Educação Especial ...

Legenda:
  • à esquerda: “Luta dos docentes contratados pós-graduados em NEEs na SIC Notícias” (Sofia Barcelos, Opinião Pública. Recebido por e-mail)
  • à direita: "Professores de Educação Especial contestam listas de colocação" (ALEXANDRA INÁCIO, JN)

Notícias relacionadas:

Observação: Porque será que mais uma vez me custa a acreditar no que a ministra diz???

20080618

Começa a confusão do costume ...

...
foto Manuel Correia/JN

Correcção do exame de português abre polémica

* Pedro Araújo com Tiago Rodrigues Alves e João Pedro Campos

“A Associação de Professores de Português preparava, esta terça-feira, uma correcção do exame nacional. A meio da tarde, a APP foi informada que o próprio Ministério faria a correcção do teste. Ao JN, a tutela desmentiu e a confusão instalou-se(…) ” (JN, 2008-06-18 às 01:19)

20080429

Let's stop the food crisis

“Um responsável do Banco Mundial chamou-lhe "tsunami". A directora do Programa Alimentar Mundial da ONU (Organização das Nações Unidas) definiu-a como "o novo rosto da fome". A crise gerada pela escalada de preços dos cereais é grave e está mesmo à nossa frente. Mas, como ainda não nos atingiu severamente (quase) negamos a sua existência.

Os sinais aconselham a que lhe prestemos toda a atenção, para não sermos surpreendidos quando a crise se fizer sentir a sério nos nossos bolsos. A França acaba de anunciar que as suas reservas de trigo estão esgotadas. O Brasil (o maior produtor de arroz do Mundo, juntamente com o Vietname) ameaça deixar de exportar. Nos EUA, cadeias como a Wal-Mart começaram a racionalizar as vendas de arroz e farinha. (…)” (O novo rosto da fome I JN I Causa e feito, Paulo Ferreira)

20080316

Quem tem medo dos professores???

É com um enorme sentido de honra que coloco aqui (parte de) uma reportagem do JN, subordinada ao super tema EDUCAÇÃO. E ... quem é que está na imagem?!! O nosso querido colega e amigo Paulo Guinote :-)

JN 16 de Março de 2008 - Notícias Magazine [TEXTO, Sarah Adamopoulos & FOTOGRAFIA, Pedro Azevedo]



[e para ampliar, é só clicar!]

20080310

Professores por Mário Crespo!


Mário , Crespo, Jornalista

"Maria de Lurdes Rodrigues não tem condições para continuar a gerir o sistema de educação em Portugal. Porque já não é eficaz nessa função. Porque é um facto insofismável que o pessoal que ela administra não aceita a sua administração. Isso esvazia de conteúdo as suas funções. Já não está em causa a eficácia da sua política. A questão é que ela não vai conseguir implementar as boas ideias que tem, nem impor as más. O argumento de a manter no cargo para não "desautorizar" o Primeiro-ministro é falso e perigoso. (...)" (JN)

20080225

Parafraseando ...

«Paulo Guinote, professor na Baixa da Banheira e autor do “blog” mais visitado sobre questões educativas - “A Educação do Meu Umbigo” - é de opinião que estes movimentos “surgem um pouco por todo o país porque o mal-estar docente é generalizado e deixou de ser um mero estado de alma para se tornar algo muito concreto que surge como reacção perante sucessivas medidas do ME que ultrapassaram largamente o limiar do tolerável para qualquer grupo profissional que preze a sua dignidade”.Entende, também, que se trata de fenómenos espontâneos, com um suporte quase virtual, “porque as novas tecnologias permitem um mobilização em rede, com base em ideias e objectivos comuns e não necessariamente a partir de estruturas organizativas instaladas no terreno”.» (JN, em resposta a questões de Fernando Basto)
"A breve é do Correio da Manhã de hoje." (Paulo Guinote in E Agora Cinco Segundos De Despudorado Umbiguismo Que Um Tipo Tem Um Ego Gordo Para Alimentar)

Notita: Pela parte que nos toca, ficamos sensibilizados (acho eu sem ter falado com o resto dos colaboradores) e registamos com agrado a lembrança do Correio da Manhã.

20071219

Estado falha na reinserção de jovens delinquentes

Algumas indicações sobre as conclusões apresentadas em uma tese de doutoramento:

"Investigador põe a nu as lacunas educativas na acção dos centros de acolhimento

Tiago Neves, investigador da Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação da Universidade do Porto, passou um ano em trabalho de campo num centro educativo e constatou que a indefinição da lei tutelar educativa, a severa disciplina sobre os técnicos que ali trabalham, bem como alguma deficiência na organização do trabalho resultam num falhanço da reeducação e reinserção social dos jovens delinquentes ali acolhidos.

O objectivo principal "é a atenuação da insegurança subjectiva e a redução da ocorrência de ilícitos". A educação fica prejudicada também devido ao facto dos técnicos mais especializados estarem "assoberbados com trabalho administrativo", ficando os jovens entregues a maior parte do tempo aos monitores - menos especializados, apesar da longa experiência que alguns já têm.

Era necessário igualmente que os técnicos mais especializados, como sociólogos, psicólogos, etc, passassem mais tempo com os jovens e que os monitores tivessem uma formação mais específica."

Por Clara Vasconcelos, Jornal de Notícias

20071101

"Ministra desautorizada"

Sondagem JN

O PS que desautorizou a Ministra. A "população" não concorda assim tanto com ela (há excepções evidentemente ... ovelhas ranhosas não estão em vias de extinção).